Cão da raça chow-chow, que atacou tutora, é submetido à eutanásia
A técnica de enfermagem precisou levar 12 pontos e ará por cirurgia de reconstrução facial com o apoio de um projeto social
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Siga noO cachorro da raça chow-chow que atacou sua tutora e arrancou parte do lábio dela, em Ji-Paraná (RO), foi submetido à eutanásia após avaliação da Secretaria Municipal de Proteção e Bem-Estar Animal. Segundo o órgão, o animal apresentava agressividade extrema e representava risco iminente à segurança dos servidores, da população e de outros animais.
O ataque aconteceu no início de maio (5/5), quando Natani Santos, de 35 anos, se aproximou do animal, chamado Jacke, e foi surpreendida por uma mordida no rosto. A técnica de enfermagem precisou levar 12 pontos e ará por cirurgia de reconstrução facial com o apoio de um projeto social voltado a vítimas de traumas faciais.
De acordo com relatos de Natani, o cão demonstrava ciúmes excessivos e já havia protagonizado episódios de agressividade, chegando a mordiscar a testa de seu filho e a tentar atacar a filha. Mesmo assim, a família mantinha o animal havia cinco anos, desde filhote. "Ele foi criado com muito amor, mas às vezes esquecemos que animais têm instintos", disse ela.
Após o ataque, o marido da vítima, Tiago Pinto, relatou ao G1 que levou Jacke ao Centro de Zoonoses com receio de novos ataques, especialmente às crianças da casa. Ele autorizou a eutanásia em caso de necessidade e foi informado posteriormente que o cão, durante o período de observação, se recusava a se alimentar, não levantava e havia tentado atacar profissionais da equipe.
Apesar de exames terem descartado raiva e outras doenças, a Secretaria Municipal concluiu que o animal não poderia ser mantido sob custódia. Em nota oficial, a decisão pela eutanásia foi justificada com base na proteção da saúde pública e em conformidade com as normas éticas.
Imagem da câmera de segurança da casa de Natani
A repercussão do caso
O caso gerou comoção nas redes sociais após a divulgação do desfecho. O pai da família revelou que, inicialmente, omitiu a eutanásia da esposa, tentando poupá-la emocionalmente. A verdade, no entanto, veio à tona após o contato de uma ONG e a confirmação do procedimento pela própria secretaria.
Natani, além do trauma físico, agora lida com o impacto emocional da perda e com críticas recebidas online. “Não tenho raiva do Jacke, só peço que as pessoas busquem ajuda profissional ao notarem comportamentos agressivos em seus animais”, declarou.
Nas redes sociais, especialistas em comportamento animal que analisaram vídeos antigos da relação entre a dona e o cachorro destacaram a importância da observação de sinais de possessividade e agressividade.
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A eutanásia
O Guia Brasileiro de Boas Práticas para Eutanásia em Animais define eutanásia como “(...) a indução da cessação da vida animal, por meio de métodos tecnicamente aceitáveis e cientificamente comprovados, observando sempre os princípios éticos”.
Ainda de acordo com o guia, a eutanásia é indicada quando:
- O bem-estar animal estiver comprometido de forma irreversível, sendo um meio de eliminar a dor e/ou o sofrimento dos animais, sensações que não podem ser controladas por meio de analgésicos, sedativos ou de outros tratamentos;
- O animal constituir ameaça a saúde pública devido a doenças, por exemplo;
- O animal constituir risco a fauna nativa ou ao meio ambiente;
- O animal for objeto de ensino ou pesquisa;
- O tratamento representar custos incompatíveis com a atividade produtiva a que o animal se destine, ou com os recursos financeiros do proprietário.]
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Em entrevista ao Estado de Minas, o médico-veterinário Francisco Schall explica em quais casos costuma realizar o procedimento. “Na rotina clínica, utilizamos a eutanásia quando todas as formas de tratamento de um animal já foram esgotadas e ele se encontra em sofrimento”, descreve.
“Em casos em que não há nenhum recurso adicional a ser aplicado, observando que o animal não reage mais ao tratamento, a medida pode ser tomada”, continua. “Em relação à agressividade e questões comportamentais, eu, particularmente, não realizo esse tipo de metodologia.”
O profissional também alerta para a importância de analisar o vínculo entre o animal e o dono em casos como esse. “É preciso observar a forma como o animal foi tratado em casa e como foi criado”, explica.
“O cão possui uma natureza de ser criado a partir de uma matilha. Nesse sentido, ele deveria enxergar sua família humana como a sua matilha”, desenvolve. “Apesar disso, a raça chow-chow possui, naturalmente, um temperamento bastante forte, então isso precisa ser levado em consideração.”
Estagiária sob supervisão da subeditora Fernanda Borges