DE OLHO EM 2026

Foco nacional, disputa pelo Senado movimenta partidos em Minas

Corrida pelas duas vagas em jogo no ano que vem reúne elementos da política nacional e estadual. Veja os nomes mais cotados em Minas até aqui

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As eleições de 2026 se avizinham e, com isso, os partidos ao redor do Brasil já traçam suas estratégias para se posicionar interna e externamente às demandas das urnas. Naturalmente, os holofotes mais potentes lançam luz sobre as especulações que rondam a disputa pelo Palácio do Planalto e pelos governos estaduais. Dentro dos diretórios estaduais das legendas, no entanto, a corrida pelo cadeira no Senado é tratada com atenção especial. Diante do recente papel da Casa Alta do Congresso em um cenário de beligerância ideológica na Câmara dos Deputados e das duas vagas abertas no ano que vem, garantir representação nesse âmbito tornou-se estratégico.

Em Minas Gerais, o espelhamento do embate nacional entre o Partido Liberal (PL) e o Partido dos Trabalhadores (PT) se repete também na importância que ambas as legendas dispensam à corrida pela Casa Alta do Congresso. O primeiro, agarrado ao novo papel do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de montador de chapas concorrentes ao Senado, observa uma corrida interna de nomes fortes na política nacional que tentam se mostrar úteis aos desígnios do capitão. O segundo busca voltar a ter um senador por Minas Gerais, enquanto lida com uma eleição interna pelo comando partidário e com a necessidade de fazer alianças que viabilizem uma candidatura de centro-esquerda para o Executivo estadual.

O PL é o partido que mais explicitamente coloca seu foco no Senado Federal. Inelegível e enfrentando um processo na esfera criminal, Jair Bolsonaro encarnou o personagem de articulador interno do partido, e seu foco é montar um grupo forte de senadores conservadores. Foi nesse certame legislativo que ele teve mais dificuldade de articulação durante seu período como presidente, e é também por lá que o atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atua para frear empreitadas bolsonaristas que encontram mais eco na Câmara dos Deputados.

Para garantir uma vaga na disputa pelo Senado com o “22” do PL, é preciso, então, entrar no jogo de Jair. O atual presidente da legenda em Minas, Domingos Sávio, é um dos que pleiteiam esse apoio. Ele se aproximou recentemente das lideranças bolsonaristas jovens no estado, como os vereadores da capital Vile dos Santos e Pablo Almeida.

Deputado federal, assim como Sávio, Eros Biondini é outro que quer concorrer pelo PL. Com discurso fortemente religioso, o parlamentar abraça as teses do capitão com fidelidade e se coloca abertamente na disputa interna do partido. À reportagem, ele destacou que está disposto a levar à frente uma das causas mais caras ao bolsonarismo no que tange ao Senado, a abertura do processo de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Eu, sinceramente, não sei em relação aos outros, mas a minha posição em relação a isso está definida há muito tempo. O Supremo Tribunal Federal está hipertrofiado e está exagerando na sua atuação, inclusive, usurpando atribuições que são do Congresso. Eu não tenho dúvida que se eu estivesse no Senado hoje, eu não só votaria o processo de impeachment, mas eu proporia abrir o processo de impeachment”, afirmou. 

O PL mineiro também abriga nomes que correm por fora e se destacam pela proximidade com Bolsonaro. Um deles é o deputado estadual Cristiano Caporezzo. Histriônico, verborrágico e forte nas redes sociais, o parlamentar pode ser considerado na disputa. Vile dos Santos, vereador de BH, ex-assessor do deputado estadual Bruno Engler (PL) e pessoalmente próximo de Bolsonaro, também é ventilado, sendo inclusive publicamente citado como um nome apoiado pelo senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG).

Ainda na ala mais à direita da política mineira, nomes fortes despontam fora do PL, mas não necessariamente sem disputar o eleitorado bolsonarista. O nome mais próximo ao governador Romeu Zema (Novo na lista de cotados ao Senado é o do secretário de Governo, Marcelo Aro (PP). Homem forte na articulação política do estado, ele já concorreu ao cargo em 2022 e pode voltar ao pleito no ano que vem.

O deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos) é outro que deve estar na disputa. O parlamentar é presidente estadual do partido, que já tem uma das vagas da bancada mineira no Senado, ocupada por Cleitinho, com mandato até 2030. Carlos Viana (Podemos), atual senador, com mandato expirando no ano que vem, também se coloca na disputa.

PT entre apoios e questões internas

Até o início de julho, quando acontecem as eleições internas do partido, o PT deve olhar para dentro antes de começar a definir os rumos para 2026. Em Minas Gerais, entretanto, está pacificado que o foco do partido será reeleger Lula e garantir ao menos uma das duas vagas no Senado.

Na última segunda-feira (12/5), ao lançar sua candidatura à presidência do PT em Minas, a deputada federal Dandara Tonantzin explicitou o objetivo: “Quando ar esse processo interno de eleição, já devemos chamar os partidos da base do presidente Lula para dialogar e construir esse calendário. Nós vamos vencer primeiro a questão interna para depois avançar nessa articulação. A prioridade é unificar a base do presidente Lula no estado e ter candidatura do nosso campo para o governo e para o Senado.”

Dandara representa a continuidade do grupo que atualmente comanda o partido no estado. Se essa célula petista se mantiver no comando, o nome mais forte para a disputa ao Senado é o deputado federal Reginaldo Lopes, quarto mais votado em Minas em 2022. O parlamentar é o petista mineiro mais consolidado na incipiente corrida pelo cargo de senador. 

A entrada de outros nomes na disputa esbarra na escolha entre tentar eleger um ou dois candidatos. O PT ainda não tem um nome definido para a disputa pelo governo de Minas, mas é praticamente pacificado que o partido apoiará alguém de outra legenda. Nas costuras, a disputa pelo Senado pode entrar na negociação.

O principal nome cotado para ser apoiado pelo PT na disputa pelo estado é o do senador Rodrigo Pacheco (PSD). A dobradinha entre os partidos já resultou, no último pleito, na renúncia petista em disputar o Senado em 2022. À época, a briga pela vaga única na Casa foi assumida por Alexandre Silveira (PSD). Ele perdeu para Cleitinho, mas viria a integrar o governo como ministro de Minas e Energia.

Estratégias de disputa

A disputa pelo Senado tem características próprias, primeiro por ser uma eleição majoritária, mesmo para um cargo legislativo. Outro ponto é que a Casa se renova de quatro em quatro anos, alternando uma lógica de renovação de um terço dos componentes em um pleito e de dois terços no outro. Cada estado tem três senadores com mandatos de oito anos. Para Minas Gerais, em 2026, se encerram os mandatos de Carlos Viana e Rodrigo Pacheco.

Para o professor da Universidade Federal de Alfenas (Unifal) e pesquisador do Centro de Estudos Legislativos da UFMG, Thiago Rodrigues Silame, além da importância de cada estado ter duas vagas em disputa, a corrida pelo Senado em 2026 carrega a relevância gerada pelo momento político do país.

“Em 2022, a direita experimentou um crescimento importante na Câmara dos Deputados e no Senado também, mas o Senado se mantém mais ao centro. Mesmo assim, o governo Lula conseguiu importantes vitórias legislativas. No contexto da polarização, ter maioria  no Poder Legislativo pode ser importante, tanto para o governo quanto para a oposição. E o PL traça planos para aumentar sua presença no Senado, assim como o PT”, analisa previamente. 

As duas vagas em disputa, no entanto, exigem uma articulação mais complexa dos partidos, aponta o professor. Ele destaca como os eleitores costumam se comportar nesse tipo de escolha e como o cenário atual de fusões e federações partidárias pode influenciar a disputa pelo Senado no ano que vem.

“O fato de ter duas vagas em disputa embaralha o jogo. O cidadão pode eleger dois senadores com orientações  ideológicas diferentes. O eleitor não presta muita atenção à escolha dos Senadores. Uma estratégia dos partidos pode ser campanhas casadas. Outra estratégia pode ser lançar políticos conhecidos e que estão em evidência ou até mesmo lançar outsiders famosos. Um último aspecto institucional e que pode ter uma consequência importante para as eleições para o Senado tem relação com o surgimento das federações e fusões de partido. Pode ocorrer uma diminuição na oferta de candidatos o que pode facilitar a vida para o eleitor e explicitar as posições ideológicas dos candidatos”, analisa.

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