MOVIMENTO ESTUDANTIL

Estudantes são 'despejados' de cantina ocupada na UFMG

Movimento estudantil alega que o acordo com a reitoria para a desocupação durante o fim de semana e a retomada nesta segunda-feira (26/5) não foi cumprido

Publicidade
Carregando...

Integrantes do movimento estudantil Correnteza afirmam terem sido “despejados” da cantina do CAD2, que ocuparam no dia 6 de maio na UFMG. Os estudantes se depararam com a medida nesta segunda-feira (26/5), quando chegaram para retomar o espaço. A cantina havia sido transformada em uma lanchonete popular, que estava sendo gerida pelos próprios alunos.

“A gente se deparou com vários guardas da UFMG na porta da cantina, eles trocaram a fechadura e trancaram tudo, deixaram tudo fechado”, relata Mateus Ferraz, estudante de Letras de 24 anos e militante do Movimento Correnteza. 

Ele conta que os estudantes deixaram a cantina deliberadamente nesse fim de semana, pela primeira vez desde que a ocuparam, pois haviam feito um acordo com a reitoria. O combinado seria que os alunos saíssem do espaço para a realização da Mostra Sua UFMG, que aconteceu no último sábado (24/5), mas que poderiam retomar a cantina popular nesta segunda. “A gente tinha feito um combinado, a gente fez a nossa parte e, eles, não”, enfatizou Ferraz. 

Diante do “despejo”, integrantes do movimento estudantil estão se reunindo para planejar qual será o próximo o. “A nossa luta continua. Nós não estamos com nosso problema resolvido”, afirma o militante, se referindo ao descontentamento dos estudantes com a falta de cantinas.

De acordo com o membro do Correnteza, a reitoria ou a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis não entraram em contato com os integrantes do movimento após a ação.

O Estado de Minas pediu um posicionamento da UFMG sobre a situação. A universidade apenas reiterou o que emitiu em notas anteriores. 

Posicionamento

Mais uma vez, a universidade reforçou a nota que informa que está ciente dos transtornos causados pela falta de cantinas e que tem buscado alternativas para viabilizar o funcionamento das lanchonetes. A busca por soluções tem sido realizada desde o retorno às atividades presenciais em 2022, após a pandemia de Covid-19, de acordo com a UFMG. 

“À época, treze unidades tiveram os contratos rescindidos por interesse das contratadas diante do cenário de incerteza e dificuldades econômicas”, informou. Por isso, a instituição afirmou que a Pró-Reitoria de istração (PRA) abriu novos processos licitatórios a fim de reestabelecer o funcionamento das cantinas, mas “a grande mudança do comportamento de consumo da Comunidade Acadêmica após a pandemia acabou por provocar novas rescisões contratuais e pouca adesão aos processos licitatórios ao longo dos anos posteriores.”

A universidade ressaltou que, como instituição pública, só pode ceder seus espaços para uso comercial seguindo a lei de licitações e as demais normativas legais sobre o tema, inclusive sobre os valores a serem cobrados pelo uso. Ainda de acordo com a UFMG, foi solicitado à Fundação IPEAD, ligada à Faculdade de Ciências Econômicas (Face), um novo estudo técnico para a redefinição de valores a serem pagos como concessão remunerada de uso, com intuito de atrair interessados.

Cantina popular

O problema das cantinas inativas veio à tona com o fechamento da cantina da Faculdade de Letras (Fale) antes do início do período letivo deste ano, em março. No final de abril, o espaço foi brevemente ocupado, mas liberado e seguido da ocupação da unidade no CAD2, onde foi improvisada uma cantina popular nomeada Edson Luís, em homenagem ao estudante morto pela ditadura militar no Rio de Janeiro e que lutou pelo direito à alimentação.

Segundo integrantes do movimento estudantil, a proposta da cantina popular é mostrar à Reitoria da UFMG que é possível istrar uma lanchonete de forma simples e menos burocrática. Além disso, com preços íveis para alunos que, muitas vezes, não têm condições financeiras para arcar com lanches fora do horário em que as refeições do Restaurante Universitário são servidas.

Conforme Mateus Ferraz, os próprios alunos se organizaram e compraram os salgados prontos para revenda. Foram os integrantes do movimento estudantil que se revezaram para levar equipamentos e utensílios para a cantina popular.

As unidades do Centro de Atividades Didáticas 1 (CAD1) e da Escola de Música também foram tomadas por estudantes da UFMG, mas de maneira temporária. As cantinas foram ocupadas no dia 14 de maio. 

Prejuízos e alternativas

Alunos da UFMG reclamaram da inexistência de uma lanchonete no local, outros contaram ao Estado de Minas que não sabiam da existência do espaço no CAD2, até então desativado. “Estou descobrindo agora. Eu consumia pouco (na cantina da Letras). Consumia como grande parte dos alunos daqui, porque sempre foi muito caro, mas eu acho uma iniciativa interessante eles fazerem a cantina aqui, sinceramente, por ser mais perto e mais ível”, relatou o estudante de Letras Vinícius Menezes da Fonseca, que considera consumir produtos no novo espaço.

A distância entre os prédios e as filas demoradas foram os pontos mais criticados pelos estudantes. Alunos do CAD2 que escolhem ir até a lanchonete da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) têm enfrentado até 25 minutos de espera nas filas, devido ao aumento da procura. A situação tem feito com que eles escolham entre comer ou perder parte de suas aulas, uma vez que o intervalo entre elas, normalmente, é de 20 minutos.

Estudante de Letras e integrante da União Nacional dos Estudantes (UNE), Luiza Datas destacou o agravante da situação durante o período noturno, uma vez que as cantinas fecham às 21h e as aulas podem terminar até 22h30. “A gente está vivendo uma crise porque o próprio bandejão da UFMG também não comporta o volume de estudantes e tem um horário limitado também, então o que a gente tem procurado são formas dos estudantes se auto-organizarem e se alimentarem”, contou.

Atualmente, há grupos de venda de quitutes em toda a universidade, nos quais os próprios alunos vendem produtos, além de feiras realizadas em diferentes unidades. Outra medida criada foi o bandejão auto-organizado na moradia estudantil, no Bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha. 

Alugueis caros

Embora a UFMG tenha aberto uma nova licitação, es de cantinas no campus relataram problemas que, muitas vezes, os impedem de continuar oferecendo os serviços e produtos no campus. Na visão deles, o processo de licitação não é errado e a instituição segue à risca as regras do processo, mas muitos comerciantes não conseguem se manter no local, uma vez que o número de exigências e a instabilidade do lucro obtido na universidade podem prejudicar os estabelecimentos.

Segundo um que não quis se identificar, os aluguéis das cantinas podem ser mais caros do que os de comércios da Savassi, região considerada a mais cara da capital mineira. Além disso, é obrigatório que todos os funcionários sejam contratados e que não haja freelancers. No entanto, no período de férias, quando o movimento na universidade cai, é difícil bancar o quadro de contratados.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

“A vantagem é que dentro da universidade o público é garantido, não tem grandes preocupações. Por outro lado, se trabalha doze meses, fatura oito, porque tem férias e tem que manter a folha de pagamento, o aluguel. Dependendo do processo de licitação, durante as férias o aluguel cai, mas chegaram a fazer licitações cobrando o valor cheio, o que é impossível de pegar”, concluiu.


*Estagiária sob supervisão do subeditor Humberto Santos

Tópicos relacionados:

bh cantinas licitacao ocupacao ufmg

Parceiros Clube A

Clique aqui para finalizar a ativação.

e sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os os para a recuperação de senha:

Faça a sua

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay