O totalitarismo comunista no pior período do governo Stalin foi o alerta que o ucraniano Sergei Loznitsa levou ao Festival de Cannes, com a exibição de um dos primeiros filmes da mostra competitiva.

Baseado em conto de Georgy Demidov, “Two prosecutors” narra o ingênuo pedido de investigação por maus-tratos apresentado por um promotor recém-nomeado na Rússia soviética de 1937.

O jovem idealista, interpretado por Aleksandr Kuznetsov, membro do Partido Comunista, tenta abrir a investigação sobre um centro de detenção distante de Moscou, onde visitou colega torturado.

A máquina totalitária rapidamente entra em ação para calar a voz dissidente. “Não seja ingênuo. Esta é a mensagem para os espectadores e para mim mesmo”, disse Loznitsa, sobre a trama do primeiro filme que rodou em quase uma década.

Depois de 25 anos de governo Putin, a Rússia se parece com a União Soviética, afirma Loznitsa. Esta mensagem também ressoa diante de retrocessos em muitas democracias.

“A sociedade russa de hoje é diferente da sociedade soviética do século 20, mas a essência é a mesma”, afirma o cineasta, de 60 anos.

Questionado se os Estados Unidos correm o risco de caminhar para o despotismo, ele responde: “Poderia acontecer em qualquer sociedade.”

Putin, Trump e Biden

Enquanto na Rússia de Putin, que invadiu a Ucrânia, dissidentes são detidos, nos Estados Unidos a divisão política é particularmente aguda.

Oposição democrata e esquerda denunciam Donald Trump como autoritário. O presidente republicano responde, por sua vez, que durante o governo do democrata Joe Biden investigações contra ele foram abertas.

“Há pessoas que têm verdadeiro talento para fazer com que a sociedade se dobre a seus desejos mais profundos. Stalin era extremamente talentoso nisso”, diz Loznitsa. De 1924 a 1952, Stalin governou a União Soviética com mão de ferro, louvado durante anos pela esquerda política e pelos intelectuais no Ocidente.

Responsável pelo genocídio de camponeses proprietários de terras na Ucrânia na década de 1930, Stalin também determinou a detenção de centenas de milhares de opositores.

A alemã Mascha Schilinski, diretora do filme 'Sound of falling', revelou que 'uivou de alegria' quando soube que disputaria a Palma de Ouro em Cannes

Xavier Galiana/AFP

Drama feminino

Outro destaque do início da mostra competitiva do festival foi “Sound of falling”, segundo longa da alemã Mascha Schilinski. A diretora contou que “uivou de alegria” ao saber que estava no grupo de 22 cineastas selecionados para a disputa da Palma de Ouro.

O filme narra, em episódios curtos, a relação especial de meninas e mulheres em uma fazenda isolada no Norte da Alemanha, ao longo de décadas.

Drama intergeracional, o longa aborda morte, sexo, crueldade e a inocência das crianças. “Mulheres neste filme não escolhem a morte, mas, muitas vezes, é a única possibilidade em que pensam para se libertar radicalmente”, explicou Mascha Schilinski.

CONFIRA OS LOOKS NO TAPETE VERMELHO DO FESTIVAL DE CANNES

O terno do ator Jeremy Strong, membro do júri do festival, combinou com os tons da Palma de Ouro de Cannes Valery Hache/AFP
De verde, a modelo brasileira Alessandra Ambrosio fez do tapete vermelho de Cannes sua arela Sammer Al-Doumy/AFP
Com seu vestido branco, a atriz chinesa Wan Quianhui desobedeceu à proibição de figurinos volumosos no tapete vermelho Sammer Al-Doumy/AFP
O surpreendente véu, calça comprida e cauda formaram o look da atriz sa Juliette Binoche, presidente do júri de Cannes 2025 Sammer Al-Doumy/AFP
Modelo brasileira Luma Grothe escolheu vestido brilhante e decotado para cruzar o tapete vermelho de Cannes Valery Hache/AFP
Atriz americana Ariana Greenblatt em sua estreia no tapete vermelho de Cannes Valery Hache/AFP
Atriz sa Pom Klementieff apostou no longo superdecotado em tom lilás Sameer Al-Doumy / AFP
Elenco de "Missão: Impossível" 8 após a exibição do filme no Festival de Cannes Miguel Medina/AFP
Atriz Hayley Atwell usou vestido vermelho com volume na sessão de "Missão: Impossível" 8 Sameer Al-Doumy/AFP
Atriz americana Andie MacDowell exibiu terninho preto no tapete vermelho do festival francês Sameer Al-Doumy/AFP
Tom Cruise combinou gravata borboleta com franjinha para a exibição do novo filme de "Missão: Impossível" Valery Hache/AFP
A atriz americana Halle Berry manifestou publicamente sua preocupação com a proibição a vestidos volumosos e prometeu ajustar seu look. Ficou assim... Sameer Al-Doumy/AFP
O ator americano Robert De Niro com a mulher, Tiffany Chen, e filha, Helen De Niro Valery Hache/ AFP
A atriz americana Eva Longoria apostou no vestido brilhante com discreta cauda preta Miguel Medina/AFP
Casal impecável: o diretor Quentin Tarantino e a mulher, Daniella Pick Sameer Al-Doumy / AFP
Apesar da proibição a caudas longas, a modelo alemã Heidi Klum desafiou as novas regras com seu vestido cor-de-rosa Sameer Al-Doumy/AFP
Modelo americana Bella Haddid apostou no pretinho ousado para a abertura do festival francês Sameer Al-Doumy/AFP
compartilhe