
Vereador invade sala de emergência, e paciente em atendimento morre
A prefeitura da cidade emitiu nota de repúdio e caracterizou o ato como 'vil e ardiloso'. O parlamentar afirma ser 'fiscal do município'
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Siga noVereador da cidade de Felício dos Santos, município na microrregião de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, Wladimir Canuto (Avante) invadiu uma sala de emergência da Unidade Básica de Saúde enquanto um homem que corria o risco de morrer estava sendo atendido. O caso aconteceu nessa segunda-feira (3/2), e, momentos após o parlamentar entrar no local, o paciente morreu. A prefeitura emitiu uma nota de repúdio e caracterizou o ato como “vil e ardiloso”. Já o parlamentar justifica a ação por ser “fiscal do município”.
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Em nota publicada no Instagram, o Executivo municipal afirma que o vereador "invadiu a Sala Vermelha de maneira abrupta e injustificada", o que ultraa o exercício de um parlamentar e não faz jus "ao mínimo de humanidade e empatia que se espera de um ser humano". Consta também no comunicado que Wladimir Canuto propagou agressões verbais contra os servidores públicos e agrediu fisicamente uma servidora que estava trabalhando.
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No texto, assinado pelo prefeito Weniton William França (PRD), é dito que a ação causou diversos tumultos na unidade de saúde, desestabilizando toda a equipe. "(...) Mesmo o paciente vindo a óbito, não foi o suficiente para o vereador ter empatia, causando revolta dos familiares e usuários/pacientes presentes na UBS", afirma a prefeitura.
O vereador
Diante da repercussão do caso, o vereador Wladimir Canuto publicou um vídeo no Instagram para "mostrar a verdade". O parlamentar conta que foi chamado por um cidadão para ir ao centro de saúde assistir uma cena que estava acontecendo. Quando ele chegou ao local, por volta de 16h30, Wladimir diz que se deparou com pessoas esperando atendimento desde às 14h. Segundo ele, isso motivou a atitude de entrar na área de atendimento.
No vídeo, ele alega que, na sala de espera, havia uma senhora chorando de dor na coluna e "uma jovem especial, que estava lá toda molhada, numa situação delicada". Wladimir relembra que a recepção estava vazia, e apenas uma atendente circulava.
À funcionária, o parlamentar perguntou a razão de as pessoas não estarem sendo atendidas, e foi informado que houve duas emergências que precisaram encaminhar para Diamantina, e, por isso, os atendimentos estavam atrasados. Em seguida, o parlamentar questionou à funcionária quantos médicos estavam atendendo. Ela teria informado que havia dois profissionais e que ambos estavam atendendo casos de emergências. Após responder, a funcionária retornou para a área de atendimento.
“No que ela foi entrando, eu entrei atrás. Eu, que sou fiscal do município. (...) O salário que todos os funcionários da prefeitura recebem eu fiscalizo, tenho que ver se eles estão trabalhando de acordo, se eles são merecedores do trabalho que recebem. Então eu entrei atrás", conta o parlamentar.
Wladimir conta no vídeo que a profissional tentou impedi-lo de entrar, mas que ele se recusou a obedecer. Segundo ele, quando é para defender a população de Felício dos Santos, "que me deu o direito de ser vereador", ninguém poderia impedir.
O parlamentar entrou na sala onde estava um dos médicos e conta que encontrou o profissional mexendo no celular. Wladimir diz que o médico falou que ia explicar a situação, mas ele se recusou a ouvir, porque "não queria explicações, queria que o povo fosse atendido".
Em seguida, ele procurou a segunda médica, que estaria atendendo o paciente em risco de morte. "Simplesmente abri a porta e não entrei. Vi que tinha muita gente lá dentro. Só perguntei se tinha médico lá dentro", alega o vereador. Depois de a profissional ter se identificado, ele conta que se retirou e voltou para a sala de espera.
O vereador não acredita que a ação tenha sido indevida e defende que estava exercendo sua função como fiscal do município. "Não foi a última vez que fiz isso. Foi a primeira, e quantas vezes precisar vou fazer de novo porque vocês estão aqui para trabalhar, para atender nosso povo. Não é para ficar no celular em horário de serviço", diz em vídeo.
Ainda segundo ele, a fila de atendimentos começou a andar assim que ele tomou as providências.
Sobre as acusações de agressão, ele nega que agrediu alguém fisicamente, mas afirma que houve ataques verbais. "Não tem ninguém que prove que eu agredi fisicamente. Verbalmente, sim. Falei muita coisa que eles precisavam ouvir", disse.
Possíveis consequências
Em nota publicada no Instagram, a prefeitura informa que vai tomar as providências cabíveis, sejam istrativas ou judiciais. O Executivo também manifestou que espera que a Câmara Municipal tome as devidas providências contra "as atitudes levianas e criminosas" do vereador, com a instituição de uma comissão para apurar os fatos.
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Para a prefeitura, as atitudes devem ser "em resposta ao sofrimento psicológico e físico de toda uma equipe que trabalha incansavelmente por toda uma população e de uma família que perdeu seu ente querido".
*Estagiária sob supervisão dos subeditores Eduardo Oliveira e Thiago Prata