Câncer de esôfago atinge mais idosos?
Oncologista cita quatro atitudes após o diagnóstico da doença que atingiu Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai
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Siga noO câncer de esôfago é mais comum em pessoas com mais de 60 anos, especialmente em homens. Os principais fatores de risco são envelhecimento, tabagismo, consumo excessivo de álcool, obesidade, doença do refluxo gastroesofágico crônico, esofagite ou esôfago de Barrett, dieta pobre em frutas e vegetais, entre outros.
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De acordo com o cirurgião e mestre em oncologia Wesley Pereira, entre os tipos, há o adenocarcinoma de esôfago, com forte associação com obesidade, especialmente abdominal. “Isso ocorre porque o excesso de gordura aumenta o risco de refluxo gastroesofágico e, com o tempo, pode levar ao esôfago de Barrett, condição precursora do adenocarcinoma”, adverte o médico. E há também o carcinoma espinocelular (epidermoide), que está mais relacionado ao tabagismo, álcool e má nutrição, e menos relacionado com obesidade.
Entre os sintomas, que geralmente surgem nas fases mais avançadas da doença estão a dificuldade para engolir (disfagia), a dor ou sensação de que a comida "fica presa" na garganta ou peito, perda de peso sem causa aparente, rouquidão ou tosse persistente, azia frequente e vômitos com sangue, em casos avançados.
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Conforme o médico, há quatro atitudes importantes após o diagnóstico de câncer de esôfago:
- Buscar um especialista com experiência em tumores gastrointestinais
- Fazer exames de estadiamento (tomografia, endoscopia, PET-CT) para entender a extensão do tumor
- Ajustar a alimentação, com apoio de nutricionista, para manter peso e energia
- Manter apoio emocional e familiar, participando de grupos ou terapia, se necessário
“O tratamento depende de três fatores principais: o estágio da doença, o tipo histológico e as condições clínicas do paciente (nutrição, idade, doenças associadas). A cirurgia (esofagectomia) é o principal tratamento com intenção curativa em estágios iniciais e localmente avançados. Consiste na remoção parcial ou total do esôfago, com reconstrução usando o estômago ou o cólon. É indicada se o tumor não invadiu estruturas vitais e não há metástases à distância, e pode ser precedida por quimio e/ou radioterapia. A recuperação exige UTI, reabilitação nutricional e controle rigoroso de infecções, porque é um procedimento de alta complexidade e requer equipe experiente em cirurgia torácica e cuidados intensivos”, comenta o especialista.
Segundo o oncologista, a quimioterapia é utilizada em diferentes momentos a depender da extensão da doença. Também é um tratamento neoadjuvante (pré-cirurgia) para reduzir o tumor, adjuvante (pós-cirurgia) para eliminar as células remanescentes e paliativa (estágio avançado) para o controle da doença e dos sintomas.
Há também a radioterapia para destruir as células tumorais e pode ser utilizada em conjunto com quimioterapia (radioquimioterapia) para tumores localmente avançados; e a imunoterapia, em casos avançados ou com recaída após tratamento tradicional. Ela atua estimula o sistema imune a atacar as células tumorais.
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Terapias de e e paliativas
Em estágios avançados ou terminais, as recomendações são:
- Colocação de próteses esofágicas para ajudar na alimentação
- Nutrição por sonda ou gastrostomia
- Controle de dor, náuseas e sintomas digestivos
- Apoio psicológico e cuidados paliativos
O paciente é considerado em estado terminal quando o tumor está muito avançado ou com metástases múltiplas (em fígado, pulmões, ossos etc.) e não responde mais ao tratamento disponível, além do comprometimento da capacidade de alimentação, respiração ou consciência. “Nessa fase, o foco é conforto, controle da dor e e à dignidade do paciente”, diz o médico.
Nas fases iniciais, o câncer de esôfago pode ser curado, especialmente com cirurgia e tratamento combinado. Em fases avançadas, a cura é mais difícil.
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