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Por várias vezes nesta coluna, já compartilhei vivências, relatos e dados que mostram como é comum o sentimento de não pertencimento entre pessoas que fazem parte de grupos minorizados. Isso também influencia na forma como nós ocupamos a cidade.
E não é por acaso. Por exemplo, eu como homem negro retido e trans já senti na pele violências fisicas e psicológicas em ambientes públicos, sobretudo por meio do peso do “olhar zoológico”. Aquele olhar fixo e invasivo, que tenta reduzir a humanidade de pessoas que fazem parte de grupos minorizados. E esse “olhar zoológico” sempre manda alguns recados: “Um corpo negro aqui? Ele não deveria estar aqui”; “esse corpo trans não deveria andar livremente assim, não deveria ocupar esse espaço, não deveria nem existir”.
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Ter o à cidade e conseguir circular livremente, sem medo, sem o peso do “olhar zoológico”, e com infraestrutura para todas as pessoas é um direito!
Leia também: 'Não sou racista, até tenho amigos negros': você já ouviu essa frase?
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Segundo a cartinha “Cidade Em Movimento”, do Movimento Nossa BH: “Direito à cidade é um conceito que diz respeito à forma como as pessoas usam o espaço urbano. Segundo esse conceito, todos os habitantes de uma mesma cidade têm o direito de usufruir dos seus espaços e serviços. E mais: eles também têm o direito de participar da construção desses espaços e serviços. Infelizmente, o que acontece na prática é muito diferente. Existem várias barreiras que impedem as pessoas de ar os espaços e serviços de uma cidade.
Quem mora longe, por exemplo, tem mais dificuldade de ir até o centro, onde é possível resolver diversas demandas cotidianas. Mas também temos outros tipos de barreiras, como o racismo… O o à cidade é ainda mais difícil para as pessoas negras. A escravização deixou vários estigmas, levando a população negra à pobreza e a sofrer preconceitos e violências, inclusive de agentes públicos. Por causa desse histórico, a construção das nossas cidades foi desigual e criou territórios separados – e muito diferentes – para ricos e pobres, brancos e negros.”
Quem mora longe, por exemplo, tem mais dificuldade de ir até o centro, onde é possível resolver diversas demandas cotidianas. Mas também temos outros tipos de barreiras, como o racismo… O o à cidade é ainda mais difícil para as pessoas negras. A escravização deixou vários estigmas, levando a população negra à pobreza e a sofrer preconceitos e violências, inclusive de agentes públicos. Por causa desse histórico, a construção das nossas cidades foi desigual e criou territórios separados – e muito diferentes – para ricos e pobres, brancos e negros.”
Os territórios também precisam ser pensados pela ótica da diversidade e inclusão.