O salário mínimo é muito mais que um número: ele é o ponto de partida para a economia brasileira girar. Usado como referência para contratos formais, aposentadorias, pensões e programas sociais, ele tem impacto direto na vida de quem depende de um rendimento básico mensal. Em 2025, o novo valor surpreendeu parte da população e trouxe questionamentos importantes sobre seu real poder de compra.
O reajuste anual é aguardado com expectativa, pois define o padrão mínimo de sobrevivência de milhões de brasileiros. Embora o aumento seja comemorado por alguns setores, muitos ainda argumentam que o valor continua abaixo do necessário para uma vida digna.
Novo salário mínimo traz aumento real após anos de estagnação
Em abril de 2025, foi sancionado o reajuste do salário mínimo para R$ 1.518,00 — um aumento de 7,5% em relação a 2024. Apesar de ter sido oficializado em abril, o novo valor tem efeito retroativo a janeiro, garantindo pagamentos corrigidos desde fevereiro. Essa valorização, segundo o governo, visa recuperar perdas inflacionárias e oferecer um ganho real ao trabalhador.
O reajuste combina a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Ou seja, em 2025, o cálculo usou o PIB de 2023, respeitando o limite de 2,5%. Essa fórmula busca proteger o poder de compra do trabalhador, sem desestabilizar a economia.
Descontos obrigatórios reduzem valor real do salário
Apesar do aumento nominal, o trabalhador não recebe os R$ 1.518,00 na íntegra. Isso porque há diversos descontos obrigatórios: o INSS, com alíquotas entre 7,5% e 14%, e o Imposto de Renda, que pode chegar a 27,5% em faixas salariais mais altas. Além disso, valores referentes a vale-transporte, contribuições sindicais e empréstimos também são abatidos.

Com isso, o valor líquido do salário mínimo pode cair significativamente, especialmente para quem tem dependentes ou outras obrigações. A transparência nos contracheques e o conhecimento das deduções são essenciais para que o trabalhador compreenda exatamente o que está recebendo.
Salário mínimo ideal está muito acima do valor atual
Segundo o Dieese, o salário mínimo ideal para cobrir as necessidades de uma família de quatro pessoas deveria estar em torno de R$ 6.900,00 em 2025. Esse valor considera alimentação, moradia, saúde, educação, transporte, vestuário, lazer e previdência. A diferença entre o mínimo real e o ideal revela um abismo social que ainda persiste no Brasil.
Entretanto, elevar o salário mínimo de forma abrupta poderia causar demissões em massa, aumento da informalidade e sobrecarga nos cofres públicos. O desafio, segundo especialistas, é aumentar gradualmente o valor sem comprometer a geração de empregos.
Salário mínimo regional busca adaptar-se às realidades locais
Além do piso nacional, alguns estados brasileiros adotam o chamado salário mínimo regional. Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul definem seus próprios valores, geralmente mais altos, considerando o custo de vida local.
O mínimo regional vale principalmente para trabalhadores sem convenção coletiva e ajuda a equilibrar desigualdades econômicas entre as regiões. No entanto, ele não pode nunca ser inferior ao valor nacional estipulado pelo governo federal.