De ‘Just dance’ a ‘Abracadabra’: como Lady Gaga conquistou o pop?
Cantora norte-americana, que se apresenta em Copacabana no próximo sábado (3/5), teve uma trajetória repleta de glitter, atitude e ousadia até o sucesso
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O mundo pop andava meio parado até 2008, quando uma cantora iniciante norte-americana chamada Lady Gaga tomou os holofotes. E muita coisa mudou. Gaga – que no próximo sábado (3/5) deve fazer um dos maiores shows de sua carreira, tendo como cenário a praia de Copacabana – chegou no mundo da música com tudo.
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Cabelos platinados, óculos futuristas, coreografias ousadas e uma presença de palco hipnótica. Ela não se lançou com timidez, mas com impacto. E não demorou para transformar a cena pop com seu som eletrônico dançante, estética teatral e, claro, uma personalidade que mistura provocação e autenticidade.
Como foi que uma jovem nova-iorquina chamada Stefani Germanotta virou um dos maiores nomes da música pop mundial? A resposta envolve talento, ousadia e um vestido feito de carne.
Ainda na adolescência, Gaga começou a cantar em clubes e bares. Aos 17, ela foi aceita na New York University's Tisch School of the Arts. Dois anos depois, começou a se dedicar integralmente à sua carreira musical.
Início de impacto
Foi com “Just dance” que Gaga se apresentou ao mundo. O primeiro single, lançado em abril de 2008, logo se tornou um hino das pistas, com batida pulsante e refrão grudento. Não demorou para viralizar – na época, ainda se falava “bombar nas baladas” – e levar a artista direto ao topo das paradas. O que poderia ter sido apenas um hit ageiro logo mostrou folêgo para algo muito maior.
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Na sequência, vieram “Poker face”, “LoveGame” e “Paparazzi”, todos do seu álbum de estreia, “The fame” (2008). Foi quando todos começaram a se perguntar quem era a garota estranha que, logo em seu primeiro trabalho, conseguiu vender mais de 15 milhões de cópias ao redor do mundo e ser indicada em seis categorias do Grammy, tendo vencido em duas delas.
Em 2009, Gaga lançou “The fame monster”, uma edição de luxo do primeiro álbum, que mostrou que a cantora chegou para ficar. O primeiro single, “Bad romance”, conquistou o topo das paradas em diversas partes do mundo. “Telephone” e “Alejandro” também se tornaram hits instantâneos.
Mas bastava olhar um pouco para entender que não se tratava só de música. A estética visual dos clipes e as coreografias já indicavam que Gaga não era só mais uma cantora pop – ela era uma artista performática.
Cada lançamento vinha com um figurino ousado, uma coreografia marcada e uma narrativa que misturava ironia, crítica e sensualidade.
Figurinos malucos
Em pouco tempo, a chegada de Gaga aos tapetes vermelhos se tornou um evento. A cada vez crescia a expectativa sobre que roupa estranha ela usaria em cada ocasião. O vale da estranheza em que Gaga mergulhou dava resultado: enquanto os fãs adoravam, críticos ficavam cada vez mais chocados.
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O auge dessa combinação de provocação e conceito veio no MTV Video Music Awards de 2010, quando ela apareceu vestida com pedaços de carne crua. Sim, carne de verdade.
A reação foi imediata: manchetes, memes, críticas e aplausos. Mas, ao contrário do que muitos pensaram na hora, não foi um “choque gratuito”. O vestido de carne era uma forma de protesto político. Gaga queria chamar atenção para o direito dos soldados LGBTQIAPN+ no Exército dos EUA, que viviam sob a política “Don’t ask, don’t tell”.
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“Se não lutarmos pelos nossos direitos, seremos apenas carne”, declarou ela durante o evento. A mensagem era clara, e a imagem virou um dos momentos clássicos da história do VMA.
Esse também se tornou um visual marcante da carreira – tanto que diversas lojas do Rio de Janeiro já estão vendendo a “Picanha da Gaga”, roupas com estampa de carne inspiradas no look da diva.
Comparação com Madonna
Desde o início, Gaga deixou claro que sua arte era abrangente. Voz, imagem, moda, clipe, discurso – tudo fazia parte do pacote. Ela trouxe de volta ao pop a ideia da superestrela como conceito vivo, como personagem em constante transformação. Seus looks com ombros pontiagudos, sapatos “impossíveis” e maquiagens dramáticas criaram uma identidade visual própria.
Influenciada por artistas como David Bowie, Michael Jackson, Madonna e Queen, Gaga é reconhecida pelas suas contribuições talentosas e extravagantes à indústria musical por meio de sua moda, aparições públicas, atuações e vÃdeos musicais.
E isso ficou evidente com o lançamento de “Born this way”, em maio de 2011. Logo no primeiro single, homônimo ao álbum, Gaga trazia um hino à comunidade LGBTQIAPN+. Era impossível falar dela sem compará-la com Madonna e seu “Express yourself”.
Gaga também lançou “Judas”, que causou a ira da Igreja Católica – e rendeu mais comparações com Madonna e sua “Like a prayer”. As duas aram a estampar páginas de revistas e sites de fofocas por causa de uma suposta rivalidade.
Nas entrevistas, Madonna evitou o confronto direto, mas, nos palcos, a postura foi outra. Na estreia da turnê do álbum “MDNA” (2012), em Tel Aviv (Israel), em maio de 2012, ela misturou “Express yourself” e “Born this way” e, na sequência, cantou “She's not me’ ("Ela não sou eu", em português) – uma clara cutucada na então novata.
Gaga não ficou quieta e, dias depois, em uma apresentação na Austrália, anunciou aos fãs que não queria ser sua rainha, mas sim sua amiga.
A rixa – que só teve um ponto final em 2019, quando as duas posaram juntas para fotos em uma festa – foi o que faltava para consagrar Gaga como uma das maiores figuras do pop dos anos 2000 e 2010. Hoje, há relatos de que ela e Madonna são amigas e se dão superbem.