TERRAS PARAENSES

Sebastião Salgado ganha primeira grande exposição após sua morte

Fotógrafo mineiro retratou a Amazônia em suas obras durante anos e sempre se sentiu impactado pela grandiosidade do lugar

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O fotógrafo Sebastião Salgado, que morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, terá mais de 190 obras reunidas em uma exposição que deve inaugurar o Museu das Amazônias, em Belém, capital do Pará.

Intitulada "Amazônia de Sebastião Salgado", a mostra acontecerá em outubro e trará imagens que o fotógrafo fez ao longo de sete anos no bioma amazônico.

São trabalhos em preto e branco que põem em evidência rios voadores, chuvas torrenciais e imensas copas de árvores. Os povos indígenas que habitam o bioma também ganham protagonismo no trabalho.

 

"Ele conseguiu fazer com que o prestígio e a qualidade de seu trabalho viabilizassem fotografias com uma conotação política muito forte", diz Ricardo Piquet, diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento e Gestão, responsável pelo Museu do Amanhã e pelo Museu das Amazônias. "É uma política voltada ao meio ambiente, à defesa das comunidades indígenas e à preservação da natureza."

Piquet afirma que Salgado o telefonou para pedir que o Museu das Amazônias abrigasse a mostra, que já esteve em cartaz em 2022 no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

"Só que, na minha cabeça, a exposição teria 300m², porque o Museu das Amazônias é relativamente pequeno em comparação com o Museu do Amanhã." Salgado, no entanto, concebeu um projeto que iria ocupar 950m².

" E aí falei que não caberia, porque o museu iria ficar reduzido, mas aí ele me ligou." Durante a ligação, o fotógrafo disse que gostaria de levar a maior exposição de sua carreira para o espaço, o que foi suficiente para convencer Piquet.

"Na semana ada, ele, inclusive, me mandou mensagem dizendo que estaria na abertura do museu, no dia 8 de outubro. Fiquei muito chocado com a notícia da morte dele", diz Piquet, acrescentando que pretende fazer uma homenagem ao fotógrafo durante a abertura do museu.

"Cidadão pleno"

"Eu acho que ele foi um cidadão pleno, que conseguiu, com a sua arte, mudar a história de várias formas. Eu tenho certeza que ele teve uma grande contribuição com essa série sobre a Amazônia e com o ativismo político em relação às grandes causas."

Salgado começou a fotografar a região amazônica ainda nos anos 1980, mas intensificou suas expedições no início dos anos 2000 durante o projeto "Gênesis", feito em lugares intocados do planeta.

"A minha maior curiosidade, ainda nos anos 1980, era em relação ao ser humano que eu ia encontrar dentro da floresta amazônica, e que era um ser humano que eu imaginava muito diferente de mim", disse ele, em entrevista à Folha. "Mas descobri imediatamente que elas eram exatamente como eu. Tudo o que era sério e essencial para mim era sério e essencial para eles."

Muitas dessas fotografias foram publicadas também numa série de reportagens sobre as expedições de Salgado na Folha, que acompanhou o contato do fotógrafo com as aldeias. Durante o projeto fotográfico, ele constatou as mudanças da floresta causadas pelo desmatamento.

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"Voltando para fazer essas fotografias, eu constatei uma grande ferida na Amazônia, ela estava machucada. Vi regiões que, naquela época que eu tinha trabalhado, eram florestas totalmente virgens, e elas já estavam bem, bem destruídas. Aí vi que era o momento de fazer um trabalho maior."

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