
Minas registra avanços, mas está longe do ideal
Estado melhora a cobertura no calendário infantil de imunização, superando em alguns casos o cenário nacional, mas ainda enfrenta quedas em vacinas importantes
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Siga noA cobertura das vacinas do calendário infantil em Minas Gerais registrou avanços acima do cenário nacional em 2024. Entre as 16 vacinas do calendário infantil, o estado atingiu as metas preconizadas pelo Ministério da Saúde para quatro imunizantes: BCG, tríplice viral, pólio oral e rotavírus. Os dados estão no do órgão público, que traz as doses aplicadas até 1 de outubro.
Os registros do órgão usam informações de doses aplicadas no Sistema Único de Saúde (SUS) e em laboratórios particulares. A BCG, que protege contra formas graves de tuberculose e tem uma meta de cobertura de 90%, alcançou 96,81% no estado, desempenho acima da média nacional de 91,78%. No caso da tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola e tem como meta 95% de cobertura, Minas Gerais ficou acima da média nacional, com 103,25% da meta.
Já a vacina oral contra a poliomielite – famosa gotinha – , uma das principais preocupações globais devido à ameaça de reintrodução da doença, cujo último registro no estado é de 1985, também ultraou a meta, com 102,27% de cobertura. Em novembro, o Brasil substituiu a gotinha pela VIP injetável, seguindo uma tendência mundial e orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS). A vacina contra o rotavírus, que previne formas graves de diarreia em crianças, alcançou 91,48%, superando a meta de 90% e garantindo maior proteção à população infantil.
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Imunizantes em queda
Por outro lado, os desafios estão longe de serem superados e o estado enfrenta quedas preocupantes em algumas vacinas. A cobertura para a vacina meningocócica C, que protege contra um tipo grave de meningite bacteriana, por exemplo, caiu em relação a 2023, ando de 97,47% para 82,20%. Outro exemplo é a vacina contra a varicela, que está há cinco meses fora de estoques no estado, conforme mostrou anteriormente reportagem do Estado de Minas, registrou uma cobertura de apenas 64,59%, muito abaixo da meta de 95% e ainda menor que os 80,18% alcançados no ano anterior. A cobertura da hepatite B também caiu ligeiramente, atingindo 86,28%
Belo Horizonte, por sua vez, apresenta um cenário ainda mais desafiador. A capital mineira conseguiu atingir as metas apenas para duas vacinas: a tríplice viral, com uma expressiva cobertura de 107,97%, e a pólio oral, com 99,77%. No entanto, o desempenho em outras vacinas está muito aquém do esperado. A BCG, por exemplo, atingiu apenas 83,62% de cobertura, bem abaixo da média estadual e nacional. A cobertura para o rotavírus, outra vacina essencial para a proteção de crianças pequenas, foi de apenas 78,89%, bem abaixo da meta de 90%.
A situação é ainda mais preocupante em vacinas como a DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, e que alcançou apenas 69,28% de cobertura em Belo Horizonte, frente aos 71,28% do ano ado. A capital registrou a morte de um recém-nascido por coqueluche em outubro. Este ano, foram registrados 160 casos da doença na capital, sendo que em 2022 e 2023 não houve registro de casos.
A pentavalente, que também inclui proteção contra hepatite B e Haemophilus influenzae tipo B, segue o mesmo padrão, com uma taxa de 69,28%. A vacina contra a meningite C apresenta números alarmantes na capital, com apenas 62,48% de cobertura, mesmo com um pequeno aumento em relação aos 53,62% do ano anterior.
Procurada pela reportagem, a prefeitura de Belo Horizonte informou que disponibiliza durante todo o ano imunizantes que compõem o calendário básico de vacinação nos 153 centros de saúde, além do Serviço de Atenção à Saúde do Viajante. “Cabe ressaltar que, em 2024, as ações de imunização foram intensificadas com a aplicação de doses em 447 escolas do município e em 177 instituições do estado. Foram aplicadas mais de 60 mil doses de vacina”, ressaltou por meio de nota.
