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Estou lendo 'A história de Hitler'. Só voltando ao ado podemos entender o que acontece no presente. O aumento do antissemitismo preocupa a ONU
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Estou lendo “A história de Hitler”, escrito por John Toland. Entre vários detalhes da vida deste líder mais odiado do mundo, o historiador americano conta como tudo começou.
“O ódio que Hitler devotava aos judeus proviera de sua própria observação, nos últimos dias da guerra, e durante as revoluções que se lhes sucederam... O ódio continua em um discurso que fez por duas horas seguidas”, observa Toland.
O líder nazista descreveu com minúcias as formas pelas quais os judeus teriam “poluído a sociedade desde os dias medievais”, relata o historiador. Mais adiante, Hitler afirmou que “a conspiração era internacional, e a solidariedade internacional que defendiam não ava de expedientes que visavam retirar de outras raças o caráter nacional.”
Em outras ocasiões, chamara o judeu de desprezível, imoral e parasita. Naquela noite, chamou-o de destruidor, ladrão, peste, com o poder de “solapar nações inteiras”.
“Hitler proclamou um combate de morte. Não havia diferença entre os judeus ocidentais e orientais, entre os bons e maus judeus, entre os ricos e os pobres, tratava-se de uma batalha contra toda a raça judia. Já perdera sentido o slogan 'Proletários do mundo, uni-vos!'”, observa Toland. “A divisa do combate deve ser: 'Antissemitas do mundo inteiro, uni-vos. Povos da Europa, libertai-vos!'.”
Em outras palavras, Hitler reclamou a solução “completa”, que, de modo vago, mas agourento, esboçou com a fórmula “remoção dos judeus do seio do povo”. Dera um grande o à frente no caminho do antissemitismo, explica o historiador norte-americano.
Os leitores desta coluna devem estar cansados desta minha linha dos últimos tempos, falando dos livros que estou lendo. Mas acredito que só voltando ao ado podemos entender o que acontece no presente.
Dos anos 1930 até o fim da Segunda Guerra Mundial, Hitler perseguiu pessoas de origem judaica, retirando-lhes direitos, enviando-as a guetos e campos de concentração. O genocídio se tornou política de Estado.
Calcula-se que mais de 6 milhões de pessoas morreram durante o Holocausto.
O antissemitismo revive, aqui e ali, com casos de discriminação que ficamos sabendo. A prosperidade obtida por muitos judeus irrita algumas pessoas que não tiveram o mesmo êxito financeiro.
Esta e outras situações se refletem muitas vezes em casos familiares. Quantos casamentos são precedidos pela documentação em que filhos ou filhas de judeus ricos devem aceitar restrição de o aos bens de um consorte com muito dinheiro?
O antissemitismo que persiste no mundo representa “uma ideologia tóxica” com raízes profundas no fanatismo e no racismo, afirmou Miguel Ángel Moratinos, alto representante para a Aliança das Civilizações da ONU, no início deste ano, ao lançar o plano de ação da Organização das Nações Unidas para reforçar o combate mundial ao antissemitismo.
Moratinos explicou que o plano da ONU reflete a responsabilidade coletiva de erradicar o antissemitismo e todas as formas de intolerância, ódio e discriminação.
De acordo com ele, os ataques de 7 de outubro de 2023 do Hamas e outros movimentos armados palestinos contra Israel resultaram no maior assassinato de judeus num único dia desde o Holocausto.
O representante da ONU também alertou sobre o aumento de incidentes antissemitas contra pessoas e instituições judaicas na Europa e nos Estados Unidos.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.