EFEITOS COLATERAIS

Venda de anabolizantes cresce 670% no Brasil: veja os riscos

Substância é usada principalmente para acelerar o ganho de massa muscular, mas pode causar sérios danos à saúde

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Os anabolizantes são substâncias sintéticas utilizadas para promover o rápido desenvolvimento de tecidos, principalmente o muscular. Esses hormônios, geralmente derivados da testosterona, têm seu uso proibido na maioria dos casos.

Mesmo assim, a venda de anabolizantes registrou um crescimento exponencial em 2024, com um aumento de 670%, causado por pressões sociais relacionadas a padrões estéticos.

A busca por resultados rápidos e por um corpo considerado ideal tem elevado a demanda pela substância. No entanto, os efeitos sobre a saúde podem ser graves a longo prazo, atingindo diferentes sistemas do organismo.

São ilegais no Brasil?

De acordo com a Lei nº 6.368/1976, é proibido vender ou utilizar anabolizantes esteroides no país, exceto em casos específicos com prescrição médica.

Ainda assim, o uso da substância vem crescendo entre os brasileiros nos últimos anos. Inicialmente, os anabolizantes surgiram como uma forma de reposição de testosterona, mas acabaram ganhando popularidade como recurso para ganho de força muscular.

Efeitos colaterais do uso inadequado

O consumo de anabolizantes pode causar diversos efeitos adversos. Entre os mais preocupantes estão os impactos na saúde mental, como alterações de humor, agressividade, paranoia e até episódios de psicose. Segundo Paulo Egydio, PhD em urologia, os efeitos colaterais podem ser bastante preocupantes.

“O uso indiscriminado de anabolizantes pode causar diversos danos ao organismo. Um dos primeiros impactos ocorre nos testículos. Isso acontece porque o uso de testosterona ou de seus derivados faz com que o organismo interprete que os níveis do hormônio estão adequados ou até acima do necessário. Como consequência, o cérebro, por meio do eixo formado pelas glândulas hipotálamo e hipófise, entende que não há mais necessidade de estimular os testículos a produzirem testosterona”, alerta.

Segundo o médico, os efeitos do uso indiscriminado de anabolizantes começa pelo impacto direto nos testículos, mas não param por aí. O uso prolongado da substância pode desencadear uma série de outros problemas de saúde, que vão desde alterações estéticas até condições potencialmente fatais.

“Outro efeito colateral bastante comum do uso indiscriminado de testosterona é o aumento excessivo na produção de células sanguíneas, tornando o sangue muito viscoso, ou “grosso”, como popularmente se diz. Esses pacientes costumam apresentar o rosto muito avermelhado, uma condição conhecida como face pletórica, que é um reflexo direto dessa viscosidade sanguínea. Essa alteração coloca o paciente em risco aumentado de eventos cardiovasculares graves, como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC)”, explica o médico.

Dessa forma, também existe risco de hipertensão, retenção de líquidos e desenvolvimento de dependência, com necessidade de doses cada vez maiores e sintomas de abstinência, o que agrava ainda mais os perigos à saúde.

No caso dos homens, os anabolizantes podem comprometer a função sexual, causar disfunção erétil, redução do tamanho dos testículos, queda na contagem de espermatozoides e até infertilidade.

Fertilidade masculina

O uso de anabolizantes interfere diretamente na fertilidade. O excesso de hormônios prejudica a produção natural de testosterona, essencial para a formação de espermatozoides.

“O impacto mais frequentemente observado em consultório devido ao uso indiscriminado de anabolizantes é a atrofia testicular e a paralisação da produção de espermatozoides. Muitos pacientes, ao decidirem ter filhos, não conseguem engravidar suas parceiras e, ao realizarem um espermograma, apresentam produção de espermatozoides zerada, com os testículos atrofiados. Essa situação é especialmente impactante entre os jovens, que muitas vezes não foram informados de que esse é um efeito colateral possível e, em alguns casos, até irreversível”, alerta o especialista.

O consumo da substância também está associado à disfunção erétil, problema que já afeta cerca de 30% dos homens brasileiros. De acordo com especialistas, esse número vem crescendo, em parte, pelo uso indiscriminado de anabolizantes. O tratamento pode envolver medicamentos, terapias e, em alguns casos, prótese peniana.

Reposição hormonal exige acompanhamento médico

Apesar dos riscos, há situações em que a reposição de testosterona pode ser necessária, desde que feita com acompanhamento médico. A partir dos 30 anos, é comum que a produção natural do hormônio comece a cair.

Além disso, jovens diagnosticados com hipogonadismo (condição em que o organismo não produz testosterona em níveis adequados) também podem se beneficiar do tratamento. O urologista reforça que, nesses casos, os hormônios podem trazer benefícios, mas o acompanhamento profissional é essencial.

“Hoje, existem diversas formas de reposição de testosterona, como aplicações injetáveis, gel transdérmico e, mais recentemente, formulações orais. No entanto, o uso deve sempre ser feito sob orientação médica, com acompanhamento de um urologista ou endocrinologista. Esse cuidado é essencial para que o tratamento ocorra de forma segura, com indicação precisa, minimizando riscos à saúde e, principalmente, preservando a fertilidade dos pacientes jovens”, comenta.

Apesar dos alertas, o uso inadequado de anabolizantes continua em alta, o que aponta para a necessidade de políticas públicas mais eficazes no combate à venda ilegal da substância.

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