
Rosácea afeta 400 milhões de pessoas ao redor do mundo
Doença inflamatória crônica pode ser subdiagnosticada em peles negras. Estresse, excesso de sol, alimentação inadequada e café quente são gatilhos
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Abril é o mês de conscientização sobre a rosácea, doença inflamatória crônica que afeta 400 milhões de pessoas ao redor do mundo, de acordo com a organização norte-americana National Rosacea Society. Caracterizada pela vermelhidão na região central do rosto, ela afeta principalmente mulheres a partir dos 30 anos e é comumente confundida com outros problemas, como a acne.
Embora o conhecimento sobre essa condição de pele tenha se tornado mais difundido nos últimos anos, graças ao grande interesse pelo skincare, ainda há informações que muita gente ignora. Você sabia, por exemplo, que a rosácea pode ser subdiagnosticada em peles negras? Ou que tomar café quente piora a condição?
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A seguir, a dermatologista Paula Yume, gerente médico-científica de Profuse, marca de dermocosméticos do Aché Laboratórios, dá explicações sobre a doença e como tratá-la:
“1. Peles – A rosácea é mais comum em tipos de pele mais claros, especificamente nos fototipos 1 e 2 da escala conhecida como Fitzpatrick (peles extremamente brancas e brancas). Essa condição é frequentemente subdiagnosticada em pessoas com pele mais escura devido à dificuldade em identificar os sinais clássicos, como a vermelhidão e os vasinhos dilatados, menos visíveis nesses tons de pele. Além disso, é preciso observar outros sinais indicativos, como a presença de pápulas e pústulas na região central do rosto.
2. Alimentação – A dieta pode influenciar significativamente a rosácea, embora a relação exata ainda esteja sendo estudada. Alimentos e bebidas em temperatura quente, picantes e álcool podem atuar como gatilhos para exacerbações. Por outro lado, vegetais, peixes oleosos, azeite de oliva e nozes demonstram potencial para reduzir a inflamação da pele. O café, quando ingerido muito quente, pode atuar como gatilho de piora dos sintomas, mas estudos indicam que a cafeína tem efeito protetor devido a suas propriedades vasoconstritoras e imunossupressoras locais.
3. Estresse – O estresse emocional aumenta a atividade do sistema nervoso simpático da pele, intensificando a dilatação dos vasos e o rubor facial característico da rosácea. Pacientes com rosácea apresentam respostas aumentadas a eventos de estresse, tanto mental quanto físico, o que pode exacerbar significativamente os sintomas. A poluição do ar também é gatilho para quem tem predisposição. A proteção da pele contra agressores externos é fundamental.
4. Sol – A exposição à radiação UV, especialmente UVB, pode piorar a inflamação e a proliferação de vasinhos na pele com rosácea. Esses pacientes demonstram sensibilidade aumentada, precisando de menor quantidade de radiação para apresentar queimaduras. É fundamental usar proteção solar diariamente. Além do sol, climas extremos (muito quentes ou muito frios), vento e exercícios físicos intensos podem desencadear ou piorar os sintomas em alguns pacientes.”
A pele com rosácea reage negativamente a produtos como álcool, mentol e algumas fragrâncias. Esfoliantes físicos, ácidos fortes, buchas e água quente devem ser evitados.
A dermatologista recomenda a rotina básica: limpeza suave sem sabão e sem fragrância, com pH equilibrado; hidratação com produtos para pele sensível contendo ativos calmantes como niacinamida, alantoína, camomila e centella asiática; e, claro, proteção solar diária.
“Além da rotina de cuidados, cada paciente pode necessitar de tratamentos específicos conforme o quadro clínico, desde medicamentos tópicos, como ivermectina, metronidazol e ácido azeláico, até procedimentos como luz intensa pulsada ou laser em casos mais avançados”, informa a doutora Paula Yume.
Deve-se consultar o dermatologista sobre quais são os produtos e tratamentos indicados para cada caso.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.