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Siga noPara algumas pessoas, geralmente aquelas providas de vontade hercúlea e disposição sem fim, com o olhar voltado para além do horizonte, a comodidade da figura geométrica do "quadrado" não se encaixa em seu perfil. Elas extrapolam para o hexágono, talvez, o octógono, quiçá, o decágono. Tudo depende da maneira com que se mira o cristal.
Neste último polígono, cabe bem a dimensão existencial da desembargadora Simone dos Santos Lemos Fernandes, integrante da primeira composição do Tribunal Regional Federal Sexta Região, cuja promoção se deu em 2022, por merecimento, após ter sido escolhida pelo Superior Tribunal de Justiça para compor lista tríplice encaminhada à presidência da República. Ela entrou para a magistratura federal no início de 1997. Atuou em diversas áreas: criminal, cível, previdenciária, juizados especiais federais e istrativa.
"Minha grande paixão na vida são as crianças, motivo pelo qual, tanto no exercício da magistratura quanto fora dela, dediquei-me a esta área de predileção", explicou. Ela participou do programa Hubert Humphrey do Departamento de Estado dos EUA, em parceria com a Fulbright, para desenvolvimento de projetos relacionados a crimes cibernéticos próprios e crimes contra crianças pela internet, no biênio 2012/2013.
Ao retornar, especializou uma vara criminal nessa competência - primeira e única vara de crimes cibernéticos da Justiça Federal -, estabelecendo parcerias com o Juizado da Infância e da Juventude para acompanhamento de crianças e adolescentes vítimas de crime praticado pela internet, posteriormente extinta.
"Fui uma das idealizadoras e principal mantenedora da Associação Alegria (2008-2020), dedicada ao abrigo de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e econômica, preparando-os para reinserção na sociedade com independência e autonomia. Nesta empreitada, acrescentou, teve a honra de contar com a parceria de duas grandes amigas: Vânila Cardoso André de Moraes e Walquíria Rabelo. A entidade acolhia meninas provenientes de diversos abrigos da capital, já fora da idade limite normalmente considerada para adoção e que, por diferentes razões, não podiam retornar ao convívio familiar. "Desenvolvíamos atividades voltadas ao fortalecimento emocional, afetivo e educacional dessas jovens, preparando-as para uma vida autônoma e digna", justificou.
Como representante da Corregedoria Nacional, Simone Lemos integra o Comitê Nacional PopRuaJuci, criado para oferecer à população em situação de rua atendimento prioritário e sem burocracia nos tribunais brasileiros, possibilitando o o à justiça de modo célere, simplificado e efetivo. Essa uma sua outra atividade, exercida com empolgação e envolvimento, pois aproxima o Poder Judiciário de um dos destinatários mais sofridos de seus serviços.
Atualmente, a magistrada divide suas atividades entre a capital mineira e Brasília, atuando em auxílio à Corregedoria Nacional de Justiça, onde trabalha a convite do ministro Mauro Campbell Marques, na área correcional e na inspeção dos tribunais de justiça do país. "Participo ainda como representante da Corregedoria Nacional do Grupo de Trabalho da Memória da Escravidão, que vem tomando importantes iniciativas para preservação e manutenção de arquivos de nossa triste história, registrada em livros que não têm recebido o cuidado merecido", acrescentou.
A despeito de ter se afastado da vara de crimes cibernéticos, após sua promoção ao TRF-6, a desembargadora se encantou pelas novas tecnologias, "conscientizando-me cada vez mais da necessidade de que as dominemos, antes que nos dominem". No seu retorno ao Brasil fez pós-graduação em Segurança e Tecnologia da Informação (Faculdade UNA/MG), fundamental para aquisição de uma base de conhecimento sólida nesta área. Hoje, ela se desdobra em um curso de pós-graduação em Inteligência Artificial na Universidade Federal de Viçosa (online). "Minha grande contribuição ao TRF6 será, no momento adequado, o auxílio para que se torne a Corte de referência na área de tecnologia, com estrutura moderna, capaz de atender aos anseios de uma sociedade cada vez mais conectada e impaciente", salientou.
Nascida em Belo Horizonte, graduada em direito pela PUC-MG e doutora em direito público pela UFMG, é mãe de quatro filhos e avó de três netos, casada com o magistrado Evaldo de Oliveira Filho, "meu grande parceiro na estrada da vida". Apesar da vida atribulada e exercer muitas responsabilidades profissionais, Simone Lemos é entusiasta da prática esportiva, "essencial para o equilíbrio físico e mental". Em BH, frequenta o Minas Tênis Clube, onde nada com regularidade.
Já em Brasília, onde hoje investe a maior parte de seu tempo, prefere atividades ao ar livre, como canoa havaiana, natação, ciclismo e caminhada, sem abrir mão da prática regular de musculação. Além disso, já se aventurou em modalidades como arco e flecha e atletismo. Apaixonada por música, teve a oportunidade de estudar saxofone, clarineta e piano.