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Estado de Minas REPORTAGEM DE CAPA

Terapia cognitivo-comportamental é caminho para novas conexões neurais 11256z

TCC foi criada por um psicanalista e se propõe a treinar a mente a suprimir pensamentos e comportamentos disfuncionais


10/07/2022 04:00 - atualizado 11/07/2022 16:47

Rodrigo de Almeida Ferreira, segurando um livro
Rodrigo de Almeida Ferreira explica que a TCC ajuda o paciente a criar novos processos mentais para lidar com as dificuldades (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

"Nosso cérebro está sempre mudando, criando e desfazendo conexões, formando novas redes, e isso resulta em novos pensamentos" 43o6v

Rodrigo de Almeida Ferreira, psiquiatra r4m4e


Você já ouviu falar em profecia autorrealizável? É quando as crenças do indivíduo determinam o comportamento dele. Para os mais afoitos, não se trata aqui de crença traduzida em preceitos religiosos, éticos ou morais. Nada disso!

Mas da crença proveniente de um cérebro julgador e sujeito a acreditar em situações que não espelham a realidade. Quer um antídoto para esse pensar e agir que costumam travar o indivíduo na hora de alcançar seus objetivos?

“Tratar o pensamento como hipótese sobre a realidade e não como algo autorrealizável”, ensina o psiquiatra Rodrigo de Almeida Ferreira, de 38 anos, graduado em medicina e mestre em neurociência pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e especialista em terapia cognitivo comportamental (TCC).
 

Dito assim, parece fácil. Mas, de fato, não é. É preciso treino. E é essa a proposta da TCC, de uma forma bem resumida, para pacientes que queiram aprender outros hábitos por meio de novas conexões neurais.
 
SIMPLIFICANDO  “Nosso cérebro está sempre mudando, criando e desfazendo conexões, formando novas redes e isso resulta em novos pensamentos e comportamentos”, destaca Rodrigo.

De acordo com o psiquiatra, a terapia criada nos anos 1960 por Aaron T. Beck, que morreu aos 100 anos em 2021 (veja biografia abaixo), se propõe a ajudar o paciente a construir permanentemente novos processos mentais para lidar e superar dificuldades.

E isso tudo em um prazo pré-determinado de duração do processo terapêutico, que se pretende curto, se comparado a outros tratamentos psiquiátricos.
 

Diante do enunciado da TCC, não estariam os adeptos dessa técnica simplificando resoluções para processos mentais complexos?

Rodrigo sorri e responde de pronto: “Por que complicar">
 
 
Rodrigo  –  ele próprio se beneficiou do método, que está disponibilizado em sua página do Instagram –  detalha como funciona superar o sobrepeso. “Posso ficar sem comer doce por dois meses. Eu consigo, mas no final desse prazo não terei aprendido nada fazendo isso”, explica.

O terapeuta, então, revela como aprender com os métodos explicados no livro “Pense magro, treine seu cérebro a pensar como uma pessoa magra”, de Judith Beck, com quem Rodrigo fez treinamento e aprendeu a técnica que hoje emprega em seu consultório.

Segundo ele, é preciso, para quem se candidata a fazer dieta, ter disponibilidade para treinar a mente “com intenção, consistência e repetição”. Para isso, adianta, é necessário ter disciplina. “E isso é treinável”, garante. Rodrigo lembra que nascemos com “uma mente aberta, curiosa e não julgadora” e que, por motivos e práticas diversas, ela (a mente) foi ‘corrompida’ pela educação dos pais ou responsáveis pela criança e do ambiente onde ela cresceu.

Nesse caso, o método do ‘Pense magro’ aponta para aprender uma nova maneira de comer e de se relacionar com o próprio corpo, aliada à dieta, conforme o estabelecido por profissionais da área de nutrição.

Com esse novo paradigma, sustenta Rodrigo, o paciente não só aprende a perder peso, mas a manter o que considera ideal. Para pacientes com comorbidades físicas diversas ou transtornos relacionados ao sobrepeso, a TCC também possui recursos. “Pessoas com sobrepeso ou obesidade, com frequência sofrem também de transtornos de ansiedade, de humor ou de compulsão alimentar. 

A TCC também se mostra eficaz no tratamento dessas comorbidades ao ensiná-las a identificar e modificar seus pensamentos distorcidos e comportamentos disfuncionais”, diz.

Aaron T. Beck, psiquiatra e psicoterapeuta
(foto: Handout/2016 Moonloop Photography)

Por dentro da terapia cognitivo-comportamental (TCC) 704g48


por Rodrigo de Almeida Ferreira

“Aaron T. Beck (1921-2021) foi o psiquiatra e psicoterapeuta norte-americano que desenvolveu a terapia cognitivo-comportamental (foto) na década de 1960. Psicanalista de formação, no início, ele buscava submeter a psicanálise ao método científico para ampliar a sua utilização. Quando os resultados não comprovaram os pressupostos básicos da psicanálise nem demonstraram sua eficácia, Beck foi levado a considerar explicações alternativas, que culminaram na terapia cognitivo-comportamental (TCC).

Segundo a TCC, nossos conflitos emocionais e dificuldades de comportamento não são provocados por um domínio obscuro de nossa mente, mas sim por pensamentos que estão prontamente íveis à nossa consciência. Beck demonstrou que, com um papel ativo do terapeuta, as pessoas aprendem como avaliar seus pensamentos, obter melhoras significativas no humor e alcançar seus objetivos. O trabalho do psiquiatra foi replicado e aperfeiçoado continuamente ao longo das décadas por inúmeros pesquisadores ao redor do mundo.

Atualmente, a TCC é reconhecida como a psicoterapia que reúne maior base de evidência científica que comprova sua eficácia no tratamento de uma variedade de transtornos mentais, como depressão e transtornos de ansiedade.”

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