Ex-maestro da Sinfônica, Silvio Viegas rege a Filarmônica pela primeira vez
Maestro faz sua estreia na Sala Minas Gerais, como convidado, conduzindo a orquestra titular do espaço, em concertos nesta quinta (8/5) e sexta-feiras
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Desde novembro de 2022, quando deixou a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, depois de seis anos como maestro titular, Silvio Viegas não regeu nenhum concerto em Belo Horizonte. Radicado na Argentina, à frente da Orquestra Sinfônica Provincial de Santa Fé, ele está de volta à sua cidade natal para dois concertos. Nesta quinta (8/5) e sexta, estreia na Sala Minas Gerais como regente convidado da Filarmônica.
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“É uma orquestra que você pode trabalhar tudo o que deseja, tirar o melhor dela o tempo inteiro”, afirmou ele, após o primeiro ensaio na sede da orquestra. “E a sala ajuda a amplificar o trabalho”, acrescentou Viegas.
O repertório será aberto com “Museu da Inconfidência” (1972), de Guerra-Peixe, seguido pelo “Concerto para violino nº 1 em lá menor, op. 77” (1947/1948), de Shostakovich. Esta obra terá como solista o russo Andrey Baranov, que retorna depois de estrear na casa na temporada 2024. Após o intervalo, será executada a Sinfonia nº 1 em Sol menor, op. 13 “Sonhos de inverno” (1874), de Tchaikovsky.
“Apesar de o Guerra-Peixe ser carioca, a obra é muito mineira. Você entra no Museu da Inconfidência através dela, pois a peça retrata a fachada, um dos ambientes e alguns objetos que estão ali. A música é quase descritiva”, comenta Viegas.
Contraste
Na sequência, a noite deixa o Brasil e chega à Rússia. Shostakovich é um compositor recorrente nesta temporada, pois 2025 marca os 50 anos de morte dele, um dos pilares da música do século 20. “O Concerto para violino é extremamente virtuosístico para o solista e também para a orquestra. O que é interessante no Shostakovich é o contraste grande entre o primeiro e o segundo movimentos com o terceiro e o quarto. É muito russo, pois ele usa ritmos e danças folclóricas”.
Na opinião do regente, o encerramento com “Sonhos de inverno” é a ponte ideal. “Tchaikovsky traduz a alma russa. Muita gente considera a sinfonia como a primeira obra russa escrita, e é fundamental para a cultura do país.”
Ainda que tenha se mantido distante dos palcos mineiros desde o final de 2022, Viegas veio algumas vezes ao Brasil para trabalhar. Fez uma ópera e um balé no Municipal do Rio de Janeiro, concertos no Espírito Santo. No fim de abril, regeu a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz, em Belém, na temporada de estreia da ópera “Cobra Norato – Terras do sem fim”, de André Abujamra.
O maestro segue em Santa Fé pelo menos até o final de 2026, quando termina seu contrato. “Está sendo maravilhoso, é uma orquestra de alto nível que responde a qualquer repertório. Os argentinos são disciplinados e, por não estarmos na capital, a experiência é diferente. Os músicos são muito entregues à orquestra. E o público é apaixonado. Desde o final de 2022, quando entrei, todos os concertos têm sido lotados. Às vezes temos que fazer récitas extras para atender o público, é impressionante.”
Mesmo vivendo fora, Viegas continua com compromissos em BH. Ele termina daqui a um ano seu doutorado na UFMG. Sua tese é sobre a regência de ópera brasileira, tema que domina bem, pois já atuou como maestro em cinco montagens de autores nacionais.
Apresentação gratuita
Em comemoração aos 90 anos do Minas Tênis Clube, a Filarmônica fará, em 24 de maio, às 19h, concerto gratuito na Praça da Liberdade, dentro do programa “Minas na Praça”. A abertura será às 18h20, com o Coral do Minas.
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
Concertos nesta quinta (8/5) e sexta (9/5), às 20h30, na Sala Minas Gerais (Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto). Ingressos: R$ 39,60 (mezanino) a R$ 193 (camarote); valores referentes à inteira. À venda na bilheteria e no site.