Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
EM MINAS

Cada um escreve a história que quer pra si

Não é o caso do governador mineiro, que parece gostar de ser marionete do bolsonarismo raiz — algo que até Nikolas Ferreira (PL) já superou

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À medida em que 2026 se aproxima – e o governador mineiro acelera em direção ao seu projeto político de se eleger presidente da República – (ou na impossibilidade, vice-presidente da República) –, os seus posicionamentos abandonam o campo do debate de questões que interessam ao estado e são direcionados ao ataque pessoal ao presidente Lula (PT).

Diferentemente faz o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Embora oposição e potencial candidato à Presidência da República, Tarcísio reconhece Lula e as ações federais que trazem impacto positivo para o seu estado. Vai amealhando parcerias e investimentos: túnel Santos-Guarujá, projetos de mobilidade como o trem São Paulo-Campinas e a expansão da rede de metrô, para ficar nesses.


Esta semana, foi anunciada mais uma ação conjunta entre estado e União para a desocupação do território da Favela do Moinho, na região central da capital paulista. À parte concessões e escorregadelas aqui e ali pela pressão do bolsonarismo, Tarcísio procura soletrar o script de quem vende a imagem de convergências em torno de interesses públicos. Tenta escapar da ideia do carreirismo pelo exclusivo caminho dos algoritmos, ou seja, pela disseminação do ódio e da antipolítica pelas mídias digitais.


Não é o caso do governador mineiro, que parece gostar do papel de marionete do bolsonarismo raiz. Algo que até o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) já superou. A mais recente ação comunicacional de Zema em seu perfil oficial – e é importante que seja explicitado se quem financia tal perfil é a pessoa ou o governo de Minas – é embalada pela trend dos “bebês reborns”.


O governador, que já comeu banana com casca e foi publicamente descortês em evento empresarial com o presidente no estado, exibe imagem do “bebê Lula” com a mensagem: “Vendo bebê reborn governo Lula. Custa caro, apertou faz caquinha, mas finge ser fofo”. É post próprio de quem mira engajamento às custas da polarização – o que o centro político responsável do país trabalha para superar. A mensagem nada traz além da desagradável sugestão de que o governador mineiro usa a sua posição à frente do estado para se lançar à política ideológica.


É fato inescapável que as mídias digitais oficiais de governos e os posicionamentos públicos de governadores são fontes contemporâneas da historiografia. Desde a antiguidade, a preocupação de como seriam descritos à posteridade foi tema tratado com gravidade por aqueles que tinham dimensão daquilo que representam.


Nascido durante o Período das Primaveras e Outonos (771-476 a.C.), uma era de guerras entre reinos e declínio da dinastia Zhou, na China, Confúcio quis registrar ensinamentos para reconstruir a sociedade chinesa após o caos político.

Humanista e um cético pragmático, interessava-se em ações no “aqui e agora” que tivessem impacto social e trouxessem harmonia e mais justiça à sociedade.


Distante das religiões à sua época, Confúcio não se interessava em especulações metafísicas sobre o “além” ou o que se seguiria ao pós-morte. Confúcio acredita que para o bem ou para o mal, a imortalidade seria alcançada pelos atos em vida, o que deixamos no mundo: “Aprende a viver bem, e bem saberás morrer.” Agir com integridade é condição para um legado ético, prossegue Confúcio: “O homem superior age antes de falar e depois fala de acordo com suas ações.”

Alguns políticos que alcançam a estatura de estadistas têm particular preocupação de como serão lembrados pela história. Governam para deixar grandes feitos. Juscelino Kubistchek, em Minas foi o maior exemplo disso. Mas na história cabe tudo, não apenas estadistas como sugere Confúcio. Obcecada por visibilidade, nesta era da tecnopolítica, a vergonha é moeda garantidora da permanência.


A vez do PDT

Em reunião agendada para esta terça-feira, em Brasília, a bancada federal e a Executiva Nacional do PDT vão tratar das possibilidades da legenda para uma federação em 2026. “Nossa posição até agora é avaliar nossas perspectivas eleitorais e, só daí começarmos as conversas sobre federação e/ou fusão”, afirma o deputado federal Mário Heringer, presidente estadual do PDT.

As preliminares

Enquanto legendas como o MDB e Republicanos; o PSDB e Podemos; e o PSB e Cidadania estão em conversas mais avançadas, o PDT agora começa a sondar o ambiente político abrindo a discussão com o PRD e o Solidariedade. Como todos que ainda estão solteiros estão conversando com todos, o Solidariedade também avalia federação com o PSDB e Podemos, após a fusão. Para o PDT, o campo para a articulação está dado pelo PSB, PV, Cidadania, Solidariedade e PRD.

De pai pra filho

Sem intenção de concorrer à reeleição, o deputado federal Hercílio Coelho Diniz (MDB) vai lançar o filho Vinícius Diniz para a Câmara dos Deputados. Concorrerá pelo PL.

Corrida no escuro

Entrou em zona sombria o processo eleitoral da Assembleia Legislativa para a escolha de três deputados federais que vão assumir as cadeiras vagas no Tribunal de Contas do Estado (TCE). Parlamentares estão ainda processando a orientação da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas (Atricon) de que jurisprudência reiterada no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF) considera inconstitucionais os processos eleitorais de votação aberta para a eleição de conselheiros dos tribunais de contas dos estados. Enquanto os nove candidatos colocados avaliam ser o voto secreto desestabilizador; os parlamentares que não concorrem estão adorando: não precisarão se justificar aos colegas não eleitos quando cruzarem com eles em plenário e pelos corredores.

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Isenção do IR

A comissão especial da Câmara dos Deputados criada para analisar projeto de lei que altera a legislação do Imposto de Renda (PL 1087/25) realiza a sua primeira audiência pública nesta terça-feira. O requerimento é de autoria do deputado Arthur Lira (PP-AL), relator da matéria originária do Executivo, que aumenta o limite de isenção para quem ganha até R$ 5 mil por mês a partir de 2026. A proposta do governo é compensar a isenção para quem ganha menos, taxando mais quem ganha acima de R$ 600 mil por ano. Previsões apontam que a isenção deve custar R$ 25,8 bilhões por ano.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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