DESAFIOS

Câncer de pâncreas: veja a doença que levou Lúcia Alves à morte aos 76 anos

Doença que vitimou a atriz da novela 'Irmãos Coragem' é diagnosticada tardiamente em 85% dos casos e apresenta sintomas específicos apenas em estágios avançados

Publicidade
Carregando...

A atriz Lúcia Alves, conhecida por seus papéis em novelas como "Irmãos Coragem" e "O Cravo e a Rosa", faleceu na noite de quinta-feira (24) aos 76 anos, em decorrência de um câncer de pâncreas. A confirmação veio da Casa de Saúde São José, onde estava internada no Centro de Terapia Intensiva desde 14 de abril.

No início deste ano, Lúcia falou abertamente sobre o tratamento da doença, diagnosticada em 2022: "Uma vez por semana vou ao hospital fazer quimioterapia. Aí fico cansada no dia seguinte, mas depois normaliza." A atriz também demonstrou sua atitude positiva em relação ao diagnóstico: "A melhor coisa é aceitação. Quando você compreende isso e aceita as coisas, tudo se modifica e fica melhor."

O câncer de pâncreas é conhecido por sua agressividade e dificuldade de diagnóstico precoce. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), são esperados 10.980 novos casos da doença em 2025, que afeta mulheres e homens de maneira proporcional.

"Nos estágios iniciais do câncer de pâncreas, pode não haver sintomas perceptíveis. Conforme o tumor cresce, os sintomas podem incluir perda de peso não intencional, perda de apetite, fadiga, dor na parte superior do abdômen com irradiação para as costas e, em alguns casos, sinais de obstrução biliar como icterícia, fezes claras ou urina escura”, explica Mauro Donadio, oncologista da Oncoclínicas&Co.

Diagnóstico tardio representa desafio

Um dos grandes problemas relacionados ao câncer pancreático é que apenas 10% a 15% dos casos são diagnosticados em estágios iniciais, o que diminui as chances de cura.

"Infelizmente, o câncer de pâncreas é difícil de detectar e diagnosticar precocemente e, na maioria das vezes, o diagnóstico é feito após investigação de queixas do paciente", pontua Donadio. "Esse diagnóstico mais tardio acontece por alguns motivos: não há sinais ou sintomas específicos nos estágios iniciais; os sinais, quando presentes, são semelhantes aos de muitas outras doenças; e a localização do pâncreas faz com que ele seja obscurecido por outros órgãos no abdômen, sendo difícil de visualizar claramente em exames de imagem. Além disso, o câncer de pâncreas é um dos mais agressivos dentre os tumores do aparelho digestivo, e sua progressão de um estágio inicial para um mais avançado pode ser muito rápida."

Novas técnicas diagnósticas têm surgido para tentar detectar a doença em fases mais precoces. Uma delas é a biópsia líquida, um método menos invasivo que permite detectar fragmentos do material genético do tumor em exames de sangue. "As principais vantagens das biópsias líquidas incluem sua invasividade mínima e repetibilidade, permitindo avaliações dinâmicas para auxiliar no diagnóstico, particularmente detecção precoce, estratificação de risco, monitorização e medicina de precisão em câncer, incluindo o de pâncreas, mas ainda não temos o a essa tecnologia de forma validada na prática clínica para tumores pancreáticos", destaca o oncologista da Oncoclínicas&Co.

Sobre os fatores de risco relacionados a tumores de pâncreas, o Mauro cita tabagismo, etilismo, obesidade, histórico familiar e pancreatite crônica como fatores associados ao aumento das chances de desenvolvimento deste tipo de câncer. Para reduzir os riscos, ele recomenda evitar o consumo de bebidas alcoólicas, praticar atividades físicas regularmente, manter uma dieta equilibrada rica em frutas, vegetais e grãos integrais, manter um peso saudável e evitar fumar. Existem ainda casos associados a mutações genéticas hereditárias, como mutação do gene BRCA, e essa discussão é sempre importante ter com os pacientes diagnosticados com câncer de pâncreas.

O tratamento, mesmo que em estágios iniciais operáveis, invariavelmente vai demandar quimioterapia e uma boa notícia é que modernizações dos protocolos com drogas mais eficazes e toleráveis em breve estarão disponíveis também no Brasil.

Carreira marcante

Lúcia Alves estreou na televisão em 1969 e construiu uma carreira de mais de 60 anos, destacando-se por sua versatilidade. Além de "Irmãos Coragem" e "O Cravo e a Rosa", a atriz participou de produções como "Barriga de Aluguel", "Ti Ti Ti", "Sob Nova Direção" e "Joia Rara", seu último trabalho na Globo em 2013. Estava afastada da TV desde 2015, quando participou da série "República do Peru", da TV Brasil.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

e sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os os para a recuperação de senha:

Faça a sua

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay