Três mostras no Centro Cultural UFMG expandem as fronteiras da arte
Pintura de Gabriela Carvalho extrapola a tela, Mara Sifuentes subverte lógica da gravura e Luísa Godoy liberta a cor, nas exposições em cartaz até 8/6
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Siga noTrês jovens artistas, que em algum momento tiveram os caminhos cruzados durante o processo de formação, apresentam individuais no Centro Cultural UFMG. Gabriela Carvalho expõe um recorte de sua produção em “O habitat pictórico”, enquanto Mara Sifuentes exibe “Entre a folhagem e o voo: gravuras da natureza”. Já “Corina”, Luísa Godoy reúne conjunto de obras site specific divididas em três séries.
Gabriela é graduanda na Escola de Belas Artes da UFMG, onde Mara se formou e Luísa faz doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Artes. As pesquisas e a produção do trio se voltam para a exploração das cores, da volumetria e da natureza.
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“O habitat pictórico” propõe a expansão da pintura para além da tela, transformando-a em um corpo tridimensional e sensorial que habita o ambiente expositivo.
Fruto da investigação de Gabriela Carvalho sobre a relação entre pintura, escultura e instalação, boa parte das 15 obras traz formas volumosas que evocam organismos vivos e elementos naturais, como coral, alga e tronco de árvore.
“São seres fictícios, híbridos, que construo a partir de referências da natureza. Observo árvores e animais marinhos, vou fabulando esses novos seres até realizar a obra, pintura que preencho com algodão até ficar tridimensional”, explica Gabriela.
A pesquisa começou em 2023 e a primeira peça foi uma ostra com volume. “A partir dela, entendi que queria explorar obras recortadas, telas que não são retangulares ou quadradas. São pinturas espacializadas”, diz.
“O habitat pictórico” é a primeira individual de Gabriela. “Representa uma conquista e um avanço no meu trabalho, me faz saber que estou na direção certa”, destaca.
“Entre a folhagem e o voo: gravuras da natureza”, de Mara Sifuentes, apresenta pássaros e árvores em gravuras em metal, xilogravuras e gravuras no campo expandido, que fogem da convencional estrutura bidimensional do papel.
Mara explica que o conceito básico da gravura envolve três pilares – matriz, impressão do múltiplo e papel –, mas sua obra subverte essa lógica.
“Trabalho com a matriz e com a impressão, só que buscando outros es, como objetos obsoletos. Faço impressões em caixas de fósforos e maços de cigarro, por exemplo. Na parte temática, trabalho com elementos da natureza. A seleção de obras tem dois recortes: os temas da natureza e a gravura em campo expandido”, detalha. As criações datam do ano ado para cá, por isso estabelecem naturalmente um diálogo entre si.
Mara Sifuentes pontua que as três artistas, oriundas da Escola de Belas Artes da UFMG, compartilham alguns interesses e pesquisas.
“Circulamos pelos mesmos ambientes e exploramos questões que são próximas, apesar de utilizarmos linguagens diferentes. Eu estou na gravura, Gabriela na pintura, também em campo expandido, porque usa outros es que não só a tela, e a Luísa lida com o conceito que envolve a exploração da cor”, afirma.
Das três exposições, “Corina”, de Luísa Godoy, é a única que conta com curadoria, a cargo da professora Rachel Cecília de Oliveira, e assistência de curadoria de Maria Mendes, artista formada pela Belas Artes. Ela explica que as obras site specific foram montadas em conformidade com o espaço expositivo.
A mostra se divide nas séries “Cores na penumbra”, “Aparição da cor em corpos” e “Desaparição da cor de corpos”, todas com o mesmo mote.
“Luísa pensa a cor além daquela presa nos objetos. Um dos significados de 'Corina' é justamente 'aparição da cor', é como se a cor estivesse se expandindo, indo para o mundo como a energia vital que extrapola os objetos ou os es. Luísa observa a cor que ganha presença para além da matéria pictórica, o que a pela importância da iluminação”, explica Maria Mendes.
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CONFIRA
Mostras “O habitat pictórico”, de Gabriela Carvalho, “Corina”, de Luísa Godoy, e “Entre a folhagem e o voo: gravuras da natureza”, de Mara Sifuentes. Em cartaz, respectivamente, nas salas Ana Horta, Celso Renato de Lima e Espaço Experimentação da Imagem do Centro Cultural UFMG (Avenida Santos Dumont, 174, Centro). De terça a sexta, das 9h às 20h; sábado, domingo e feriado, das 9h às 17h. Entrada franca. Até 8 de junho.