'Um pai para Lily' é o retrato comovente de amizade inusitada na internet
Inspirado na história da diretora Tracie Laymon, filme em cartaz em BH conta a história de garota acolhida por internauta após ser rejeitada pelo pai
compartilhe
Siga noLily (Barbie Ferreira) está chorando copiosamente, enquanto discute com o namorado pelo celular. Ele a traiu e mandou para Lily a mensagem destinada à amante. A garota parece que vai xingá-lo, mas termina a conversa com um “sem problemas” e carinha feliz.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
É assim que começa “Um pai para Lily”, filme escrito e dirigido por Tracie Laymon, que estreia em BH nesta quinta-feira (1º/5). Desde o início, a personalidade da protagonista é clara: a jovem solitária que sempre quer agradar.
Leia Mais
O título indica que Lily precisa de alguém para apoiá-la, não porque o pai biológico morreu ou desapareceu. Na verdade, o problema é ele estar presente.
Robert Trevino (French Stewart), o Bob, criou a filha sozinho após a mãe de Lily se viciar em drogas, mas nunca ofereceu carinho à jovem. Quando a moça conta sobre sua infância para a nova psicóloga – na cena em que o espectador fica frente a frente com a protagonista –, a profissional começa a chorar.
Para piorar, Lily é abandonada por Bob porque não consegue mentir sobre ele. Fica perdida sem o pai. Desesperada, pesquisa “Bob Trevino” no Facebook e manda mensagem para um perfil sem foto.
A princípio, pergunta ao desconhecido se são parentes, devido ao sobrenome. A conversa flui. Ao contrário de casos comuns hoje em dia envolvendo contas falsas e criminosos, a amizade entre os personagens é genuína.
O segundo Bob Trevino (John Leguizamo) é o oposto do xará. Tem boas condições de vida, é cuidadoso e ama a esposa. Desde o início, entende que Lily tem problemas e, por isso, continua a conversar com a garota.
História real
O roteiro se inspira na história real da diretora Tracie Laymon, que, certo dia, parou de ter contato com o pai. Ela o procurou no Facebook e, por engano, chegou a Bob Laymon, que depois se tornou um grande amigo. Bob morreu em 2021 e o filme, primeiro longa-metragem de Tracie Laymon, é homenagem a ele.
Na trama, o novo amigo de Lily surge como uma espécie de âncora psicológica, mostrando-lhe como deve ser uma relação saudável. Quando se encontram presencialmente pela primeira vez, ele a ajuda a consertar um vazamento e descobre que Lily finge ser sua filha.
Repreendida, a jovem, acostumada às reações exageradas do pai biológico, logo se culpa e pede que ele se afaste. Bob, então, ensina à garota que não se deve abandonar quem se ama por causa de um pequeno problema.
O filme aposta no tom intimista. Grandes eventos dão lugar à narrativa simples e a diálogos reveladores. Filha da mineira Janaína Seppe, a atriz nova-iorquina Barbie Ferreira se destaca ao transmitir a avalanche de emoções de Lily. Ao longo da trama, é reconfortante acompanhar como o amor reacende a esperança na vida desta garota.
“UM PAI PARA LILY”
EUA, 2025, 102min. Direção: Tracie Laymon. Com Barbie Ferreira, French Stewart e John Leguizamo. Em cartaz na sala 3 do UNA Cine Belas Artes, às 18h40.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria