LITERATURA INFANTO-JUVENIL

Escritora Alessandra Roscoe é destaque em feira de literatura na Itália

Com os livros "Quando as coisas desacontecem" e "Saudade", nos quais conta com as ilustrações de Odilon Morais, a jornalista e escritora participa da Feira de B

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Durante seis anos, entre 2007 e 2013, a jornalista e escritora Alessandra Roscoe atuou como mediadora em um clube de leitura voltado para a primeira infância. Essa experiência foi a base para uma trilogia, que teve início no ano ado, com o livro "Quando as coisas desacontecem", e seguiu com o recém-lançado "Saudade". Entre o final de março e o início deste mês, ela apresentou os dois títulos na Feira de Bolonha, na Itália, a maior do mundo dedicada exclusivamente à literatura para crianças e jovens.


Participar do evento era um desejo antigo, conforme diz, e foi viabilizado pela Editora Biruta, que chancela, por meio do selo Gaivota, os dois livros, que são ilustrados por Odilon Moraes. Ela conta que ou três dias intensos entre reuniões, conversas, palestras, exposições e muitas descobertas sobre materialidades, formas e possibilidades de narrativas. Também diz que percorreu os corredores e pavilhões gigantescos da feira tentando ver o máximo possível, buscando livros para bebês.


O aporte para a participação nesta edição foi o fato de, no ano ado, "Quando as coisas desacontecem" ter sido vendido, na feira, que é um evento de negócios, para Portugal, onde foi primeiramente publicado. Quando foi lançada no Brasil, a obra ganhou o prêmio da Fundação Nacional para o Livro Infantil e Juvenil e entrou na lista das 30 melhores leituras para a infância da "Revista Crescer". "A gente já sabia que ia lançar o segundo título da trilogia este ano, então pensei que tinha que ir para a feira", diz.


Desejo realizado


Ela observa que, durante muitos anos, o Brasil só participava do evento para comprar direitos autorais, mas que essa lógica está sendo invertida. "Eu nunca tinha ido e sempre tive muita vontade, para ver o panorama mundial da literatura para crianças. Os colegas que já participaram sempre me diziam que é um ambiente que abre a cabeça", conta. Ela destaca que viu muitas coisas interessantes, principalmente, de países como China, Coreia, Japão, Itália e Portugal, mas também muitas coisas ruins.


"A gente costuma ter essa ideia de que o Brasil está sempre atrás. Fui em busca de livros para bebês, achei coisas legais e outras não, coisas que a gente já faz aqui há 20 anos. Fiquei surpresa, porque mediadores de leitura que trabalham em outros países falavam muito do 'Quando as coisas desacontecem'. Eu não sabia que ele tinha tido essa repercussão fora", diz. Ela conta que "Saudade" também reverberou na Feira de Bolonha deste ano, tendo inclusive merecido uma resenha em uma revista literária alemã.


"Além de Portugal, agora tem a chance de os livros da trilogia serem publicados na Itália, e tem conversas para que também sejam levados para Espanha, Turquia e China, então, foi muito positiva essa participação", diz. Além de escritora e contadora de histórias, Alessandra também atua como mediadora com projetos que incentivam desde a leitura para o ventre, com casais "grávidos", até a busca da reconstrução da memória a partir da literatura com idosos e pacientes de Alzheimer.


Escuta afetiva


Ela detalha que a trilogia, intitulada "Medos que desacontecem", nasceu da escuta afetiva durante a experiência de seis anos do clube de leitura. "A partir das leituras que os meninos faziam nesse Clube de bebês, que acontecia na creche que minha filha estudava aqui em Brasília, eles me traziam frases, ideias, impressões que fui anotando", diz a mineira de Uberaba que se mudou para a capital federal quando tinha 3 anos. Ela conta que, ao revisitar essas anotações, identificou três grandes medos que afligem essa primeira infância.


Esses temores são o mote para cada um dos livros. "Quando as coisas desacontecem" trata do medo da morte. Alessandra conta que o impulso para essa obra veio de uma menina de 3 anos que, no Clube de bebês, questionou o pai sobre para onde seus pensamentos iriam quando morresse. Ela diz que o segundo medo, mote de "Saudade", é o da falta de liberdade, da opressão. "Vem, por exemplo, de meninos que dizem que são obrigados a gostar de beterraba, mas não gostam. É nesse nível de simplicidade", aponta.


Neste segundo título da trilogia, uma casa no alto de uma montanha observa o mar e quer chegar até ele , mas o mundo lhe diz que, na condição de casa, ela não tem como sair do lugar e deve se conformar. A autora destaca que é uma narrativa muito conduzida pelas ilustrações de Moraes. "Pensei que a cada não do mundo que a casa ouvisse, ela racharia, mas ponderei que ela não poderia alcançar o que desejava só por meio do sofrimento. Odilon me despertou para a fantasia, para o fato de que a casa poderia criar asas", conta.


O terceiro medo que ela identificou em suas anotações foi o de não ser escutado. "Nessas conversas do Clube, muito espontâneas, os meninos começaram a falar que tinham medo de dormir porque toda vez que tinham um sonho ruim, gritavam e ninguém ouvia, ninguém ia acudir", recorda. Esse é o mote para o terceiro livro, ainda sem previsão de publicação, mas que já está com o texto pronto e se chama "Muda", sobre uma menina que mais contempla do que fala, e que alude tanto à mudez quanto a mudança e à muda que brota da semente.


“Saudade”


Livro de Alessandra Roscoe com ilustrações de Odilon Moraes, selo Gaivota, da editora Biruta, com 40 páginas.
Preço: R$ 69,50 (no site da editora)


Campo de atuação

Com mais de 30 livros publicados, Alessandra Roscoe é idealizadora e coordenadora dos projetos “Aletramento fraterno”, de incentivo à leitura desde o ventre, com grávidas e casais; “Experimente a palavra”, de leitura sensorial com bebês e pré-leitores; e “Caixinha de guardar o tempo”, com idosos e pacientes de Alzheimer, tendo as leituras como forma de reconstrução da memória. Entre os títulos que tem publicados destacam-se "A menina que pescava estrelas" (Editora Elementar), "A façanha da dona aranha" (Elementar), "A outra história da cigarra e da formiga" (Mundo Mirim), "O Sr. Pavão" (Elementar) e "A primeira vez numa noite do pijama" (Franco Editora). Alguns de seus livros foram indicados para catálogos internacionais de literatura infantil e juvenil: "A fada emburrada" e "O jacaré Bilé" (para o catálogo da Feira de Bolonha, na Itália) e "JK, o lobo guará" (em 2011 e 2012, para o catálogo da Apex para a Feira de Frankfurt, na Alemanha). "Caixinha de guardar o tempo" foi finalista, em 2013, do Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria Melhor livro infantil.

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