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MÚSICA BRASILEIRA

Luiz Caldas relança o álbum ‘Magia’, marco inaugural da axé music

Cantor e compositor baiano manda para o streaming os hits ‘Fricote’ e ‘Magia’, além de seu primeiro reggae com Carlinhos Brown, ‘Visão do cíclope’

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A axé music está completando quatro décadas. Para celebrar a data e seus 55 anos de carreira, o baiano Luiz Caldas – um dos pioneiros do movimento – lança agora no streaming o álbum “Magia” (Universal), que saiu em 1985. O disco também homenageia os 75 anos de criação do trio elétrico Dodô e Osmar, sensação da folia em Salvador.

Unindo ritmos afro-brasileiros, pop, reggae e frevo, o LP, com 10 faixas, projetou nacionalmente o cantor, compositor e multi-instrumentista apelidado de “Pai do Axé”, dono dos hits “Fricote” e “Magia”.


“Quando trabalhamos com a música que a gente gosta, quando a gente faz o que ama, o tempo parece que voa”, diz Luiz Caldas, ressaltando que “Magia” é emblemático por representar muito mais do que um conjunto de hits baianos.

“Axé não é um gênero musical, mas o movimento cultural que surgiu no meio da década de 1980. Ele já vinha sendo elaborado, mas não pensando em movimento, as pessoas faziam suas carreiras. Na época em que cheguei ao trio elétrico, a Bahia ouvia Raimundo Sodré e Chico Evangelista, que surgiram para o grande público em festivais que cumpriam papel muito importante na época”, conta Luiz.


Em 1979, Luiz Caldas ingressou no Trio Elétrico Tapajós. “Gravei três discos com eles até chegar à carreira solo. Depois fundei o Bloco Beijo e lancei um compacto, o primeiro disco com meu nome. Mais tarde, comecei a trabalhar na WR, estúdio de Salvador responsável por 80% de tudo o que foi gravado de axé music até hoje. Lá, eu gravava jingles, além de discos de Batatinha, Everaldo Gentil e Edil Pacheco, entre outros”, relembra o baiano.

O sonho de Luiz era fazer sucesso com suas canções ao lado da banda formada por músicos de estúdio. “A onda começou mesmo em Salvador”, diz o cantor e compositor, que começou se apresentando em um circo, que não tinha condições de lhe pagar cachê.

A solução foi dividir a bilheteria. “Continuei na WR e testando canções em shows nos fins de semana, sobretudo no circo.”

Gravado pelo selo Nova República, “Magia” vendeu 100 mil cópias na Bahia. O fenômeno marcou o novo momento da indústria fonográfica do país.

“Antigamente, quando artistas queriam fazer sucesso, eles tinham de ir para Rio de Janeiro ou São Paulo. Eu quebrei essa onda. Fiz sucesso na Bahia e quando cheguei ao Rio de Janeiro, já não precisava morar lá. Era só pegar o avião, ir ao Rio, me apresentar no programa do Chacrinha e voltar para Salvador.”


“Magia” contou com artistas importantes, conta Luiz. “Roberto Santana foi o cara que lançou Fafá de Belém e apresentou Tom Zé a Caetano Veloso. Ele me apresentou a Chacrinha, que gostou da música ‘Fricote’ e me convidou para seu programa. O álbum é um marco, porque furou a bolha.”

O disco chega ao streaming do mesmo jeito como foi gravado em 1985. “Ele não foi remasterizado, porque a ideia é não mexer no som. Isso porque ‘Magia’ transformou o som dos discos no Brasil, mudou a sonoridade”, comenta.

Além de sucessos como “Fricote” e “Magia”, há também as faixas “Pinta jamaicana” e “Visão do cíclope”, o primeiro reggae de Caldas em parceria com Carlinhos Brown.

 

Na gravação de “Magia”, os técnicos conseguiram a sonoridade que deu identidade ao trabalho de Luiz. “O movimento axé music nasce pela minha inquietação de querer tocar tudo. Nos bailes, eu tocava rock e frevo, entre outros gêneros. Assim nasceu a onda de arriscar a fazer coisas diferentes. Comecei a fazer também algo que deu certo: pegar músicas de meus colegas e tocá-las em ritmo de axé.”

O termo foi criado pelo jornalista Hagamenon Brito, diz Caldas, que repete o trecho de uma das reportagens do baiano: “Lá vem o Michael Jackson tupiniquim com a axé music dele”.

O “Jacko” de Salvador comenta que Hagamenon “bateu na tecla certa, haja vista que hoje existe banda de axé music até no Japão.”


Blefe

Caldas chama a atenção para a abrangência do movimento axé. “Você não pode comparar o trabalho do Saulo (Fernandes) com o de (Carlinhos) Brown. É totalmente diferente, mas ambos fazem axé. Então, axé foi uma forma de amalgamar todo esse material. De certa forma, tudo o que nasce no trio elétrico, dançante, é axé music. Agora, quem disser que tinha consciência na época de que estava criando algo dessa magnitude está blefando. Foi algo que aconteceu”, observa.


O baiano compara a música axé a uma esponja. “A parte percussiva dos blocos afro foi sugada para dentro desse caldeirão, gerando ritmo”, conclui Luiz Caldas.

Luiz Caldas na capa do disco 'Magia', marco da axé music
Luiz Caldas na capa do disco 'Magia', marco da axé music Reprodução

“MAGIA”

. Disco de Luiz Caldas
. Universal
. 10 faixas
. Disponível nas plataformas digitais

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