SAÚDE

Congresso na UFMG discute como ampliar índices de vacinação no país

Dados da universidade apontam que, em Minas Gerais, 21,33% dos adolescentes de 9 a 19 anos já recusaram vacina contra HPV e meningite

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Nos dias 7 e 8 de maio o campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vai realizar o segundo Congresso brasileiro defesa da vacinação para discutir a reconquista das altas coberturas vacinais. De acordo com a universidade os objetivos do evento são apresentar o cenário da América Latina, do Brasil e de Minas sobre a cobertura vacinal, discutir sobre a classificação de risco para transmissão de doenças preveníveis por vacinas e discutir estratégias para melhorar a cobertura vacinal.

A palestra de abertura tem como tema central o cenário de cobertura vacinal nos ciclos de vida (Minas, Brasil e América Latina). Ainda na programação, haverá discussão sobre os temas: "Anvisa: aprovação de vacina para uso da população e fake news".

De acordo com a UFMG, o evento também promove o lançamento de uma revista com relatos de experiências bem-sucedidas de diversos municípios de Minas Gerais que contribuem para o alcance da meta de cobertura vacinal. "A intenção é de que os relatos das experiências de sucesso registrados na revista sirvam de inspiração às equipes de imunização, atenção primária e vigilância epidemiológica, para que possam aprimorar os processos de trabalho em imunização, aumentar as coberturas vacinais e reduzir o risco de transmissão de doenças preveníveis por vacinas", explica em nota.

A coordenadora do congresso e de diversas pesquisas sobre vacinação desenvolvidas na Escola de Enfermagem da UFMG, professora Fernanda Penido Matozinhos, ressalta que é um importante evento para discutir sobre os desafios e estratégias na produção e disseminação do conhecimento produzido na temática vacinação. “Para além do monitoramento, são imprescindíveis estratégias, como a discussão em eventos científicos para a melhoria dos indicadores de imunização e avaliação do impacto destas estratégias, comparando os indicadores de imunização antes e após as intervenções”.

O evento contará com a participação dos seguintes representantes:

  • Ministério da Saúde (Departamento do Programa Nacional de Imunizações - DPNI e Secretaria de Atenção Primária à Saúde - SAPS)
  • Organização Pan-Americana da Saúde (Opas)
  • Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)
  • Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
  • Secretaria Estadual de Saúde, Fiocruz, dos conselhos municipais de saúde
  • Conselho de Secretários Municipais de Saúde
  • Pesquisadores, gestores, profissionais, professores e estudantes.

 

Dados sobre a vacinação

De acordo com a UFMG, em 2023, foram divulgados os resultados da pesquisa pioneira: "Estratégias para o aumento de coberturas vacinais em crianças menores de dois anos e adolescentes no estado de Minas Gerais", coordenada pela professora Fernanda Penido junto a pesquisadores do Observatório de Pesquisa e Estudos em Vacinação da Escola de Enfermagem da UFMG (OPESV - EEUFMG).

O estudo, que também teve a parceria da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (Superintendência de Vigilância Epidemiológica), foi constatado aumento de coberturas vacinais em crianças menores de dois anos e diminuição do risco para a transmissão de doenças preveníveis por vacinas no estado de Minas Gerais. O projeto tem como diferencial o monitoramento presencial trimestral, por meio de oficinas com referências técnicas em Imunização da SES-MG dos 853 municípios pertencentes às 28 Gerências/Superintendências Regionais de Saúde (GRS/SRS) do Estado.

Ainda segundo a universidade, um ensaio clínico comunitário, avaliando a situação antes e depois, analisou, nos anos de 2021 e 2022, dez imunobiológicos: Rotavirus, Meningococo C, Pneumocócica, Pentavalente (DTP/Hib/HB), Poliomielite, Tríplice Viral D1, Febre Amarela, Tríplice viral D2, Hepatite A e Varicela. Os resultados apontaram aumento da cobertura vacinal em todos eles. O maior percentual de aumento se deu com a vacina varicela (16,81%) e da vacina tríplice viral D2 (14,57%).

