Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
EM MINAS

Cabo de guerra pela superfederação

Nessa embaralhada de cenários, há ainda a pré-candidatura anunciada do ex-Prefeito Alexandre Kalil, até aqui, não filiado a nenhum partido político

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Ainda que manifestando descrença em relação à candidatura do senador Rodrigo Pacheco (PSD) ao governo de Minas, o grupo político do governador Romeu Zema (Novo) tem estratégia alinhavada para barrar qualquer eventual movimento de filiação de Pacheco ao União. O senador tem a opção de permanecer no PSD e convites das direções nacionais para se filiar ao MDB e ao União. A hipótese de Pacheco migrar para o União é classificada como “tragédia” pelos estrategistas da campanha de Mateus Simões (Novo). Mas eles já têm o antídoto: se isso ocorrer, também o vice-governador se filiaria ou ao PP ou ao União, assim, vinculando-se à superfederação. “O novo estatuto da federação é claro em apontar que governador no exercício do mandato que concorre à reeleição tem o comando da federação no estado”, diz um interlocutor.

 

Mateus Simões assumirá o governo do estado com a desincompatibilização de Romeu Zema às vésperas de abril de 2026, tornando-se candidato à reeleição. Por essa lógica, teria o controle da federação em Minas. O movimento já ensaiado tem por propósito impedir que Rodrigo Pacheco, se candidato, opte pelo União como destino partidário, carreando para a sua campanha mais de um quinto do horário de antena e do fundo eleitoral.

 

A eventual candidatura de Rodrigo Pacheco ao Palácio Tiradentes – ainda não definida, mas em processo de decantação com alta probabilidade de ocorrência – tem potencial para trazer inconvenientes políticos à construção das alianças em torno de Mateus Simões.

 

Sob a perspectiva política, Pacheco – um perfil de centro-direita moderada – transita no sistema político da direita democrática à esquerda, com força gravitacional bastante para colocar num mesmo palanque velhos adversários como a Federação PT, PcdoB e PV, o novo partido em formação PSDB-Podemos, além do MDB, do Cidadania, entre outras legendas menores.


Sob a perspectiva eleitoral, a candidatura de Rodrigo Pacheco operaria como um muro de arrimo à narrativa de Mateus Simões dirigida ao campo político em aberto de eleitores não bolsonaristas, de centro e da esquerda. Com Pacheco na disputa, Simões seria empurrado de volta à órbita bolsonarista, já ocupada pela complexa candidatura do senador Cleitinho (Republicanos), que ora fala ao bolsonarismo raiz, ora se dirige aos eleitores de baixa renda historicamente mais propensos ao voto em Lula (PT).
Caso permaneça no Novo, a eventual filiação de Pacheco ao União – com a promessa de lideranças nacionais de que ele comandaria a federação no estado –, Mateus Simões assistiria ao irreversível esgarçamento de suas possibilidades de alianças.


Sem bancada federal e fora do jogo da disputa por recursos públicos, o partido de Mateus Simões tem pouco a lhe oferecer. E diante da revoada de legendas do centro e da direita democrática ao colo de Pacheco, a janela de oportunidades para Simões se estreitaria ao PSD, isso, na hipótese de o ministro Alexandre Silveira ali não permanecer.


Para Mateus Simões, filiar-se ao União ou ao PP seria um movimento vital, de sobrevivência política. Por seu turno, o senador Cleitinho, que lidera a disputa, tem até aqui assegurado, além do Republicanos, o apoio do PL: larga com fôlego e com a visibilidade que transborda de suas mídias digitais.


Nessa embaralhada de cenários, há ainda a pré-candidatura anunciada do ex-prefeito Alexandre Kalil, até aqui, não filiado a nenhum partido político. É um nome com recall, o segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto. Kalil ainda não se filiou a nenhum partido político e até aqui vem deixando ao tempo o desenlace do processo. Aposta em Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo”. Na política, bastará o tempo? Eis o dilema.


Cenários ao Palácio Tiradentes se projetam, mas estão indefinidos. Certo, apenas, será o papel central nas composições que assumirá a superfederação PP-União que, em Belo Horizonte, convém lembrar, estará na chefia da Prefeitura Municipal.

 


Voto aberto para o TCE?

A votação aberta no âmbito da Assembleia Legislativa para a eleição de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) é inconstitucional porque “ofende o princípio pretoriano da simetria, porque discrepa do modelo federal, que é de reprodução obrigatória”. O acórdão foi relatado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça e aprovado pela Segunda Turma, ao julgar ação Direta de Inconstitucionalidade em dezembro de 2022, que questionou a votação aberta, definida no âmbito do regimento interno da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, para conselheiro do Tribunal de Contas daquele estado. Tal jurisprudência terá consequências para a eleição de três conselheiros do TCE de Minas Gerais pela Assembleia Legislativa, que também adota o voto aberto. A novidade tende a introduzir ainda mais incertezas sobre o processo eleitoral na Casa. Há hoje nove deputados estaduais candidatos.

 

 

Troca de comando

Com a presença do prefeito de Recife, João Campos (PSB) – futuro presidente nacional da legenda –, será nesta quarta-feira, na Assembleia Legislativa, o XVI Congresso estadual do PSB. O partido vai formalizar a troca de comando em Minas: sai o deputado estadual Noraldino Júnior, assume Otacílio Neto, o Otacilinho, prefeito de Conceição do Mato Dentro. Noraldino Júnior será candidato a deputado federal e, pelo momento, permanecerá na legenda. Irmão da deputada federal em exercício Kátia Dias (Republicanos), que assumiu na licença do deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos) também se filiará à legenda em 2026. Clésio Andrade, ex-senador e ex-vice-governador de Minas Gerais, já se filiou à legenda. Atualmente no PSD, o deputado federal Diego Andrade, que é sobrinho de Clésio Andrade, também vai migrar para o PSB.

 


Instituto do ministro

O ex-procurador-geral de Justiça Jarbas Soares Júnior será o representante em Minas do Instituto Iter, criado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, já em operação em São Paulo. O lançamento será em 2 de julho. Além da área jurídica, o instituto oferecerá cursos focados em gestão pública, empresarial e o direito da construção, um novo ramo destinado à construção civil e à indústria, tendo por público alvo juízes, promotores e procuradores de justiça, advogados, gestores públicos, universitários, empresários , sindicatos e a iniciativa privada.

 


Déficit habitacional

O déficit habitacional em Minas e as moradias inadequadas alcançam 1,5 milhão de unidades, segundo dados preliminares, referentes a 2023, divulgados ontem pela Fundação João Pinheiro (FJP) em audiência pública da Comissão Extraordinária de Defesa da Habitação e da Reforma Urbana. A metodologia da pesquisa adota dois critérios. O quantitativo aponta para a necessidade de novas moradas para atender os que vivem em habitações precárias, na rua, em coabitação ou com ônus excessivo com aluguel. Em Minas, faltam 478.755 moradias, das quais 115.636 na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Na dimensão qualitativa, mais de 1,3 milhão de moradias foram identificadas com alguma inadequação, das quais cerca de 395 mil na RMBH, como ausência de banheiro, piso inadequado, falta de serviços de saneamento, abastecimento de água e energia elétrica, entre outras variáveis.

 

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As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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