Roadies de BH revelam paixão pelo ofício. Sem eles não tem show
Sandro Ramos, Davidson Souza, Raffa Fonseca, Marcos Jatobá e Pedro Zola preparam tudo para Samuel Rosa, Reinaldinho, Pato Fu, Tianastácia e Jota Quest briharem
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Siga noOs aplausos vão para Samuel Rosa, Reinaldinho, Beto Guedes, Pato Fu, Tianastácia, Jota Quest e Wilson Sideral. Mas o que seria de todos eles se não existissem Sandro Ramos, Davidson Souza, Raffa Fonseca, Marcos Jatobá e Pedro Zola?
Cabe a esses profissionais, os roadies, montar e desmontar instrumentos do palco, afiná-los, ter em mãos microfone quando o outroemudece, ajudar o guitarrista quando a corda arrebenta, ar o som. Parafraseando Milton Nascimento e Fernando Brant, todo roadie tem de estar onde o artista está.
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Alguns roadies trocaram “o lado oculto” do palco pela fama. O britânico Noel Gallagher, o americano Kurt Cobain e o brasileiro Andreas Kisser estão entre eles. Cobain “ralou” com a banda The Melvins antes de criar o Nirvana. Kisser, que trabalhava com Max Cavalera no início do Sepultura, acabou substituindo Jairo Guedz quando o guitarrista deixou o grupo.
agem de som
Em BH, Sandro Ramos já soma 20 anos de ofício. Ele foi roadie do Jota Quest de 2006 a 2011. Depois, trabalhou com o Skank até o fim da banda, em 2023. Atualmente, cuida de Samuel Rosa, em carreira solo.
“Cuido do equipamento de Samuel, o que, aliás, já fazia no Skank”, diz Sandro. Sob sua responsabilidade estão rack, pedaleira, guitarras, violões, amplificadores, microfone, afinação, troca de instrumentos. “Na verdade, são os roadies que am o som, os músicos raramente fazem isso”, destaca. De olho no teleprompter, é ele quem a algumas letras para Samuel durante o show.
Sandro Ramos tocava guitarra aos 14 anos, mas ser roadie é a opção de vida. “Como hobby, toco contrabaixo com amigos, fazemos tributo ao AC/DC”, comenta.
“Estou feliz com a minha profissão, pois viajei pelo país inteiro e até ao exterior.” Houve momentos inesquecíveis, como ver o guitarrista Carlos Santana ao vivo, em cores e de perto, no México, numa apresentação com Samuel.
Davidson Souza está na profissão há 26 anos. Trabalhou com Beto Guedes, Os Brancões e Saulo Laranjeira. Atualmente, é roadie do cantor baiano Reinaldinho, ex-Terrasamba. Gosta da profissão, conta que ela lhe possibilita fazer muitos contatos e viajar muito pelo Brasil.
“Às vezes é complicado, pois temos de ir junto das malas naqueles aviões pequenos, sem contar as chuvas e quedas de palco. Mas tudo faz parte do show”, garante.
Roadie formado em filosofia e professor
Desde 2008, Raffa Fonseca trabalha com o Pato Fu. Ele se tornou roadie em 1996. “Na época, tocava em banda, mas estava sem trabalho e não tinha dinheiro para ensaiar. O Jatobá, roadie do Tianastácia, me aconselhou a entrar para esse serviço. Aos 18 anos, comecei a trabalhar com grupos de pagode.”
Raffa se formou em filosofia, deu aulas, mas nunca deixou o palco. “Trabalho fixo com o Pato Fu, mas faço free lance para outros grupos e também produção em festival. Gosto da vida do palco, de estar em um lugar diferente a cada dia. Também gosto de instrumentos, de me atualizar em equipamentos.”
Roadie do grupo belo-horizontino Tianastácia, Marcos Jatobá ingressou na profissão aos 13 anos. “Ao lado da minha casa, tinha uma banda e resolvi ser roadie dela. Com 16, fui convidado por uma banda de axé. Depois, trabalhei com Jairo Brown, cover de Tim Maia, e nunca mais parei.”
Além do Tianastácia, com quem trabalha há 25 anos, Jatobá atua junto do 14 Bis, de Christiano Caldas e do Chama o Síndico, bloco de carnaval de BH.
De seus 25 anos de profissão, Pedro Zola dedicou 14 ao Jota Quest. “Comecei aos 12, ajudando meu pai, Rodrigo Zola, na banda em que ele tocava”, diz. Trabalhou três anos com Wilson Sideral e mais três com a dupla Victor & Leo.
“Sempre toquei guitarra. Inclusive, sou o substituto do Marco Túlio quando ele não pode tocar no Jota. A carreira de músico nunca me seduziu, sempre gostei mais da parte técnica”, explica.
Mercado
Pedro é mais que roadie, pois cuida também da carreira solo de Marco Túlio Lara. “Ele tem vários projetos, inclusive de palestras, além de shows solo. Está gravando um disco e escrevendo um livro”, conta.
O mercado é promissor, afirma Pedro Zola. “Faço tudo: timbrar, afinar, mudar os efeitos, programar. Tenho pegado cada vez mais serviços de produção”, revela.