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Carnaval de BH: o que o folião aprovou e desaprovou neste ano

A reportagem do EM foi aos blocos para ouvir a avaliação geral sobre a festa de rua

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Com a festa chegando ao fim, vale o esforço para aproveitar cada minuto. Em Belo Horizonte, a terça-feira de carnaval começou já na madrugada. Estreando este ano, a Virada Eletrônica manteve a festa viva até 5h com vários DJs, incluindo o jornalista e apresentador Zeca Camargo, em iniciativa do Governo de Minas.

Quem optou por uma noite de descanso, antes de aproveitar o dia derradeiro de folia, já teve programação desde 8h, percorrendo toda a manhã e invadindo a tarde com blocos já tradicionais como o Truck do Desejo, Funk You, Baianeiros, Lavô, Tá Novo!, Bartucada e Pisa na Fulô, além de novidades, como um trio comandado pelo DJ Alok.


Enquanto os foliões aproveitaram o último dia, o Estado de Minas foi às ruas para saber qual o balanço dos quatro dias de festa na capital mineira. O saldo, para a maior parte dos entrevistados, é positivo, mas ainda há pontos que deixam a desejar. As regras para a venda de bebidas, e a incerteza sobre o transporte público aparecem como pontos de atenção em diferentes relatos.


A organização da festa foi elogiada. A psicóloga Andressa Melo, de 39 anos, que veio de Brasília, destacou a disponibilidade e a manutenção inicial dos banheiros químicos. “No início, estavam limpos, mas, com o ar das horas, ficaram difíceis de usar”, disse.


A cantora pernambucana Joyce Alane, que participou do carnaval mineiro pela primeira vez, pelo bloco Quando Come se Lambuza, ficou impressionada com a diversidade musical. “Em Pernambuco, vivemos o carnaval o ano todo, mas aqui senti uma energia diferente, com estilos misturados. Estou animada para conhecer mais!”, afirmou.


A aprovação também veio de quem traz consigo a experiência de carnavais internacionais. Os engenheiros Marco Mamani, de 25 anos, Soledad Fernández, de 24, e Nixon Ortiz, 25, são peruanos. Os três moram no Brasil há menos de um ano e aram o carnaval em BH pela primeira vez. Foram ao Bloco Alcova Libertina na segunda-feira, na Avenida Brasil, e avaliaram a festa brasileira positivamente. Mamani destacou a qualidade da música na via sonorizada, onde aconteceu o cortejo do Alcova.


Limpeza


Outro ponto positivo destacado pelos foliões foi a higienização das ruas, feita na medida do possível que uma festa tão cheia permite. "A limpeza aqui de BH, em comparação ao Carnaval do Rio, parece que a gente está em uma cidade europeia. É tudo muito limpo, muito bem organizado, bem controlado", diz o carioca Jan Villié, de 19 anos, que ou o seu primeiro carnaval em BH.


O folião esteve acompanhado dos familiares, todos do Rio, que concordam com a pontuação. Eles destacam outros pontos da organização da folia, como a presença dos banheiros químicos em diversos locais, os desvios de trânsito e a programação dos eventos.


"A gente pode falar com tranquilidade, porque a gente curte muito bloco de rua no Rio. A gente está muito surpreso com o carnaval daqui por conta da organização. a o bloco, a galera já vem limpando. Não tem confusão, porque tem muito policiamento. O Rio tem que aprender muito com BH sobre organização. A gente já combinou de ano que vem voltar, todo mundo virá pra cá de novo", diz Matheus Villié, de 32.


Transporte


Um ponto que merece a atenção da prefeitura nos próximos carnavais é o transporte público. A folia na cidade é, historicamente, marcada por foliões que transitam de um bloco para outro. Porém, com a descentralização das apresentações e com os desvios de trânsito, se deslocar durante o carnaval se tornou um desafio, especialmente para pessoas mais velhas ou com mobilidade reduzida.


Por exemplo, da Praça da Savassi, palco de muitos blocos, até o início da Avenida dos Andradas, no Bairro Pompéia, são quatro quilômetros de distância. Ir de um ponto ao outro sem o metrô por perto é um desafio, assim como ir por carros de aplicativo – que se tornam caros no carnaval e insuficientes para tantas pessoas. Viagens que custam, comumente, R$ 35, aram a custar R$ 70, como o trajeto de Contagem até o Centro.


