
'Ainda estou aqui' abriu as portas da TV para a atriz mineira Pri Helena
No filme, a juiz-forana vive Zezé, a empregada de Eunice Paiva (Fernanda Torres). Na televisão, é a Cacá da novela 'Volta por cima'
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Siga noA exatos 29 dias da festa mais famosa de Hollywood, a atriz mineira Pri Helena está na torcida pelo Oscar para “Ainda estou aqui”, de Walter Salles. “Receber três indicações, incluindo a de Melhor Filme, é reconhecimento não apenas do longa, mas do cinema nacional”, afirma.
“A jornada de Eunice Paiva, mulher que lutou a vida inteira em busca de justiça, é o coração deste filme. Ela representa tantas vozes que deixaram sua marca na história, com coragem e resiliência. O reconhecimento no Oscar mostra que o cinema brasileiro tem uma força capaz de tocar o mundo. Esta é a nossa estatueta, e ela já valeu tudo”, diz.
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A artista, de 32 anos, tem motivos de sobra para torcer pelo Oscar de Melhor Filme, de Melhor Filme Internacional e de Melhor Atriz para Fernanda Torres. Por causa de Zezé, a empregada que trabalha na casa da família Paiva, ela foi escalada para “Volta por cima”, novela das sete da Globo. Ela vive Cacá, personagem de destaque do folhetim.
Mineira de Juiz de Fora, Pri considera “Ainda estou aqui” o acontecimento de sua carreira. “A partir do filme, comecei a ter mais visibilidade no mercado audiovisual. Sou do teatro, o filme abriu outra porta para mim.”
Para conhecer um pouco melhor a história dela, é preciso voltar um pouquinho no tempo. Com o diploma de jornalismo nas mãos, Pri trocou Juiz de Fora pelo Rio de Janeiro. Fez pós-graduação em artes cênicas e cursos na Escola Martins Pena e na Casa das Artes das Laranjeiras (CAL). Veio a pandemia, tudo foi suspenso e ela voltou para Minas Gerais.
Ovos de galinha
Certo dia, no sítio de uma amiga em Laranjal, onde aria o mês curtindo a vida na roça e “catando ovos de galinha”, como ela diz, recebeu o contato de Letícia Naveira, produtora de “Ainda estou aqui”, convidando-a para um teste.
“Achei que era golpe, juro! Imagina, estava lá na roça”, revela, com bom humor, durante entrevista realizada nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro.
Letícia a descobriu porque Lauro Macedo, pesquisador de elenco da Globo, havia recebido o média-metragem “Ciclone”, dirigido por Pri, e incluiu no cadastro da emissora, ao qual a produtora teve o. A mineira ou no teste presencial.
Fã confessa de Walter Salles, Pri cita a frase “a genialidade mora nos detalhes” para definir uma das qualidades do diretor: “O Walter é genial e ele é do detalhe.”
Como todos os profissionais envolvidos no projeto, ela sabia, desde o início, que participava de um grande trabalho. “Nos bastidores, ficávamos assim: gente, estamos fazendo uma coisa histórica. Isto aqui só acontece uma vez na vida. Mas ninguém tinha noção da dimensão que o filme teria”, observa a mineira, que foi casada com o diretor de teatro Rodrigo Portella, a quem considera “um grande mestre”.
Fernanda "bagaceira"
Nos bastidores, Pri comentou com Fernanda Torres sobre sua dificuldade em se acostumar a conviver com ela no set.
“Não tô acreditando que tô aqui neste filme”, disse para a filha de Fernanda Montenegro. “Fernanda me disse: ‘Daqui a pouco, você se acostuma. A gente tá aqui de igual pra igual’.”
A mineira é só elogios à estrela de “Ainda estou aqui”: “O mais legal em relação a Fernanda, que estava fazendo um trabalho que exigia muito dela, muito tenso e denso também, é a leveza. Ela é bagaceira, sabe? Ela é totalmente bagaceira”, brinca.
“Ela é muito assim, de igual pra igual. A generosidade dela e a troca dela em cena ajudaram muito a me sentir pertencente àquele trabalho”, continua.
O grupo do elenco no WhatsApp é ativo. No dia do Globo de Ouro, Pri conta que, após o prêmio de Melhor Filme ser dado a “O brutalista”, Selton Melo enviou mensagem, em tom de brincadeira, avisando: “Fernanda vai nos vingar.” Depois, contou que Tida Swinton foi abraçar a brasileira após a cerimônia.
"Volta por cima"
Atualmente, a atriz mineira vive a rotina intensa de gravações nos Estúdios Globo. Assim como ocorreu com Fernanda Torres – que revelou sua grande iração por Tilda Swinton no programa de Fábio Porchat –, Pri ficou emocionada ao ver Drica Moraes, colega de elenco em “Volta por cima”.
“No camarim, lá estava eu, linda, me arrumando. De repente, ela abre a porta e, como se não fosse a Drica Moraes, fala: boa-tarde! Achei que ia ar mal. Ela entrou como se não fosse esta deusa”, derrete-se.
Pri Helena cresceu tendo como referências não só Drica Moraes, mas Adriana Esteves e Fernanda Torres. “São atrizes em que me baseio muito”, comenta.
Cita outra colega do filme, a conterrânea Bárbara Luz. “Ela é fantástica, bebe do teatro totalmente. Já nasceu ali, é igual a Fernanda Torres. Não tem como fugir disso.”
Bárbara, que vive Nalu Paiva no longa, é filha de Eduardo Moreira e Inês Peixoto, atores do Grupo Galpão.
Tio Cacá
Em “Volta por cima”, Pri Helena interpreta Cacá, filha de Ana Lúcia (Iara Jamra). A personagem fez curso técnico de enfermagem, mas acabou no mundo da contravenção. “Sempre quis ter a experiência de fazer novela. A gente exercita diariamente novas situações do personagem”, comenta.
Em uma dessas coincidências da vida, Pri ficou surpresa ao saber o nome da personagem. “Perdi meu pai quando tinha 5 anos. O apelido dele era Tio Cacá. Sabia desde aquele momento que a Cacá seria minha.”