
Lula trabalha para recuperar o capital político em Minas
Renan Filho adotou em MG discurso político, buscando demonstrar em contraponto que Lula promove investimentos no estado superiores ao que destinou Bolsonaro
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Pouco mais de uma semana depois de o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), vir a Belo Horizonte para municipalização do Anel Rodoviário e a Governador Valadares para acompanhar o balanço de 100 dias do início das obras da duplicação da BR-381, o presidente Lula (PT) estará em Mariana, em 12 de junho, para anunciar os acertos da repactuação de reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão em 2015. A repactuação foi acertada no âmbito do TRF-6 entre o poder público, a Samarco e as acionistas Vale e BHP. A agenda está sendo articulada pelo deputado federal Rogério Correia (PT), que é coordenador da Comissão Externa Sobre Rompimentos de Barragens da Câmara dos Deputados.
Decidido a concorrer à reeleição, Lula está em campo em busca de resgatar aliados e o capital político. Minas está no centro da estratégia. No segundo turno em 2022, venceu por estreita margem, apesar de a máquina do governo Zema ter trabalhado na cooptação de prefeituras e em aliança orgânica com o empresariado, numa tentativa de mudar o resultado eleitoral do primeiro turno. Zema conseguiu reduzir a distância entre Lula e Bolsonaro do primeiro para o segundo turno no estado. Mas não virou. Lula sabe que naquele pleito Minas foi a última barreira de resistência ao bolsonarismo: Bolsonaro venceu nos demais estados do Sudeste e Sul.
Lula trabalha em Minas para consolidar um palanque, reunindo aliados em torno da candidatura do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A começar pelo prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União), caso entre na corrida ao Palácio Tiradentes, Pacheco terá um amplo apoio de lideranças da direita democrática à esquerda. Mas, ainda diante de sinalizações ambíguas se será ou não candidato, segue em suspense não só Lula, mas também aliados do senador. Reunidos com o ministro dos Transportes, alguns deles consideraram ser importante que uma definição ocorra, evitando que prefeitos e vereadores assumam outros compromissos diante do vácuo de candidaturas à esquerda e ao centro.
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Renan Filho adotou em sua agem por Minas um discurso político, buscando demonstrar em contraponto que Lula promove investimentos no estado muito superiores ao que destinou o governo Bolsonaro. Em indireta lançada ao governador Romeu Zema, que tenta construir a sua candidatura à Presidência da República no campo bolsonarista com uma linha discursiva ideológica, agressiva e menos propositiva, Renan Filho declarou: “Sempre, em todas as grandes decisões do Brasil, teve um mineiro sentado na cabeça da mesa. Esse é o estado de Juscelino, de Tancredo e tantos outros. Minas não pode abrir mão disso; não pode escalar pessoas despreparadas para o tamanho do desafio de representar este estado”.
O ministro retornará a Minas para a convenção estadual do MDB, em 14 de junho. Nesse evento a pauta eleitoral tomará o palanque e o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite (MDB), voltará a ser aclamado candidato. Contudo, ele segue na muda. Deixa claro que neste momento prioriza a sua atuação à frente do Legislativo mineiro, o que não significa que não se lançaria à disputa se sentir que em torno de si se estrutura um consistente movimento. Sem um movimento de Rodrigo Pacheco, sem definição de Tadeu Martins Leite e ainda sem um gesto de aproximação com o ex-prefeito Alexandre Kalil, segue o vácuo no centro político. Decididamente, esse não é o problema da direita bolsonarista.
No Glouton
Depois da visita noturna ao Anel Rodoviário, o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), se reuniu com emedebistas de Minas em torno do cardápio mineiro revisitado pelo chef Leo Paixão. O presidente estadual do MDB, Newton Cardoso Jr, recebeu, além de Renan Filho, o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Filho, o deputado estadual João Magalhães (que é líder do governo Zema na Assembleia) e Gabriel Azevedo, presidente municipal do MDB.
Série B
A federação MDB-Republicanos recheou o cardápio. Emedebistas mineiros ouviram de Renan Filho: “Quem não fizer federação para 2026 vai para a série B”. Newton Cardoso Jr avalia que, em Minas, a federação entre MDB e Republicanos avança. “Depois das eleições de 2026, serão no máximo cinco partidos importantes. Além do PL e da Frente PT-PV-PcdoB, o PP-União, o MDB-Republicanos e o PSD. Estaremos nesse grupo”, afirma.
Tucanos, MDB, Republicanos
No PSDB, tucanos formalizam em convenção nesta quinta-feira a autorização para a incorporação do Podemos e formação de futuras novas federações. O projeto é ampliar o novo grupo PSDB-Podemos em federação com o Solidariedade e, na sequência, federação com MDB e Republicanos. Há conversas em curso entre as direções nacionais. Se vão vingar é outra história.
Autonomia nas escolas
De autoria do deputado estadual Luizinho (PT), o projeto de lei 882/2023 que concede autonomia istrativa e financeira para a gestão das escolas de educação infantil, fundamental e médio no estado deverá ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça na reunião da próxima terça-feira, 10 de junho. “Os gestores escolares não têm nenhuma liberdade para gerir os recursos, contratar projetos de reformas e construção. As regras são uniformes para um estado com profundas diferenças culturais, sociais e econômicas”, afirma o parlamentar, que defende que as comunidades se envolvam diretamente e cuidem de suas escolas.
Leitura inteligente
O deputado estadual Antônio Carlos Arantes (PL) aposta na destinação de emendas parlamentares à Polícia Militar para aplicação no sistema Hélios, que recebe informações de detecções de placas de veículos feitas por câmeras com tecnologia de leitura inteligente de placas de veículos. “Queremos criar no Sul de Minas um cinturão de 55 cidades de vigilância integrada, cercando todas as rodovias. A ideia é que esse sistema ganhe a adesão também da iniciativa privada e vá se expandindo para todo o estado”, afirma o parlamentar.
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União ou PSD
Além do PSD, o vice-governador Mateus Simões (Novo) estuda a possibilidade de migração para o União. Atualmente federado com o PP, a perspectiva é de que a avenida esteja aberta na hipótese de o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) não concorrer ao governo de Minas. Pacheco tem convite para filiação no União e promessa de que controlará a federação PP-União em Minas Gerais.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.