Uma alternativa que merece ser estudada é a volta dos ônibus gratuitos, que transitavam pela Avenida do Contorno. Eram uma mão na roda, sobretudo em um cenário de aumento do público da festa em relação ao último ano do serviço, em 2020.


Segurança


A segurança foi uma preocupação constante. A equipe da Polícia Militar voltada ao público feminino, que atuou no bloco Funk You, relatou que, apesar dos casos de denúncia no carnaval deste ano terem sido menores do que no ano anterior, os casos de assédio foram constantes. Além disso, o roubo de celulares foi uma das ocorrências mais frequentes. “O celular é um equipamento usado por todos, então acaba sendo um alvo fácil”, informou a corporação.


A reportagem identificou um policiamento ostensivo nas imediações dos blocos, mas que se tornava menos presente em ruas e quarteirões mais afastados, o que facilitava os assaltos, principalmente contra pessoas em deslocamento para casa ou para outro bloco.


A estudante de direito Eliza Rabello veio de Juiz de Fora, na Zona da Mata, pela quarta vez para curtir o Carnaval de BH. Com experiência na folia da capital, ela avaliou positivamente o serviço da segurança neste ano.


“A experiência desta vez está mil vezes melhor! Tanto pelo som, quanto pela segurança. Os blocos na Avenida Brasil são os melhores”, disse a estudante de 23 anos. À reportagem, ela ainda
afirmou que se sentiu mais segura em 2025, pois viu muito policiamento nas ruas, inclusive para se orientar na cidade com vários bloqueios de trânsito.


Ambulantes na bronca

O comércio ambulante foi um dos pontos mais debatidos da festa em 2025. Ellen Carlos, de 37 anos, que trabalha no setor desde 2023, afirmou que a organização melhorou significativamente e facilitou a obtenção da credencial ao reduzir o número de ambulantes.


No entanto, ela apontou dificuldades na padronização dos preços. “Temos um grupo para equilibrar os valores, inclusive com orientações da prefeitura, mas alguns colocam o preço muito abaixo, comprometendo os demais”, disse. Antes da folia, a PBH informou ao EM que não faria qualquer fiscalização quanto aos preços, regulados diretamente pela iniciativa privada.


A presença intensa de ambulantes em determinados pontos também foi alvo de críticas. O servidor público Tarcísio Prado, de Brasília, percebeu a dificuldade de circulação nos blocos. “A festa é incrível, mas a grande quantidade de ambulantes em certos pontos atrapalha o fluxo”, afirmou.


A foliona Raiane Teerseti, 27, de Pedro Leopoldo, também reclamou da concentração de vendedores em frente aos blocos. “Eles gritam ‘olha o pesado’, mas querem que a gente vá para onde? Está tudo cheio!”, disse.

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Para evitar tumultos, a ambulante Priscila Miranda Ramos optou por se posicionar longe da movimentação principal. “Ficar muito perto atrapalha o fluxo dos foliões e até o deslocamento dos próprios blocos”, afirmou.


A quantidade de ambulantes nos blocos também é tema da reclamação dos amigos Fabiana Sena, de 49 anos, Larissa Rayane, de 28, e Eberton Rodrigues, 31, que decidiram vender bebidas no carnaval pela primeira vez. Eles lamentaram a falta de experiência diante da grande concorrência.


“É um pouco de sorte e posicionamento. Como é a nossa primeira vez, pecamos um pouco na escolha dos blocos”, diz Fabiana. Os amigos ressaltam ainda que o preço das bebidas varia conforme o local de desfile dos blocos. “No Centro, temos que baixar o preço, já no Funcionários podemos cobrar mais”, conta Larissa.


O casal Ana Caroline Paulino e Washington Santos, de 29 e 33, decidiu vender as bebidas para ajudar nos custos do casamento, marcado para setembro. A iniciativa, segundo eles, foi parcialmente frustrada pelos foliões que preferem ir às ruas já com o arsenal de bebidas preparado. “Estávamos com uma expectativa um pouco maior, mas muita gente trouxe a bebida de casa”, diz a noiva. Xeque Mate e Lambe Lambe são os campeões de pedidos.


A restrição da Prefeitura à venda somente de cervejas produzidas pela Ambev também gerou reclamações entre os vendedores. “Muitos ambulantes se prepararam desde o ano ado para vender outras marcas, e os foliões pedem muito por ela”, disse Priscila Miranda Ramos, 38, ao lamentar não poder comercializar a marca Heineken. Por outro lado, ela é mais uma a ressaltar que as bebidas mineiras enlatadas foram bem aceitas pelo público.

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