CINEMA

'Ainda estou aqui' é o grande vencedor dos Prêmios Platino

Filme levou os três troféus aos quais foi indicado. Walter Salles dedicou o prêmio ao diretor Cacá Diegues, morto em fevereiro deste ano

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Madri – Ainda que o espanhol fosse a língua dominante, a noite foi brasileira. Como previsto, “Ainda estou aqui” foi o grande vencedor da 12.a edição dos Prêmios Platino. Na noite deste domingo (27/4), no Palácio Municipal IFEMA, o filme que deu o primeiro Oscar ao Brasil levou os três prêmios a que havia sido indicado.


O longa recebeu os Platinos de Melhor Filme, Direção e Atriz. Falando em portunhol, o produtor Rodrigo Teixeira disse em seu discurso de agradecimento que o mais importante é que todos, “latino-americanos e ibero-americanos trabalhemos em bloco porque o nosso cinema, a nossa televisão, são muito maiores do que as pessoas nos Estados Unidos pensam. Esse é um prêmio para todos os países latino-americanos, não só para o Brasil, porque todos nós trabalhamos muito para ganhar um reconhecimento como esse.”

Antes de subir ao palco para o prêmio principal, Teixeira havia também lido um discurso de agradecimento enviado por Walter Salles pelo Platino de Melhor Direção – o troféu, por sinal, foi entregue por Karla Sofía Gascón, a intérprete de “Emilia Pérez”.


Em português, o produtor leu a mensagem do cineasta. “Gostaria de dedicar esse prêmio a um mestre que nos deixou há pouco, Carlos Diegues, diretor de filmes fundamentais como ‘Bye bye Brasil’, fundador do Cinema Novo, e um dos cineastas que pensou o cinema de forma mais democrática e inclusiva. Carlos era um irador do cinema latino-americano, foi fundamental para que filmes como o nosso pudessem estar aqui hoje. Em um momento de fragilização na nossa democracia no mundo, em um tempo em que se tenta borrar a memória coletiva, pensadores como Carlos Diegues nos lembram o quanto o cinema é fundamental para combater o esquecimento”, escreveu Salles.

Viúva do cineasta morto em 14 de fevereiro, a produtora Renata Magalhães, presidente da Academia Brasileira de Cinema, estava na plateia do Platino – entregou um dos prêmios da noite. Representando Fernanda Torres, Valentina Herszage, que interpreta sua primogênita, Veroca, em “Ainda estou aqui”, leu a mensagem enviada pela atriz vencedora do Platino.

“Sou fruto da cultura ibero-americana, a Península Ibérica é minha segunda casa e esse reconhecimento reforça em mim o orgulho de fazer parte de uma força cultural que no cinema pariu artistas da dimensão de Luiz Buñuel, Pedro Almodóvar, Alejandro Iñárritu, Alfonso Cuarón, Ricardo Darín, Norma Alejandro, Penélope Cruz, Javier Bardem e Marisa Paredes, de Glauber Rocha a Fernanda Montenegro", afirmou.

"Esse é um filme sobre uma família feito por uma família de artistas e fico feliz de recebê-lo pelas mãos de Valentina Herszage, minha filha na ficção que representa não só a minha filha nessa noite, mas também ao Selton, à Luisa, à Bárbara, ao Guilherme e à Cora. Sem eles, minha Eunice jamais existiria. Agradeço profundamente ao Walter Salles, meu irmão, meu amigo e parceiro de tantas décadas, a honra de ter habitado a pele dessa mulher", completou.

"Walter é o coração desse filme raro, tão humano e delicado, sobre a brutalidade da ditadura militar do Brasil, uma das tantas que se espalharam pelas Américas durante o período da Guerra Fria. Através de Eunice Paiva revisitei o horror da ditadura que conheci em criança. Essa grande brasileira, advogada, democrata e defensora dos direitos humanos nos ensina, no momento presente, a resistir com alegria e civilidade, se nos dobrarmos ao autoritarismo. Em nome da família Paiva, de Marcelo Paiva e de todos aqueles que defenderam e defendem a arte e a democracia, eu repito: ditadura, nunca mais", finalizou a atriz.

SÉRIE SENNA 


A noite brasileira no Platino não terminou aí. O primeiro prêmio para o país foi para “Senna”. A minissérie recebeu o Platino de Melhor Criador, troféu recebido por Luiz Bolognesi.

Além de citar seus três colegas na função (Vicente Amorim, Fernando Coimbra e Patrícia Andrade), o diretor e roteirista agradeceu aos produtores Caio e Fabiano Gullane, presentes no evento, e também à Netflix, “que acreditou no nosso sonho de dar vida a um ícone que fez os brasileiros acreditarem que somos fortes e que podemos.”

 
Bolognesi ainda comentou sobre a grande presença de conterrâneos nomeados, “um exemplo da força e da resistência do cinema brasileiro”. Ao Estado de Minas, ele falou também sobre a relação com a produção hispânica.

“O Brasil é um pouco isolado por causa da língua. Então, o Platino é uma oportunidade de a gente consumir e conhecer outras séries latinas e, sobretudo, levar a América Latina e a Espanha a nos olhar. Essa celebração é muito importante para fazer a integração da obra audiovisual brasileira com esse público que é maior que o Brasil: a América Latina e a Espanha.”

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Produções de 16 países concorreram nesta edição, que em 2026 será em Cancún, no México. Esta foi a maior participação brasileira no Platino.

APARIÇÃO SURPRESA 

Sofía Vergara fez uma aparição surpresa na premiação para entregar o Platino de honra à grande amiga Eva Longoria. Emocionada, a atriz texana de nascença, mas de “alma mexicana”, afirmou que desde o início da carreira, em 1998, sonhou “representar com orgulho meu país e honrar, em particular, as mulheres hispanas. “Os hispanos são mais trabalhadores, mais apaixonados. Somos uma gente boa, e o mundo, hoje, precisa mais do que nunca disso”, disse Longoria.

Veja a lista completa de vencedores:

Cinema

. Filme: “Ainda estou aqui” (Brasil)
. Direção: Walter Salles, por “Ainda estou aqui” (Brasil)
. Roteiro: Arantxa Echevarria e Amelia Mora, por “La infiltrada” (Espanha)
. Atriz: Fernanda Torres, por “Ainda estou aqui” (Brasil)
. Atriz coadjuvante: Clara Segura, por “El 47” (Espanha)
. Ator: Eduard Fernandez, por “Marco” (Espanha)
. Ator coadjuvante: Daniel Fanego, por “El jockey” (Argentina)
. Direção de fotografia: Edu Grau, por “O quarto ao lado” (Espanha)
. Comédia: “Dormindo com seu ídolo”, de Teresa Bellón e César F. Calvillo (México)
. Primeiro longa de ficção: “El ladrón de perros”, de Vinko Tomiciv (Bolívia)
. Animação: “Mariposas negras”, de David Baute (Espanha)
. Direção de som: Diana Sagrista, Alejandro Castillo, Eva Valiño e Antonin Dalmasso, por
“Segundo prêmio” (Espanha)
. Direção de arte: Eugenio Caballero e Carlos Y. Jacques, por Pedro Páramo (México)
. Música: Alberto Iglesias, por “O quarto ao lado” (Espanha)
. Documentário: “El eco”, de Tatiana Euzo (México)
. Montagem: Victoria Lamers, por “La infiltrada” (Espanha)

Televisão

. Série: “Cem anos de solidão” (Colômbia)

. Criador: Luiz Bolognesi, Vicente Amorim, Fernando Coimbra e Patrícia Andrade, por “Senna”
(Brasil)
. Atriz: Candela Peña, por “O caso Asunta” (Espanha)
. Ator: Claudio Cataño, por “Cem anos de solidão” (Colômbia)
. Atriz coadjuvante: Carmen Maura, por “Terra de mulheres” (Espanha)
. Ator coadjuvante: Jairo Camargo, por “Cem anos de solidão” (Colômbia)
. Prêmio Honorário: Eva Longoria

A repórter viajou a convite da organização dos Prêmios Platino

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