Torta de padaria em BH: exames descartam botulismo, mas família contesta
Prestes a completar um mês desde consumo de uma torta de padaria em BH, resultado de exames de três pessoas deram negativo para botulismo, mas família discorda
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Siga noOs exames para botulismo das três pessoas que consumiram uma torta de padaria no Bairro Serrano, na Pampulha, em Belo Horizonte, em 21 de abril, deram negativo. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), no Instituto Adolfo Lutz (IAL), laboratório de referência nacional para a doença, foram analisadas amostras clínicas dos pacientes e dos alimentos suspeitos. Familiares das vítimas contestam os resultados negativos. A pasta da saúde informou que solicitou a análise de outras neurotoxinas e agentes.
Conforme uma familiar que não quis se identificar, os médicos do casal, que saiu da Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) e teve melhora no estado de saúde, afirmam que os jovens tiveram botulismo. Segundo os profissionais, é possível que os resultados tenham dado um falso negativo. Já a idosa que consumiu o alimento no estabelecimento segue em estado grave na UTI.
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“Os médicos deles [do casal] são categóricos em afirmar que é botulismo, que o exame dá muito falso negativo, que o exame é muito falho e que eles não têm nenhuma dúvida que seja de botulismo", disse a parente. Ela afirmou ainda que os profissionais não têm outra hipótese de diagnóstico e que a família já havia sido alertada por outras pessoas que o falso negativo em casos de botulismo é comum. "Não tem como descartar, eles estão sendo muito precipitados em descartar porque os médicos afirmam com toda certeza”, concluiu.
A reportagem do Estado de Minas questionou a SES em relação à afirmação e aguarda retorno. Segundo a pasta, as investigações seguem em conjunto com a Fundação Ezequiel Dias (Funed), a Polícia Civil (PCMG), a Vigilância Sanitária de BH e demais órgãos competentes.
O caso é investigado como suspeita de intoxicação alimentar com sintomas compatíveis com neurointoxicação. Embora os exames para botulismo tenham dado resultado negativo, outras possíveis causas de intoxicação estão sendo analisadas. A SES solicitou ao IAL a realização de exames complementares para detecção de outras neurotoxinas e agentes relacionados.
“Caso o IAL não disponha das metodologias necessárias, o Ministério da Saúde já foi consultado quanto à possibilidade de encaminhamento das análises para outros centros de referência no país. Todos os pacientes receberam, de forma tempestiva, o soro antitoxina botulínica e permanecem internados, sob acompanhamento médico adequado”, disse a SES em nota.
Relembre o caso
De acordo com o boletim de ocorrência, o casal estava em BH no dia 20 de abril para visitar a idosa. Horas depois, perceberam que a torta que comeram estava estragada e chegaram a retornar à padaria para devolver o produto. Já em Sete Lagoas, na Região Central de Minas, onde moram, começaram a ar mal e procuraram atendimento médico, sendo imediatamente internados. No dia 28 de abril, os jovens foram transferidos para um hospital particular em Belo Horizonte.
A idosa só apresentou os primeiros sintomas na manhã de 21 de abril. Ela teve uma parada respiratória e precisou ser reanimada pelo filho antes de ser levada a um hospital particular na capital. Cleuza Maria de Jesus está internada no Hospital Med Center, em Venda Nova, na capital.
A origem da intoxicação das vítimas está sendo investigada pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) como possível botulismo. No dia 24 de abril, a pasta confirmou que recebeu a notificação dos três casos suspeitos de intoxicação pela bactéria Clostridium botulinum.
Uma análise preliminar de médicos que atenderam os pacientes indicava que os sintomas apresentados eram compatíveis com intoxicação por substâncias como carbamato e organofosforado (ambas utilizadas em inseticidas) ou pela toxina botulínica, produzida pela bactéria Clostridium botulinum. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), os pacientes receberam o Soro Neutralizante Anti-toxina Botulínica dentro do prazo oportuno.
Padaria interditada
A padaria no Bairro Serrano, na Pampulha, onde a torta de frango havia sido vendida foi interditada pela Vigilância Sanitária em 23 de abril. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, não há nenhuma medida para regularização ou solicitação de desinterdição.
De acordo com a PBH, a interdição foi necessária porque o estabelecimento não tinha alvará sanitário e nenhum cadastro no serviço para iniciar o processo para liberação do documento. Segundo o Executivo municipal, também foram encontradas irregularidades no que se refere a questões de higiene e estrutura sanitária.
Na ocasião, em nota, a prefeitura informou que o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) da PBH foi notificado e monitora a situação. A Secretaria Municipal de Política Urbana disse que o alvará de localização e funcionamento (ALF) da padaria está regular.
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No dia 28 de abril, a Vigilância Sanitária voltou à padaria e realizou apreensão de todos os produtos irregulares quanto às normas sanitárias. Os demais produtos que estavam sanitariamente adequados foram recolhidos pelos funcionários.