Exposição "Povos originários: Guerreiros do tempo" retorna a BH
Mostra em cartaz a partir de quinta (15/5) traz registros de etnias amazônicas feitos por Ricardo Stuckert, que é também fotógrafo da Presidência da República
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Siga noFotógrafo oficial do presidente Lula desde o primeiro mandato, em 2003, Ricardo Stuckert carrega uma herança fotográfica que atravessa gerações. A história começou com o bisavô, o sueco Eduardo Roberto Stuckert, que veio para o Brasil após o fim da Segunda Guerra Mundial e se fixou na Paraíba.
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O pai, Roberto, foi fotógrafo do presidente João Batista Figueiredo, último militar a governar o país antes da redemocratização. Conhecido como "Stuckão", foi ele quem inspirou o apelido "Stuckinha", usado por Lula para se referir a Ricardo. O irmão, Roberto Stuckert Filho, acompanhou os mandatos de Dilma Rousseff. Hoje, a família Stuckert soma mais de 30 fotógrafos.
Contudo, "Stuckinha" tem projetos que vão além de registrar a rotina do chefe do Executivo. Encerrado o segundo mandato de Lula, em 2011, o fotógrafo retomou uma pesquisa iniciada em 1997, quando era fotojornalista da revista “Veja”.
Focado no registro de povos indígenas da região amazônica, o trabalho resultou no livro “Povos originários: Guerreiros do tempo” (Tordesilhas). A primeira exposição do projeto ocorreu em BH, em 2022. A partir desta quinta (15/5), a mostra retorna à capital mineira.
“Esse retorno a Belo Horizonte é importante porque a cidade possui uma forte conexão com a temática. É um espaço essencial para estimular a conscientização e a sensibilização em torno dos povos originários”, diz Stuckert.
Desde a viagem inicial em 1997, Stuckert percorreu várias regiões do Brasil e registrou o cotidiano de 10 etnias. Dentre elas os Ashaninka, Yawanawá, Kalapalo, Kayapó, Yanomami, Pataxó, Kaxinawá, Xukurukariri, Korubo e também alguns povos isolados.
“Tive um profundo envolvimento com as comunidades indígenas ao longo desse período. Foi um trabalho muito importante para mim. Cada aldeia que visitei foi um aprendizado”, diz o fotógrafo.
Uma das lições mais marcantes foi sobre a relação com o tempo. Em uma viagem com o cacique Raoni Metuktire até a aldeia Metuktire, no Mato Grosso, Stuckert tinha pouco tempo para realizar os registros e percebeu que Raoni não estava à vontade para ser fotografado.
No dia seguinte, decidiu deixar a câmera de lado e apenas conviver com a comunidade. Quando já estava prestes a ir embora, Raoni o convidou para tomar banho de rio e, ao perguntar pela câmera, fez com que o fotógrafo percebesse que o momento certo, enfim, havia chegado. “Foi aí que aprendi que tudo na vida é uma questão de tempo, de ver no outro um ser humano, ouvir, observar, respeitar o tempo do outro”, afirma.
Para ele, o público que for até a galeria poderá refletir sobre sobre a importância dos indígenas como os verdadeiros “guardiões das florestas”. “Eles são os responsáveis por manter as florestas brasileiras sãs. Preservar essas populações e as terras habitadas por elas é hoje uma questão de sobrevivência para todos nós”, afirma.
Entre os planos para o futuro, Stuckert ainda quer registrar os modos de vida dos ribeirinhos, seringueiros e quilombolas. Os biomas brasileiros também estão na mira das lentes do fotógrafo. “Nosso país tem um universo fantástico a ser fotografado.”
“POVOS ORIGINÁRIOS - GUERREIROS DO TEMPO”
Exposição de Ricardo Stuckert. Abertura nesta quinta (15/5), às 19h. Em cartaz até 31/5, na ONG Contato (Rua Pouso Alto, 175 - Serra). Visitação de terça a sexta, das 16h às 21h; sábados, das 11h às 17h.
Entrada franca.