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editorial

Falta preparo para lidar com o calor intenso

A revisão e construção de políticas sustentáveis de educação, moradia e infraestrutura urbana não podem mais desconsiderar as adaptações às mudanças climáticas

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Até o fim desta semana, em se tratando de calor, o Brasil poderá se transformar no pior lugar do mundo, segundo previsão do Centro Europeu de Meteorologia. Desde o início do ano, o país enfrenta ondas de altas temperaturas, mas a de agora parece ser ainda mais extrema, indicando que a chegada do fenômeno La Niña não esfriou a temperatura como o esperado.

Nessa segunda-feira, os termômetros no Rio de Janeiro oscilaram entre 40oC e 44oC, chegando a dar uma sensação de 50oC aos cariocas — a mais alta temperatura do mundo. A primeira vez em que os fluminenses enfrentaram situação semelhante ocorreu 10 anos atrás. Conforme previsão do Climatempo, brasileiros das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste também não estarão livres do fenômeno nos próximos dias. Apesar de crítica, a situação não é inédita. Ao contrário, é recorrente. E vem se agravando em uma velocidade que contrasta com a da resposta das autoridades a esse fenômeno.

O aumento da temperatura do planeta é resposta às intervenções antrópicas, humanas, na natureza. No Brasil, eliminar o desmatamento de florestas e queimadas, respectivamente, na Região Amazônica e no Cerrado, virou problema crônico, agravado pela polarização política. E a inépcia das autoridades públicas não fica restrita às áreas naturais. Faltam projetos e protocolos para mitigar os efeitos da crise climática nos espaços urbanos.

Todos os anos, por exemplo, discute-se o que fazer nas escolas — sobretudo as públicas — durante os períodos de calor excessivo. Mais uma vez, em 2025, os estudantes iniciam o ano letivo em espaços que ainda não foram preparados para amenizar o desconforto que a elevação da temperatura impõe.

Entre os possíveis efeitos imediatos da deficiência na infraestrutura escolar, estão sonolência, perda de concentração nas aulas e desidratação. Mas uma escola que não desperta vontade de crianças e jovens em estar nela tem consequências estruturais a longo prazo — o abandono é uma delas. Há de se ressaltar que instituições de ensino nas periferias dos centros urbanos ou no interior dos municípios costumam ser equipamentos públicos mais precários, favorecendo, assim, a perpetuação de desigualdades.

A dinâmica se repete em outras áreas, como a de transportes públicos — mais uma vez, o noticiário mostra pessoas desmaiando de calor em ônibus cheio de ageiros e não refrigerados — e nas habitações populares — a época é repleta de depoimentos de famílias aglomeradas em pequenos espaços escaldantes e preocupadas em não comprometer a conta de energia por conta do uso de ar-condicionados ou outros artifícios.

A revisão e a construção de políticas sustentáveis de educação, moradia e infraestrutura urbana não podem mais desconsiderar as adaptações às mudanças climáticas. Assim como os protocolos sobre quais medidas a serem tomadas, em diferentes cenários, diante da chegada de uma nova onda de calor precisam estar muito bem definidos. E mais: não são raros os casos em que o calor intenso é substituído por chuvas torrenciais. As experiências têm mostrado que as marcações dos termômetros até mudam, mas os estragos e a falta de manejo parecem inalteráveis.

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