Em 2024, o estudo foi realizado com 922 adolescentes de Minas Gerais, de 9 a 19 anos, e constatou o fenômeno da "hesitação vacinal", que ocorre quando há atraso ou recusa da vacinação, apesar da disponibilidade nos serviços de saúde. 45,78% dos adolescentes afirmaram que já resistiram, tiveram medo ou dúvidas se deveriam se vacinar, e 21,33% já recusaram a istração dos imunizantes contra o papilomavírus humano (HPV) e a meningocócica ACWY.

No que diz respeito ao conhecimento dos adolescentes sobre vacinação, 55,21% afirmaram não ter conhecimento; 68,69% já receberam orientações sobre imunização na Unidade Básica de Saúde e 62,09% já receberam orientações na escola. Em relação à doença meningocócica ou sobre a vacina meningococo ACWY, 81,35% afirmam “nunca ter ouvido falar” e 43,64% nunca ouviram falar sobre o papilomavírus humano ou sobre a vacina HPV.

Outro estudo, coordenado pelo OPESV, que analisou o perfil clínico-epidemiológico do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais em MG (CRIE). Os resultados apontaram que foram atendidos no CRIE-MG 65.534 indivíduos, no período de junho de 2005 a abril de 2022. Dentre esses, 11.505 (35,12%) eram crianças entre zero e nove anos de idade, 1.943 (5,93%) adolescentes entre nove e 18 anos, 12.024 (36,71) adultos e 7.284 (22,24%) pessoas idosas com mais de 60 anos.

Em relação à população de crianças, a maioria (53,15%) do sexo masculino, brancos (60,93%) e com mediana de idade de 1 ano e meio. Dentre os adolescentes, 54,81% eram do sexo masculino, brancos, 449 (53,71%) e mediana de idade em torno de 12 anos. No grupo dos adultos, a maioria, 6.194 (51,51%), era do sexo masculino, brancos 445 (48,11%) e mediana de idade entre 42 e 49 anos. As pessoas idosas tiveram mediana de idade de 69 anos, prevalência do sexo feminino 3.997 (54,87%) brancas em 3.252 (66,69%) dos dados analisados.

No que diz respeito à indicação do imunobiológico especial (que não são oferecidos em Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou são oferecidos para faixas etárias restritas, destinados a grupos com condições específicas de saúde ou exposição a riscos), observou-se a maior prevalência de “doença pulmonar crônica” nos grupos de criança, adolescente e idoso. Quanto ao diagnóstico clínico, para crianças, adolescentes e adultos, a categoria “outros” foi a de maior prevalência (29,47%; 32,73% e 22,80% respectivamente). Dentre os grupos criança e adolescentes, a categoria “doença do aparelho respiratório” foi a segunda mais prevalente e, no grupo adultos, a categoria “algumas doenças infecciosas e parasitárias” destacou-se. Além disso, no grupo idosos o diagnóstico clínico de maior frequência observado foi “doenças do aparelho respiratório”.

Quanto aos imunobiológicos mais istrados em cada ciclo de vida, a vacina Pneumococo 23 foi mais prevalente em adolescentes, adultos e idosos, alcançando em cada ciclo de vida, respectivamente, 30,74%, 34,92% e 63,58%. Em crianças, o imunobiológico mais prevalente foi Pneumo conjugada 7v, com 18,14%.

A professora Fernanda Penido enfatizou que os resultados do estudo favorecem o atendimento a populações vulneráveis e evidenciam a importância dos CRIE como serviço necessário para atender uma demanda crescente e diversificada de imunobiológicos especiais, principalmente na população com condições específicas.

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Ela ressalta, ainda, que esses projetos pesquisa-intervenção, que aproximam a academia dos serviços de saúde, tiveram data para começar, em 2021, mas não têm dia para terminar, uma vez que favorecem o acompanhamento constante às equipes nos seus territórios, para reavaliação dos seus planos de trabalho de imunização e implementação de novas propostas de intervenção, conforme as especificidades e necessidades de cada um dos 853 municípios de Minas Gerais.

*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos

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