No mês em que se celebra o Dia do Trabalho, o Cine Humberto Mauro vai apresentar a mostra “Os trabalhadores vão ao cinema”, que começa nesta terça-feira (29/4) e exibe 40 filmes até 18 de maio, com entrada franca. Da fábrica do século 19 ao escritório contemporâneo, a programação destaca a representação do trabalhador na tela.

Na quinta-feira (1º/5), Dia do Trabalho, o crítico Renan Eduardo fala sobre o documentário “Cedo demais, tarde demais” (1982), produção egípcio-sa dirigida por Danièle Huillet e Jean-Marie Straub. Em 14 de maio, a sessão comentada ficará a cargo de Júlio Cruz, curador do Cine Humberto Mauro, com exibição de “A classe operária vai ao o paraíso” (1971), filme italiano de Elio Petri.

“A data de 1º de maio vem coroar esta mostra, que reflete sobre uma data histórica que precisa de ter sua importância resgatada. Todo mundo é trabalhador e a gente precisa refletir sobre isso”, afirma Júlio Cruz.

Além da mostra presencial, nove filmes serão disponibilizados gratuitamente na plataforma CineHumbertoMauroMAIS – entre eles, o clássico “Metrópolis” (1927), de Fritz Lang, e “Um homem com uma câmera” (1929), documentário do cineasta soviético Dziga Vertog.

A escolha da temática marca também os 130 anos da primeira exibição pública de cinema. “Estamos comemorando a arte que surge na Segunda Revolução Industrial”, afirma o curador, observando que a sessão pioneira já trazia a questão do trabalho no filme “A saída dos operários da Fábrica Lumière”, dos irmãos Auguste e Louis Lumière.

O cinema manteve relação próxima e, às vezes, contraditória com o mundo do trabalho. “O cinema era uma arte ada por muita gente pobre, muita gente trabalhadora”, comenta. “É arte coletiva, assim como o trabalho. Porém, muitas vezes, ele se interessa mais pelas exceções e conflitos em torno do trabalho do que por seu cotidiano em si.”

Para Cruz, a mostra reflete o atual cenário da sociedade. “Este ano é particularmente simbólico, com greves e revisões trabalhistas em várias partes do mundo”, ressalta.

A curadoria organizou os filmes nos ciclos trabalho imigrante, trabalho sexual, trabalho invisível (doméstico), revoltas trabalhistas e sindicalismo.

“Não são blocos rígidos, os temas se cruzam. No trabalho contemporâneo, propusemos sessão de curtas que mostram essa espécie de loucura que vivemos atualmente”, comenta Júlio Cruz, citando como exemplo a “uberização” do trabalho.

PROGRAMAÇÃO

HOJE (29/4)


16h: “Terra fria” (EUA, 2005), de Niki Caro

18h30: “Sindicato de ladrões” (EUA, 1954), de Elia Kazan

20h30: “Norma Rae” (EUA, 1979), de Martin Ritt

QUARTA (30/4)

15h: “Tempos modernos” (EUA, 1936), de Charles Chaplin

17h: “Como eliminar seu chefe” (EUA, 1980), de Colin Higgins

19h15: “Como enlouquecer seu chefe” (EUA, 1999), de Mike Judge

QUINTA (1º/5)

15h: “A greve” (URSS, 1925), de Serguei Eisenstein

17h: “Cedo demais, tarde demais” (Egito/França, 1982), de Danièle Huillet e Jean-Marie Straub. Sessão comentada por Renan Eduardo

20h15: “A saída dos operários da Fábrica Lumière” (França, 1895), de Irmãos Lumiére; “A saída dos operários da fábrica (Alemanha, 1995), de Harun Farocki; “Cara de carvão” (Reino Unido, 1935), de Alberto Cavalcanti; “Chão de fábrica” (Brasil, 2021, de Nina Kopko); “A mão do homem” (Brasil, 1969), de Paulo Gil Soares. Apresentação de Júlio Cruz.

“OS TRABALHADORES VÃO AO CINEMA”

• Mostra em cartaz desta terça-feira (29/4) a 18 de maio, no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro).

• Entrada franca, com retirada de um ingresso por pessoa meia hora antes de cada sessão. A partir de 6 de maio, metade dos ingressos estará disponível na plataforma Eventim.

• Programação completa no site do Cine Humberto Mauro

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

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