A atrofia social

Semana ada, tive o privilégio de assistir à Esther Perel ao vivo, em sua primeira visita ao Brasil, no Flash Humanidades - um encontro que reuniu lideranças de empresas para pensarem o futuro do trabalho em meio a tantas transformações tecnológicas.

Esther tem uma habilidade rara de lançar luz sobre o que muitas vezes preferimos não ver: a complexidade das relações humanas na contemporaneidade. E fez isso de forma generosa, lúcida e direta.

• Valorizar as relações humanas

Um dos pontos altos da fala dela foi a apresentação das quatro dimensões essenciais para que a relação entre pessoas e empresas seja verdadeiramente sustentável:

- Confiança
- Pertencimento
- Reconhecimento
- Resiliência coletiva

Conceitos simples, mas longe de serem fáceis.

Ela também nos alertou sobre a atrofia social em que estamos imersos. Vivemos tempos em que o convívio humano se torna cada vez mais raro - e com ele, perdemos os espaços onde a convivência se ensaia, se negocia, se amadurece.

• Como a inteligência artificial está impactando a convivência em condomínios

Enquanto as telas ganham rolagem infinita, a rua, como espaço de encontro, conflito e construção de tolerância, se esvazia. E quando perdemos esse espaço de mediação social, enfraquecemos nossa capacidade de desenvolver habilidades vitais para nossos relacionamentos.

Então, a sociedade fica mais suscetível a rejeitar a complexidade de questões relevantes. E, para Esther, esta é a causa do crescimento da polarização.

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Tudo isso gera um alerta sobre o impacto no desenvolvimento das crianças, que crescem com menos oportunidades de exercitar habilidades sociais fundamentais.

Esther nos convida a algo urgente: reconstruir vínculos, redes e espaços de interação real. Em tempos de profusão da inteligência artificial, precisamos desenvolver nossa capacidade de criar relações genuínas - em casa, no trabalho e como cidadãos.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.