O que é escoliose grave? Entenda condição da filha de Rodrigo Faro
Ortopedista fala sobre a doença e destaca a importância do diagnóstico precoce e de tratamentos indicados
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Siga noMaria Viel Faro, filha do apresentador Rodrigo Faro e da modelo Vera Viel, foi diagnosticada com escoliose em estágio grave (nível 34), uma deformidade tridimensional na coluna que causa curvatura fora do comum da coluna vertebral. A curvatura pode ser no formato de S ou C e as regiões mais comuns de ocorrência são na lombar e na torácica.
A doença foi identificada a tempo de evitar uma cirurgia, indicada para casos em que a curvatura ultraa os 40 graus. Por conta do diagnóstico, Maria vai ar por um tratamento que consiste em usar um colete de escoliose durante 18 horas por dia, por um ano.
Essa condição é mais comum em adolescentes, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária. Só no Brasil, a escoliose atinge 6 milhões de pessoas. Entre os sintomas estão: má postura, diferença na altura dos ombros e rotação da coluna vertebral. O tratamento pode envolver fisioterapia, colete ortopédico e cirurgia, dependendo do caso.
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Tipos de escoliose
Segundo André Evaristo Marcondes, ortopedista especializado em coluna do Núcleo de Medicina Avançada do Hospital Sírio-Libanês, a escoliose possui diferentes causas. São elas:
- Escolioses congênita: má formação presente no nascimento
- Escoliose neuromuscular: em decorrência de doenças neuromusculares que causam desequilíbrio do tronco em decorrência da função cerebral ou neuromuscular alterada
- Escoliose degenerativa: também chamada de escoliose do adulto, ocorre pela degeneração das estruturas da coluna
- Escoliose idiopática: é o tipo mais frequente, em que a coluna vai "entortando" durante o desenvolvimento da infância ou da adolescência
O médico explica que "idiopática" significa "sem causa definida". Sabe-se, então, que há uma alteração durante o estirão de crescimento da criança ou do adolescente, mas não há nenhuma teoria completamente confirmada ou descartada.
Fatores de risco
O médico explica que, em todas as causas de escoliose, há um forte componente genético. Apesar disto, a doença não se trata de uma correlação genética autossômica dominante, ou seja, se a mãe ou o pai tiverem, não significa necessariamente que o filho também terá. "A escoliose é uma doença multifatorial e genética, ou seja, a combinação gênica dos pais cria uma predisposição genética para o aparecimento da escoliose."
Dessa forma, os fatores de risco não são característicos ou muito bem elucidado, mas incluem: diagnóstico em parentes de primeiro grau, avitaminoses não específicas, ser do sexo feminino, os períodos de crescimento na infância e adolescência e a presença de alguma doença neuromuscular ou neurodegenerativa.
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Tratamento
De acordo com o ortopedista, uma vez que a deformidade é corrigida por meio de cirurgia, não tem como ela voltar. "Isso porque a cirurgia é uma fusão vertebral. Você realinha a coluna e faz uma fusão dos ossos, de modo que a correção não é possível de ser desfeita", explica.
Já o colete não é utilizado para diminuir ou tratar a curvatura. Há uma diminuição do grau da curvatura no período de uso, porém, após a retirada, a curvatura retorna ao grau inicial, no momento do diagnóstico. A tendência é que essa curvatura não progrida, uma vez que terminou o crescimento da criança. O uso do colete, portanto, é para evitar a progressão da deformidade.

Cuidados
No diagnóstico clínico, o paciente é colocado de costas para ver se há alguma assimetria na altura dos ombros, das pregas glúteas e das cristas ilíacas ou da bacia, além do triângulo formado entre o tronco e o braço, conhecido como triângulo de talhe. Se houver alguma assimetria de costas; ou se, de frente, houver alguma diferença entre a altura ou a proeminência do 'ossinho' da clavícula na altura do esterno, ou assimetria na altura das mamas ou mamilos, há suspeita de escoliose. Nesses casos, André recomenda que se procure um ortopedista com a maior brevidade possível. "Outra bordagem é que seja feita uma consulta ortopédica entre os cinco e sete anos e também em torno e dos 12 e 13 para avaliação", diz.
Além do diagnóstico, é identificado o grau de deformidade da coluna:
- Até 20 graus: normal ou relativamente normal
- De 20 a 40 graus: se a criança ainda estiver no período de crescimento, é feito o uso do colete. Se o crescimento tiver terminado, o adolescente apenas a por observação médica
- Mais de 40 graus: indicação absoluta de tratamento cirúrgico. Nesses casos, mesmo após o uso do colete, as deformidades continuam progredindo, com velocidade média de 2 graus por ano.
O médico ressalta que, mesmo nas pequenas deformidades, é importante que o paciente realize atividades físicas de baixo impacto continuamente. "Natação ou artes marciais como judô ou jiu-jítsu são indicadas para fortalecimento e equilíbrio do tronco", comenta. Intervenções de fisioterapia voltadas para a reeducação postural global (RPG) também são recomendadas.
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Outras deformidades
Segundo o especialista, existem curvas que fazem parte da constituição física normal. "Todo ser humano visto de frente é aparentemente reto. Mas, de lado, há a lordose cervical e lombar (formando um C para trás) e a cifose torácica (formando um C para frente) e, desde que curvas estejam equilibradas, não há com o que se preocupar."
O problema é quando há uma diminuição ou aumento da cifose torácica, esta última conhecida como doença de scheuermann ou hipercifose torácica; ou quando há uma diminuição ou aumento da lordose, seja ela cervical ou lombar, ou uma inversão dessas curvas. "Porém, esses tipos de patologia são menos incidentes, e a necessidade de abordagem cirúrgica é menor, se comparado com a escoliose", esclarece.
* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.
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