Esforço para vacinar
Os desafios enfrentados por Belo Horizonte e Minas Gerais refletem questões que vão além de problemas logísticos. O negacionismo em torno das vacinas, as dificuldades de o em áreas mais afastadas e a desinformação são fatores que continuam a influenciar negativamente as taxas de vacinação.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, celebrou o avanço da vacinação infantil. “Aumentamos a vacinação de 15 das 16 vacinas do calendário infantil e temos esse dado importante, de termos alcançado a meta de cobertura. É essencial esclarecer que a vacina é proteção coletiva, então a nossa proteção depende da vacinação de cada um que tem recomendação para ser vacinado”, disse a ministra.
Para o médico infectologista Leandro Curi, a vacinação infantil é mais do que uma medida de proteção individual, é uma questão de saúde pública. “Com vacinas que previnem doenças altamente contagiosas e potencialmente fatais, como poliomielite, sarampo e meningite, alcançar as metas de cobertura deve ser um compromisso de governos, profissionais de saúde e sociedade”, afirma. A saída do Brasil da lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas, a recuperação do certificado de país livre do sarampo e a eliminação de surtos de doenças como rubéola mostram que esforços têm dado frutos.
Nísia Trindade
“É essencial esclarecer que a vacina é proteção coletiva, então a nossa proteção depende da vacinação de cada um que tem recomendação para ser vacinado”
Nísia Trindade Ministra da Saúde
Belo Horizonte conseguiu atingir as metas apenas para a tríplice viral, com uma expressiva cobertura de 107,97%, e a pólio oral, com 99,77%
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NÚMEROS DA VACINAÇÃO
BCG - Meta 90%
Brasil - 91,78%
Minas Gerais - 96,81%
Belo Horizonte - 83,62%
Tríplice viral - Meta 95%
Brasil - 95,67
Minas Gerais - 103,25
Belo Horizonte - 107,97
Pólio oral - Meta 95%
Brasil - 95,36%
Minas Gerais - 102,27%
Belo Horizonte - 99,77%
Rotavírus - Meta 90%
Brasil - 87,14%
Minas Gerais - 91,48%
Belo Horizonte - 78,89%
DTP - Meta 95%
Brasil - 87,21%
Minas Gerais - 89,27%
Belo Horizonte - 69,28% (caiu na comparação com o ano ado, que era 71,34%)
Varicela - Meta 95%
Brasil - 71,33%
Minas Gerais - 64,59% (caiu na comparação com 2023, quando registrou 80,18%)
Belo Horizonte - 57,18% (caiu na comparação com o ano ado, que já era uma cobertura baixa em 66,62%)
Febre Amarela - Meta 95%
Brasil - 89,59% em 2024 – 85,97% em 2023
Minas Gerais - 88,70% (caiu na comparação com o ano ado, que registrou 89,40%)
Belo Horizonte - 67,51% (caiu na comparação com o ano ado, que já era uma cobertura baixa em 66,62%)
Hepatite B - Meta 95%
Brasil - 89,59%
Minas Gerais - 94,9%
Belo Horizonte - 71,99% (no ano ado era 53,37%)
Hepatite B (reforço) - Meta 95%
Brasil - 86,91% (cresceu pouco, no ano ado era 85,97%)
Minas Gerais - 88,70% (ano ado era 89,40%
Belo Horizonte - 67,51% (no ano ado era 71,34%)
Pneumo 10 - Meta é 95%
Brasil - 90,59%
Minas Gerais - 92,26%
Belo Horizonte - 79,37% (conseguiu crescer diante dos 70,38% do ano ado)
Pentavalente
Brasil - 87,2%
Minas Gerais - 89,25%
Belo Horizonte - 69,28% (caiu um pouco em relação aos 71,32% de cobertura do ano ado)
Meningocócica C
Brasil - 85,50% (caiu um pouco em relação aos 88,81% do ano ado)
Minas Gerais - 82,20% (caiu em relação aos 97,47% do ano ado)
Belo Horizonte - 62,48% (subiu pouco em relação aos 53,62% de cobertura do ano ado)
Hepatite A
Brasil - 83,31%
Minas Gerais - 87,37%
Belo Horizonte -88,07% (subiu em relação aos 78,20%)