
Filarmônica de Minas Gerais toca a "Nona" para celebrar 10 anos de sua sala
Orquestra abre temporada 2025 com duas noites de apresentação da obra de Beethoven, em 20/2 e 21/2. Os ingressos começam a ser vendidos nesta sexta-feira (7/2)
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Siga noCompletamente surdo, Ludwig van Beethoven (1770-1827) subiu ao pódio do Teatro Imperial de Viena, em 7 de maio de 1824, para reger a estreia daquela que se tornou não só sua obra-prima, como também sua última grande composição.
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Ausente daquele palco havia 12 anos, mesmo espaço de tempo em que não lançava uma nova sinfonia, com a “Nona” o gênio alemão apresentou algo inédito na música de concerto: a voz, por meio dos versos de “Ode à alegria”, de Friedrich Schiller (1759-1805).
Além das inovações musicais, a obra trazia uma mensagem humanista, que se perpetuou em seus dois séculos de vida. A “Nona” nunca é executada aleatoriamente. “É uma escolha quase óbvia para celebrar algo importante”, comenta o maestro Fabio Mechetti, regente titular e diretor artístico da Filarmônica de Minas Gerais.
A “Nona” foi a obra inaugural da orquestra, em 21 de fevereiro de 2008, no Palácio das Artes. Foi ainda executada outras três vezes pela Filarmônica na Sala Minas Gerais: no encerramento da temporada de 2015; nas comemorações de 10 anos da orquestra, em fevereiro de 2018; e também no fim de 2021, quando o público, em peso, compareceu, simbolizando um retorno ao espaço, ado um ano e meio do início da pandemia.
Não deverá ser diferente em 20 e 21 deste mês, quando a orquestra faz os primeiros concertos de 2025. Desta vez, para celebrar sua própria casa. A comemoração dos 10 anos da Sala Minas Gerais terá a obra de Beethoven em dois concertos especiais. Mechetti rege a orquestra com os solistas Gabriella Pace, Edineia de Oliveira, Matheus Pompeu, Licio Bruno e o Coro da Osesp. Os ingressos começam a ser vendidos nesta sexta (7/2).
Emoção
Não foi Beethoven, mas Mahler, com a “Ressurreição”, nome da Sinfonia no.2, quem inaugurou a sala, em 27 de fevereiro de 2015. “Foi um início de grande emoção, pois foi a construção de um sonho, a realização da capacidade da gente, do esforço de várias pessoas, em se movimentar para ter algo de excelência internacional”, comenta Mechetti.
Naqueles tempos, ele relembra, a sala não estava totalmente pronta. “A gente ensaiava ao som de serras e britadeiras. Foi em abril, dois meses depois, que a construção terminou”, diz ele, que gosta de lembrar que ainda há trabalho a ser feito: “o espaço central, atrás do coro, aguarda futuramente um órgão”.
Mechetti chegou a Belo Horizonte em 2007, convidado para criar e dirigir uma nova orquestra. Naquele momento, ele conta, já havia a intenção, por parte do governo do estado, da criação de uma sala de concertos. A ideia inicial era que o espaço fosse em um dos antigos prédios públicos da Praça da Liberdade (no atual Memorial Vale). “Como era um espaço tombado, a intenção é que a sala fosse subterrânea, o que se mostrou impraticável.”
Abandonada essa ideia, foram aventadas algumas possibilidades, como antigos cinemas e outros prédios públicos. “Nenhum deles realmente acomodava, tanto pelo espaço quanto pelo custo, o que precisávamos.”
Havia, no entanto, um terreno no Barro Preto que seria destinado ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Depois de negociações, houve a troca. O TJ iria para o prédio da antiga Oi, na Serra, e a Sala Minas Gerais seria construída no terreno como um dos espaços de um projeto maior, o Centro de Cultura Presidente Itamar Franco, que também abriga a Rede Minas e a Rádio Inconfidência.
Tudo acertado, o arquiteto José Augusto Nepomuceno, especialista com referência internacional – foi o consultor de acústica do projeto de restauro e readequação da Sala São Paulo – chegou para dar início aos trabalhos. “A promessa é que o projeto da sala deveria começar pela acústica, que é o coração de uma sala de concertos”, diz Mechetti.
“O mais bacana da Sala Minas Gerais foi a possibilidade de começar um projeto do zero em todos os sentidos. Não era só a sala, mas também a orquestra, que era jovem. Bolamos um instrumento do zero, resolvendo, no mesmo momento, questões de arquitetura, circulação, disposição da plateia”, explica Nepomuceno.
O arquiteto é o autor principal do projeto interior da sala de concertos – Júlio Gaspar é o coautor. A equipe teve outras mãos: os norte-americanos Paul Scarbrough e Chris Blair e o britânico Michael Barron, um dos mais importantes acadêmicos da área de acústica de teatro do mundo. Os arquitetos mineiros Jô Vasconcellos e Rafael Yanni am os demais espaços do prédio e o conjunto arquitetônico ao redor.
A programação da Filarmônica procura explorar a versatilidade da Sala Minas Gerais para a música de concerto. “Neste ano, vamos colocar ali 120 músicos para 'A sagração da primavera', de Stravinsky (em 18/9 e 19/9), e a 'Sétima sinfonia de Shostakovich' (4/12 e 5 /12), como também mostrar a intimidade da música de câmara. O espírito da sala é sempre explorar uma gama de estilo e composição”, afirma Mechetti.
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
Nona Sinfonia de Beethoven. Dias 20 e 21 de fevereiro, às 20h30, na Sala Minas Gerais, Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto. Ingressos: R$ 39,60 (mezanino) a R$ 193 (camarote). Valores referentes à inteira. A venda começa nesta sexta (7/2), no site da Filarmônica e na bilheteria da sala.Informações: (31) 3219-9000.