O primeiro fim de semana da Bienal Mineira do Livro superou as expectativas dos organizadores. Após a edição modesta de 2022, realizada no estacionamento do BH Shopping, e um adiamento por questões financeiras, ela retorna com a promessa de reconquistar seu espaço entre os eventos do país dedicados aos livros e à literatura.

De acordo com a curadora-geral Guiomar de Grammont, apenas a mesa-redonda “Escrevivência: Letra e voz abrindo nossas veredas”, com participação de Conceição Evaristo, reuniu cerca de 1 mil pessoas no sábado (3/5), dia de abertura. Cerca de 17 mil visitantes aram por lá.

A escritora Conceição Evaristo atraiu 1 mil pessoas à Bienal no sábado à noite (3/5)

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Os números de domingo não haviam sido consolidados até o fechamento desta reportagem, mas a expectativa era repetir o público do dia anterior.

Realizada no Centerminas Expo, no Bairro União, a Bienal segue até sábado (10/5), com o lema “Viver é plural. Ler é plural”. A edição deste ano homenageia Guimarães Rosa.

A programação tem como foco autores mineiros que escrevem para diferentes públicos. Além de Conceição Evaristo, ovacionada como verdadeira “pop star”, participaram de debates e mesas-redondas a escritora Paula Pimenta e os integrantes da Academia Mineira de Letras Luiz Giffoni, Carlos Herculano Lopes, Ana Cecília Carvalho e Rogério Tavares.

Paula Pimenta

Autora da franquia juvenil de sucesso “Fazendo meu filme”, a mineira Paula Pimenta falou sobre a criação da protagonista Fani, de 16 anos, moradora de Belo Horizonte que enfrenta desafios típicos da adolescência.

Yasmin Moutinho foi à Bienal conhecer a escritora Paula Pimenta, autora da série de sucesso 'Fazendo meu filme'

Leandro Couri/EM/D.A Press

Depois do debate, a escritora permaneceu mais duas horas no palco, atendendo às 257 jovens fãs que formaram fila para garantir um autógrafo.

Entre elas estava Natália Soares, de 14 anos, que levou à autora o exemplar de seu próprio livro, “Para minha amada Julieta”, publicado pela editora Literíssima.

“É um romance policial que conta a história do Júnior, de 14 anos apaixonado por sua amiga Julieta. Certo dia, ela desaparece e ele reúne os amigos para procurá-la. No meio do caminho, descobre que o sumiço está ligado ao ado de alguns pais desses amigos”, resume a jovem autora.

Nesta edição da Bienal, 176 autores independentes contam com espaço exclusivo para a venda de seus livros. O evento reúne cerca de 300 autores, entre independentes e quadrinistas, e pouco mais de 100 editoras.

Natalia Soares, que lançou livro policial aos 14 anos, participou da Bienal Mineira do Livro

Leandro Couri/EM/D.A Press

A mesa com Rogério Tavares, Luiz Giffoni, Ana Cecília Carvalho e Carlos Herculano Lopes prestou homenagem aos autores mineiros Affonso Romano de Sant’Anna e Benito Barreto, mortos este ano, e refletiu sobre a literatura produzida em Minas Gerais.

“Organizei mesas com autores em sua maioria mineiros e pouco midiáticos. Estou surpresa com a recepção do público, principalmente dos jovens”, afirma Guiomar de Grammont. “Fiquei irada ao ver tanta gente, em pleno sábado à tarde, assistindo à mesa sobre Guimarães Rosa.”

Júlia Gouveia, estudante de design, foi à Bienal no sábado e voltou no domingo (5/5)

Leandro Couri/EM/D.A Press

A jovem estudante de design Júlia Gouveia, que assistiu à mesa de Conceição Evaristo no sábado, voltou no domingo para explorar com calma os estandes e escolher livros.

O estudante de química José Augusto visitou a Bienal pela primeira vez. “Vim em busca de livros brasileiros – alguns estão com preços ótimos –, mas senti falta de certos autores. O próprio Guimarães Rosa, que é o homenageado, está difícil de encontrar”, comentou.

A partir desta segunda-feira (5/5), a expectativa é de maior movimento, com a chegada de ônibus escolares vindos de Belo Horizonte e de outras cidades mineiras. Até o fim do evento, a previsão é receber 100 mil alunos e professores das redes municipal e estadual de ensino.

“Nosso conceito central é a formação de leitores”, afirma o produtor cultural Humberto Paes Leme, um dos organizadores da Bienal.

“Trabalhamos com a primeira leitura, com o aprendizado e com estudantes do ensino fundamental 2 e médio de todo o estado. Queremos proporcionar às crianças, especialmente aquelas da periferia, a oportunidade de participar de um evento literário e ter seu primeiro contato com o livro”, acrescenta.

A programação inclui mesas com escritores como o angolano Ondjaki (nesta segunda-feira), a cubana Teresa Cárdenas (terça, 6/5), Nádia Battella Gotlib (quinta, 8/5) e Fabrício Carpinejar (sexta-feira, 9/5).

BIENAL MINEIRA DO LIVRO 2025

Até 10 de maio, no Centerminas Expo (Av. Pastor Anselmo Silvestre, 1.495, 4º andar, União). Atividades diárias em três turnos: das 10h às 14h, das 14h às 18h e das 17h às 22h. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda no site da Bienal Mineira do Livro, onde a programação completa está disponível.

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