Plateia aplaude e canta na estreia de 'Chatô & os Diários Associados' em BH
'Incrível' e 'primoroso' foram alguns dos elogios ao musical sobre a trajetória de Assis Chateaubriand, que estreou neste sábado (31/5) no Sesc Palladium
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Siga no“É primoroso. Uma retrospectiva histórica da comunicação no Brasil. Adorei relembrar tantos fatos”, afirmou neste sábado (31/5) a relações públicas Sofia Ramirez, de 62 anos, depois de assistir à estreia do musical “Chatô & os Diários Associados – 100 anos de paixão” em Belo Horizonte, na sessão vespertina realizada no Sesc Palladium.
A professora aposentada Lenita Aguiar, de 82, convidou as vizinhas Sofia e Neide Gruberger para assistir ao espetáculo. As três aprovaram o horário das 15h. “Dei a ideia porque adoro musicais e já li a biografia escrita por Fernando Morais”, contou Lenita.
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Representante da geração Z, a publicitária Natália Santos, de 28, adorou “Chatô”.
“Curti muito o musical, incrível”, afirmou. “Foi muito interessante para mim, como profissional da comunicação, participar deste momento.”
Após cumprir temporada de sucesso no Rio de Janeiro, “Chatô & os Diários Associados” teve duas sessões neste sábado, às 15h e às 20h, no Sesc Palladium. Neste domingo (1º/6), será apresentado às 18h. Em seguida, o espetáculo segue para Brasília e São Paulo.
A estreia mineira foi um sucesso. O público gargalhou, cantou e se animou com os números musicais e coreografias. Celebrando o centenário dos Diários Associados, o espetáculo narra a trajetória do magnata da mídia Assis Chateaubriand (1892-1968), destacando sua influência na cultura brasileira no século 20.
O roteiro é de assinado por um expert em Chateaubriand: o jornalista e escritor mineiro Fernando Morais (autor da biografia “Chatô – o rei do Brasil”) em parceria com Eduardo Bakr.
Tudo começa no carnaval do Recife, quando a estátua de Assis Chateaubriand, interpretado por Stepan Nercessian, ganha vida após ser vandalizada. Fabiano (Cláudio Lins), jornalista desempregado, que assiste à cena, é convocado por Chatô a escrever sobre sua vida.
“Embora muito se fale a meu respeito, falam apenas de uma das muitas facetas que tive. Quero que me conheçam direito, quero que você veja o que há de mais precioso em mim”, diz Chateaubriand ao jovem repórter.
Juntos, eles embarcam em uma jornada no tempo, que começa nos anos 1920, quando Chatô, aos 32 anos, compra o diário carioca O Jornal. Foi o marco inicial dos Diários Associados, que, tempos depois, reuniria 100 empresas – entre jornais, revistas, emissoras de TV, rádios e agência de notícias.
Em Minas Gerais, o jornal Estado de Minas, a TV Alterosa, o Portal Uai e o site EM.com pertencem ao grupo, que completou 100 anos em 2024.
Foi Assis Chateaubriand quem trouxe a televisão para o Brasil. A pioneira TV Tupi transmitiu o primeiro beijo da telinha brasileira, em “Sua vida me pertence”, e deu à atriz Iolanda Braga o papel de primeira protagonista negra em uma novela.
Além de Cláudio Lins e Stepan Nercessian, o núcleo central do elenco conta com Patrícia França e Sylvia Massari. Há 14 atores e cantores no palco, além da banda que executa a trilha ao vivo.
Dirigido por Tadeu Aguiar, o espetáculo tem coreografia assinada por Carlinhos de Jesus, direção musical de Thalyson Rodrigues e supervisão musical de Guto Graça Mello.
Dividem o palco com os personagens Chatô e Fabiano várias estrelas do cast dos Associados, como Carmen Miranda, Dorival Caymmi, Jamelão, Francisco Alves, Ademilde Fonseca, Elizeth Cardoso Jamelão e Paulo Gracindo, entre outros.
Dilson Mayron, diretor do Sindicato dos Produtores de Artes Cênicas de Minas Gerais (Sinparc-MG), aprovou o musical. De acordo com ele, os 140 minutos, divididos em dois atos, condensaram bem a extensa trajetória de Chatô.
“Achei genial, com trabalho de pesquisa muito bem-feito. Um belo resumo da história. Stepan, Claudio Lins e Sylvia Massari estão ótimos em cena. Me surpreendeu”, afirmou.
Dilson Mayron, diretor do Sinparc-MG, e o diretor de teatro Pádua Teixeira elogiaram o musical sobre a trajetória de Assis Chateaubriand
O cenário de “100 anos de paixão” se transforma em praça do Recife, estúdio, salão de festas e escritório de Assis Chateaubriand. Quando chega à década de 1960, a trama deixa de lado a leveza da era do rádio e dos primórdios da TV brasileira.
Anos de Chumbo
São tempos difíceis, com a morte de Assis Chateaubriand em 1968, em decorrência de trombose, e o acirramento da ditadura militar, com a decretação do Ato Institucional nº 5, o AI-5.
Naquele ano, estreava na TV Tupi o programa “Divino maravilhoso”, apresentado por Gilberto Gil e Caetano Veloso. Nesse momento, o elenco interpreta clássicos da tropicália, como “Panis et circenses” e “Alegria, alegria”.
O programa foi censurado pelo governo militar, Gil e Caetano acabaram presos e exilados na Europa. Mais tarde, os generais cassaram a concessão da emissora de Assis Chateaubriand, fechada em 1980.
Em entrevista ao programa “EM Minas”, o ator Stepan Nercessian resumiu bem a obra: “O espectador pode ter certeza de que vai sair do teatro com mais informações e sabendo mais coisas do que quando entrou.”
“CHATÔ & OS DIÁRIOS ASSOCIADOS – 100 ANOS DE PAIXÃO”
Neste domingo (1º/6), às 18h, no Grande Teatro Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Plateia 1: R$ 250 (inteira) e R$ 125 (meia). Plateia 2: R$ 180 (inteira) a R$ 25 (popular, meia). Plateia 3: R$ 60 (promoção Petrobras-Cemig) a R$ 25 (popular, meia). À venda na bilheteria do teatro e na plataforma Sympla.