Policial que matou homem em situação de rua agiu em legítima defesa, diz PC
O inquérito foi presidido pela delegada Ariadne Coelho, que se baseou em provas como: imagens de vídeo sobre a cena do crime, laudo pericial e depoimentos
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Siga noA Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu que um policial civil do Rio de Janeiro, de 26 anos, agiu em legítima defesa ao matar com cinco tiros um homem em situação de rua, identificado como Cristóvão Miranda, 63, na Avenida Cristiano Guimarães, no Bairro Itapoã, Região da Pampulha, em 22 de fevereiro deste ano.
O inquérito foi presidido pela delegada Ariadne Coelho, que se baseou em provas como: imagens de vídeo sobre a cena do crime, laudo pericial, depoimentos de testemunhas e coleta de provas.
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O laudo de necropsia, segundo a delegada, apontou que Cristóvão estava sob grande efeito de álcool e cocaína. Imagens comprovam, conforme a polícia, que o policial agiu em legítima defesa. “Ele tinha ido a um restaurante, com a mulher, de 23 anos, os avós de 77 e 72 anos, uma tia, de 44, e um sobrinho, de 15.”
“Os vídeos mostram o momento em que a família entra no restaurante e o homem, Cristóvão, os segue, entra, mas sai rapidamente, indo para a esquina e se esconde atrás de uma pilastra”, continua a policial.
A delegada Ariadne explica que, pouco depois, segundo as imagens, a família deixa o restaurante, e é surpreendida por Cristóvão, que faz ameaças ao policial.
“Ele começa a gritar para o policial: 'vou te matar, desgraça'. Repete isso várias vezes. O policial tenta afastar o homem, dizendo que ele não deveria se aproximar, pois era policial. Mas nesse instante, Cristóvão avança em direção ao policial e leva a mão à cintura, retirando alguma coisa. O homem caminha em direção ao policial, que saca seu revólver e faz seis disparos. Atinge cinco, na clavícula, tórax, cervical, ombro e mão. Cristóvão cai e, ao lado dele, a machadinha, que tinha na cintura”, conta.
Testemunhos
No entender da delegada Ariadne, tudo caracteriza uma agressão injusta, sofrida pelo policial carioca, que se sentiu ameaçado e se defendeu. “Depoimentos apontam que o morador de rua era hostil e que estava descontrolado, fazendo ameaças ao policial.”
Um outro testemunho diz que Cristóvão era uma pessoa boa durante o dia, mas que ficava alterado pelo consumo de drogas e de bebida alcóolica.
Um funcionário de uma academia contou que Cristóvão tinha ado na porta de seu trabalho, pouco antes de ser morto, mas que, por conhecer o homem, resolveu deixá-lo de lado. Pouco depois, escutou os disparos.
Colaboração
A delegada diz, também, que o policial colaborou durante toda a investigação. “Ele não fugiu. Foi a família quem chamou a Polícia Militar no momento da morte. O policial colaborou o tempo todo, inclusive, nos procurando”.
A delegada Ariadne diz que o inquérito já foi concluído e remetido à Justiça, com a conclusão de que a morte aconteceu em legítima defesa. Cabe ao Ministério Público (MPMG) decidir ou não por levar o caso a júri.
Homem em situação de rua
A história de Cristóvão Miranda é trágica. Ele tinha servido ao Exército Brasileiro e foi casado. No entanto, sua mulher pediu a separação e mudou-se para São Paulo. Nessa época, segundo familiares, ele ainda alimentava a esperança de reatar.
Mas a mulher morreu e, a partir daí, Cristóvão entrou em desespero, saindo de casa. Não procurava a família.
A investigação, segundo a delegada-chefe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Alessandra Wilke, foi cercada de cuidados. A Polícia Civil recebeu muitas críticas nas redes sociais, sendo, inclusive, acusada de proteger o policial.
“Não se pode fazer um pré-julgamento. Pois está aí o resultado de uma investigação minuciosa. As imagens de vídeo são claras e mostram, detalhadamente, tudo o que aconteceu, desde a chegada da família ao restaurante e depois ele saindo, quando houve a importunação ao policial e seus familiares. Além disso, o laudo pericial é claro e mostra que o homem estava drogado e ainda sob efeito de álcool. É uma mistura bombástica, que deixa a pessoa fora de si e, na maioria das vezes, agressiva”, afirma.
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