PGR sobre Bolsonaro: ataque à democracia aumentou após Lula ficar elegível
Segundo a PGR, a partir de 2021, Bolsonaro ou a colocar em prático planos para se manter no poder "a qualquer custo"
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Siga noO Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, afirmou que os ataques à democracia promovidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro se intensificaram a partir de 2021, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recuperou seus direitos políticos e tornou-se elegível. De acordo com Gonet, a partir desse momento, Bolsonaro ou a colocar em prática planos articulados para se manter no poder a qualquer custo.
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A declaração foi feita na apresentação da denúncia da PGR contra Bolsonaro e aliados por suposta organização criminosa para a tentativa de golpe. Segundo Gonet, a escalada dos ataques foi acompanhada de um crescente tom de ruptura institucional nos discursos do então presidente.
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"A denúncia recorda que, a partir de 2021, o presidente da República proferiu discursos em que adotou crescente tom de ruptura com a normalidade institucional. Mostrava-se descontente com decisões de tribunais superiores e com o sistema eleitoral eletrônico em vigor. A escalada ganhou impulso mais notável quando Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se elegível e o cenário das pesquisas eleitorais se mostrou a ele inclinado", disse o Procurador-Geral da República.
Ainda de acordo com o procurador-geral, a investigação revelou que o grupo ligado a Bolsonaro documentou estratégias para tentar invalidar o resultado eleitoral. "Foram então postos em prática planos articulados para a manutenção a todo custo do poder do então presidente da República (Jair Bolsonaro). A organização criminosa documentou o seu projeto e, durante as investigações, foram encontrados manuscritos, arquivos digitais, planilhas e trocas de mensagens reveladores da marcha da ruptura da ordem democrática, objeto dos esforços da organização", disse.
"Para criar condições favoráveis ao seu propósito, o grupo registrou a ideia de estabelecer um discurso sobre urnas eletrônicas e votações, e de replicar essa narrativa, novamente e constantemente, a fim de minar a credibilidade do provável resultado eleitoral desfavorável", continuou.
O julgamento do ex-presidente e de outros sete acusados de integrarem o núcleo central da articulação acontece nesta terça-feira (25/3) na Primeira Turma do STF. O colegiado analisa a denúncia apresentada pela PGR e decidirá se aceita ou rejeita a acusação.
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Além de Bolsonaro, estão sendo julgados o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem; o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos; o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno; o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira; o ex-ministro da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto; e o ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro Cid.